O ANIMAL SATISFEITO DORME..E O HOMEM?
Guida Linhares
No pensamento de Guimarães Rosa "O animal satisfeito dorme..." penso estar inserida justamente a natureza irracional, em que o maior desafio seja a sobrevivência da espécie, que ao satisfazer as suas necessidades de fome, sede e procriação, dorme plácidamente.
Mário Sérgio Cortella, em seu livro "Não nascemos prontos-provocações filosóficas", considera um elogio estimulativo dizer a uma pessoa: "Seu trabalho é bom mas fiquei insatisfeito, e portanto, quero conhecer outras coisas."
Quanto se levanta a questão até onde o lado bom das situações leva o ser humano à acomodação, penso que há diversas variáveis a serem levadas em conta, como por exemplo a personalidade, o caráter, a estória de vida de cada um, o sentido de vida, os propósitos, expectativas e sonhos.
Se alguém projeta para si mesmo, um caminho que o leva à realização de algum propósito, com certeza os elogios serão benvindos, e ainda que ele ouça que o outro está satisfeito, se ele não sentir-se assim, prosseguirá com certeza, até alcançar os resultados desejados.
Não é fácil lidar com as emoções e sentimentos alheios, quando da apreciação de algum trabalho, pois há todo um conjunto de fragilidades e melindres a serem levados em conta.
Nem todos estão preparados para ouvir o ponto de vista do outro, assim como o estímulo externo tem um peso diretamente ligado ao estímulo interno de cada pessoa.
Se o estímulo interno for suficientemente forte, o homem não dormirá "em berço esplêndido" enquanto não concluir tudo aquilo a que se propôs. Afinal ele busca saciar a sede e a fome da alma que o impele a produzir algo.
Porém há criaturas que realmente precisam do estímulo externo, necessitando da palavra amiga e construtiva para dar continuidade aos seus projetos.
Que se use da sabedoria para dizer as palavras adequadas no momento de estimular alguém a sair da letargia, da acomodação, da mesmice e da falta de entusiasmo.
Que se acorde a bela adormecida alma do seu sono de mil anos. Afinal humanos que somos, poderá haver um momento na vida em que se precise de alguém que também nos estenda a mão e nos leve a subir mais um degrau da longa escada de evolução espiritual.
Santos/SP - 07/06/2009
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Elaborado na sequência ao seguinte texto:
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Elaborado na sequência ao seguinte texto:
O ANIMAL SATISFEITO DORME
Redação do Momento Espírita
http://www.momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=1622&let=A&stat=0
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http://aeradoespirito.sites.uol.com.br/
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O pensamento que intitula esta reflexão é de Guimarães Rosa, e encerra, por trás de aparente obviedade, um profundo alerta existencial.
O que o escritor tão bem percebeu é que a condição humana perde substância e energia vital, toda vez que se sente plenamente confortável com a maneira como as coisas já estão.
Rende-se assim à sedução do repouso e imobiliza-se na perigosa acomodação.
A advertência é preciosa pois, segundo o pensador Mario Sérgio Cortella, que aborda o tema, a satisfação conclui, encerra, termina.
A satisfação não deixa margem para a continuidade, para prosseguimento, para a persistência, para desdobramento.
A satisfação acalma, limita, amortece.
Diz ainda, que, quando alguém nos fala: Fiquei muito satisfeito com você ou Estou muito satisfeito com seu trabalho, é algo assustador.
Explica ele que tal expressão pode ser entendida como uma barreira ao crescimento, dizendo que nada mais de nós desejam, ou que aquele é nosso limite, nossa possibilidade.
O está bom como está pode ser um grande cerceador da evolução, pois pode nos acomodar à situação atual.
Segundo ele, seria muito melhor ouvir a seguinte expressão: Seu trabalho é bom mas fiquei insatisfeito, e portanto, quero conhecer outras coisas.
Percebamos que ele se utiliza da expressão insatisfeito, não para criticar ou depreciar o trabalho, mas para incentivar seu autor à continuidade.
Um bom filme, por exemplo, não é aquele que, quando termina, ficamos insatisfeitos, parados, olhando quietos para a tela, enquanto passam os créditos, desejando que não acabe?
Um bom livro não é aquele que, quando encerramos a leitura, o deixamos no colo, absortos e distantes, pensando que poderia não terminar?
Uma boa festa, um bom passeio, uma boa viagem, não é aquela que desejamos se prolongue, que nunca acabe?
É desta forma que, segundo Cortella, a vida de cada um também deve ser, afinal de contas, não nascemos prontos e acabados.
Ainda bem, pois estar plenamente satisfeito consigo mesmo é considerar-se terminado e constrangido ao possível da condição do momento.
Termina ele dizendo que somos seres de insatisfação, e precisamos alguma dose de ambição em nossas existências.
O animal satisfeito dorme, pois não tem objetivos de vida, não tem razão para sair do lugar.
O ser insatisfeito, sedento por melhorar-se, pára por pouco tempo, avalia-se, celebra e valoriza o que já conseguiu. Depois, segue em frente, rumo ao inexplorado.
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A reencarnação e suas leis são um grande incentivo ao progresso.
Como se acomodar perante um horizonte sem limites?
Como parar de caminhar sabendo que muito nos aguarda à frente?
Como deixar de buscar o aprimoramento constante, se percebemos que quanto mais conseguimos, mais felicidade conquistamos?
Despertemos, aqueles de nós que ainda dormimos o sono da acomodação!
Redação do Momento Espírita com base no texto Não nascemos prontos, do livro Não nascemos prontos - provocações filosóficas, de Mário Sérgio Cortella, ed. Vozes.