Que plantemos as bombas, que esqueçamos o futuro
Alunos desinteressados, notas baixas, facilidades nas cotas sociais em vestibular, menor participação dos pais em conselhos escolares. Quando se toca num dos assuntos mais em pauta atualmente, nos sentimos todos no dever de apontar as falhas de uma das instituições que se consolidou como a mais influente do país e a cada ano prova que vêm afundando nos próprios conceitos: a escola. Muitas vezes, desejamos ter uma caixa mágica que ao abrir, faça com que tudo mude em nosso colégio, de uma hora pra outra, e quando não é possível, queremos um explosivo potente para jogar em instantes tudo pelos ares, detonando de vez aquele professor repetitivo, a secretaria bagunçada ou o diretor que não dá conta da própria vida, quanto mais de um prédio inteiro com alunos carentes de tudo.
Antes de por em prática nosso plano maligno, devemos analisar que a escola está em nossas mãos e sempre esteve. O que mudou foi o valor dado pela sociedade para essa parcela de atores fingidos que encenam uma peça de um texto muito bem decorado e nada didático. E o que dão aos integrantes principais, os professores formadores de cidadãos essenciais para nossa sociedade, é o pão de cada dia que se tornou cada vez mais suado e duro de conquistar. Valorizar o trabalho do educador é investir num sistema menos injusto, acabar com o ódio que tem se voltado para cima do grupo social que mais vem cedendo à nação, com sua sabedoria, paciência e tempo.
Além disso, é preciso enxergar que nossa bomba relógio corre seu ponteiro com o tempo, resultando numa desastrosa explosão de pessoas mal preparadas, que não adquiriam as qualidades básicas necessárias para exercer o trabalho mental. Tudo isso é resultante de métodos ensino ultrapassados, insuficientes, numa época onde o que conta é a modernidade informacional e a capacidade de raciocínio e criatividade. É preciso, antes de nos encher de cuspe e giz, pensar no que é mais produtivo e fácil de interagir com a vida cotidiana do aluno, priorizando os velhos métodos, contudo, inserindo o trabalho de pesquisa e construção de pensamento de cada um.
Vamos parar por um segundo, com os fios vermelho e azul na mão prontos para jogar tudo pelos ares, e relembrar que na escola todos devemos viver os melhores momentos da nossa vida. Conquistamos amigos e pessoas que lembraremos para sempre, amores, professores que fizeram o seu melhor, e até mesmo aqueles que fizeram de tudo para repetir e olha só: você passou mais uma vez de ano, provando a si mesmo que essa piada que virou a educação ainda tem graça ao pensar em tudo que as pessoas, como você, passam para conquistar seu lugar ao sol.
Vimos então, que nossos detonadores de nada adiantariam se excluíssemos de nossas vidas os dias rotineiros e preguiçosos, que uniformizados, vemos aqueles que procuram traçar um caminho de vitórias. De nada nos adiantaria plantar nossas bombas, se nosso holocausto provocasse uma vergonha maior ao que se tornou a educação e provássemos para todos que o ambiente escolar teve seu fim merecido, entre os destroços e entulhos do que um dia foi o lugar mais feliz onde vivemos.