Esperança sem Grilos
Ontem minha filha caçula me chamou às pressas para mostrar algo que, por sua reação, me fez imaginar de tudo um pouco. Mas, quando fui ao seu encontro na área de serviço, lá estava ela, de olhos arregalados e, apontando para a parede do banheiro de empregada, exclamou: - Olha lá mãe, que bicho estranho! Ao olhar então, pude ver que, era nada mais nada menos que, um exemplar de uma espécie de gafanhotos. Só que, estava mais para grilo, claro! Pois tinha no máximo uns três centímetros de comprimento. Ao acalmá-la de forma a não menosprezar seu pânico, expliquei que se tratava de uma delicada "esperança". Daí, passado o susto, fiquei a pensar, que, com menos idade que ela, eu já era íntima desses bichinhos, por ter sido criada numa zona rural, onde minha diversão favorita era capturar, não com a intenção de machucar, claro! ... Mas de fazer uma espécie de coleção temporária, dos minúsculos insetos verdes, que saltavam para cima dos lençóis que minha amada mãe, estendia no mato baixo, que havia com fartura, em frente a nossa humilde casa de conjunto habitacional. Lembro-me que, até os mais feiosos, não eram deixados de fora da contagem. E, quando estava com sorte, conseguia uma dezena deles, desde os que pareciam folhinhas pontiagudas, até os com aparência de gravetos, ou uns gigantões, com patas serrilhadas, e que mais pareciam aviões do início do século passado. E nesse breve acontecimento de ontem, fiquei a imaginar o quão bom e agradável seria se todas as crianças tivessem a chance de ver o mundo de uma forma diferente, sem esse temor mórbido, com relação às coisas da natureza. Pois, afinal de contas, nós, seres humanos, somos também, parte desse todo, porém, com respeito a essa mudança de visão, seguirei sem "Grilos", mas, tendo sim, "Esperança"!