Como é fácil ser apenas mais um
Sabe, acontece tanta coisa absurda na vida! À medida que a gente vai amadurecendo, começamos a “enxergar” verdadeiramente, e nos deparamos com situações inusitadas, impensadas, insanas.
É fácil aceitar tudo como absolutamente normal, mas certos acontecimentos não são absolutamente normais! Aliás, o que é normal? As vezes me faço essa pergunta! Certamente esperam que sejamos “normais”, andemos dentro de determinadas regras pré-estabelecidas, sem pensar, sem questionar, sem sentir, ignorando nossa inteligência, vivendo como se não fôssemos alguém, mas apenas mais um. “Normal” é encarcerar-se nas frias estruturas de poder, e submeter-se a tudo que nos ditam. “Normal” é ficar quieto no seu canto, calado, sem demonstrar sequer um pouco de descontentamento, ou uma “cara feia” de desaprovação. “Normal” é entender que os que ocupam cargos elevados são mais experientes, e por isso são donos da verdade: incontestáveis e irrepreensíveis. “Normal” é aceitar não ser ouvido, é acostumar-se a obedecer somente, sem compreender nada, é falar o que querem ouvir os outros, é tentar (muitos infelizmente conseguem) anular-se para ceder aos interesses da maioria, da estrutura. Enfim, normal é ser apenas mais um!
É, a anormalidade vem disfarçada! Ser mais um: isso é anormal! Mas é isso que querem de nós! Onde fica nossa individualidade? Não digo que deveríamos viver numa total libertinagem, sem leis, sem regras, mas que deveríamos ser mais humanos! Mas o poder fala mais alto, e diante de quem o tem, ou nos submetemos, ou corremos o risco de sermos mal vistos, por não nos conformarmos com tudo. Na verdade, ser normal verdadeiramente, é não desprezar-se, é inconformar-se, é tentar fazer diferente, é somar forças, e não lutar, só para provar quem pode mais.
Mas os inconformados não têm serventia nas estruturas caducas do poder. Eles não deixam que sua inteligência seja violentada, não se prestam a servir interesses mesquinhos, friamente calculados, e que não geram vida. Temem, não a força do poder, mas a fraqueza que dele advêm quando exercido de forma ditatorial, desvelando a grande insegurança que está em sua base.
Ser você mesmo, ou pelo menos tentar, é correr riscos, e talvez ser rotulado de bobo ou metido a revolucionário. Mas não tem problema. Incomode-se se você não se incomodar com mais nada, pois pode ser que você esteja se tornando apenas mais um! Pense nisso!