INSÔNICA

Deveria ser apenas uma noite comum. Mas algo de incomum aconteceu. Eu lia algumas notícias na Internet, já tarde da noite, como normalmente fazia. Subitamente ouvi um barulho. De imediato pensei que fosse algum animal, talvez um gato que andava solitário na imensidão da noite. O barulho ressurge, dessa vez, mais alto. Logo eu busquei alguma arma para me defender. Àquela hora só poderia ser um ladrão.

Desço as escadas cuidadosamente, ligo a luz da sala, mas a sala continua da mesma forma, nada está fora do lugar. Sigo para a cozinha a fim de pegar uma faca. Ligo as luzes e para minha surpresa também está tudo normal, na cozinha os objetos estavam da forma como eu havia deixado. Vou até o armário e procuro a faca. Novamente o barulho, dessa vez não vinha do lado de fora da casa. Agora ele parecia vir da parte de cima da casa. Senti um calafrio na espinha, os cabelos do braço estavam todos arrepiados e eu fiquei paralisado. Tentei escutar mais alguma coisa e nada, só o silêncio agora habitava o lugar. Peguei a faca e me preparei para o combate.

Pisadas fortes vinham da parte de cima da casa, parecia estar com pressa. Subi as escadas com a faca na mão e a pouca coragem que me restava, cada passo no degrau eu sentia o perigo mais próximo. Sempre tentando me convencer de que não era nada, de que era só imaginação ou que poderia ser apenas algum animal procurando abrigo. Estava cada vez mais perto. O barulho então mudou de lugar, estava mais forte em um dos quartos, na parte de cima. Eu caminhei em direção ao quarto com as mãos trêmulas e sem voz. Esperei um pouco quando cheguei na frente da porta do quarto. Tentei escutar alguma coisa, mas o silêncio era enlouquecedor. Talvez eu estivesse ficando louco, isso é uma explicação racional para o que estava acontecendo. Ou talvez fosse um ladrão mesmo. Eu nunca enfrentei um ladrão. Será que eu conseguiria defender a minha casa e sair ileso? Talvez nós pudéssemos fazer um acordo. Eu deixaria ele levar a televisão e o som, em troca ele não me machucaria e não voltaria mais. Talvez ele estivesse armado e me fizesse de refém. Agora eu estava com mais medo do silêncio que do barulho. Não conseguia escutar nada, talvez a surdez tenha me acometido por conta do medo. Abri a porta, finalmente, apenas uma janela aberta foi o que encontrei. Acendi as luzes, com a faca ainda em punho, para ver se havia alguém escondido ali. Não havia nada, apenas a janela aberta. Talvez ele não encontrou nada de valor e resolveu ir para casa dormir. Poderia também está fugindo ou se escondendo da polícia. Quem sabe era um bicho. Um bicho que abre a janela. Talvez um macaco. Acho que há mesmo um zoológico aqui perto. Vou dormir agora, porque certamente isso deve ser falta de sono.