Pena de Morte
A forma banal como a vida vem sendo tratada na história da humanidade se encontra claramente na pena de morte, legalizada em tantos lugares e manifestando-se de diversas formas no mundo, de uma forma brutal.
O ser humano já não vale pelo que é, mas por aquilo que tem e produz. Nesse contexto, um criminoso é visto pela sociedade a partir do crime que ele cometeu, pelas lentes ofuscadas do preconceito. Toda a vida da pessoa se resume a um fato, e assim ela recebe um rótulo que a impedirá de parecer outra “coisa” que não o título que recebeu pelo crime cometido: estuprador, assassino, animal. E a sociedade, em fúria, pede justiça, que no fundo é vingança. Em lugares onde há pena de morte, a sede de “justiça” é saciada com uma injeção letal ou com a cadeira elétrica. No corredor da morte se purifica a sociedade de seus males. Resolve-se um crime com outro crime: nega-se o direito à vida.
Nesta nossa realidade na qual a violência é institucionalizada, a pena de morte existe e aparece de forma abrupta. Com caráter informativo, a mídia divulga, sem muita preocupação, os números de bandidos mortos na última ação da polícia na favela. Isso é o que se mostra aos nossos olhos, e nos dá uma sensação de segurança e de que a justiça foi feita. Porém, raramente, ou quase nunca, são divulgados os números sobre as crianças que morrem de fome, as que moram nas ruas, as que são abortadas. Não será tudo isso também pena de morte? Aqui, porém, não há crimes para serem punidos, e ninguém assume a aplicação de tal pena. O progresso é o culpado.