O DIA EM QUE ME AMEI DE VERDADE...

O dia em que eu me amei de verdade foi também o meu grito de independência. Um dia como outro qualquer, em que dormi com uma ideia e acordei com outra... Despertei, enfim, para a vida!

Sem dúvida, foi o dia mais glorioso de toda a minha existência. Deixei de representar uma personagem, programada para agradar os outros e me preocupar com opiniões alheias e esquecer meus próprios anseios. Sim, deixei de me abalar com coisas pequenas e insignificantes e percebi que até podemos criticar nos outros o que reprimimos em nós mesmos, mas dei por conta que ainda assim se está um passo à frente, pois se como ser humano temos as mesmas necessidades, quando abafamos essa natureza que julgamos hedionda, temos um claro exemplo de maturidade, amor próprio e o principal: auto-controle! E deliciei-me com a nova Patrícia que (re)nasceu, pois a anterior não levava desaforo para casa, ao ponto de fazer inveja em qualquer “barraco” protagonizado por Amy Winehouse... A atual Patrícia compreendeu que não adianta arrastar os outros para a luz se ainda não chegou a hora... Entendeu também que ninguém é maior ou melhor do que os outros, todos têm defeitos e quando se apontam as falhas alheias, deve-se cuidar para que os mesmos dedos que apontam não estejam sujos... Tornou-se forte o suficiente para aceitar críticas e filtrar o que vale a pena e jogar fora o que considera lixo. Sem abalos, sem stress... Simples assim.

A nova Patrícia permitiu-se rir de suas próprias limitações e conviver bem com elas. Descobriu que até ontem, odiava política e negava-se a comer brócolis até entender que nunca havia se preocupado em ler a respeito ou provar! Abominava a cor laranja até ver que lhe cai bem! Assim são as evoluções dos seres humanos: não se deve considerar fraqueza de caráter quando mudamos radicalmente de opinião, mas entender que mudanças são necessárias e que fazem parte do processo de maturação e resignação. Claro que essas transformações podem sofrer intervenções externas sob forma de incentivo, mas se não houver motivação, essas modificações não ocorrem de fato e, superficialmente, não se pode mudar por completo. Pode-se mudar o corte de cabelo, o estilo de vestir, mas não se pode mudar o que somos se não estivermos dispostos a aceitar que as mudanças se fazem de dentro para fora.

O dia em que me amei de verdade foi assim... Um dia comum para todos, mas tão pleno de significados para mim mesma, que muitas pessoas me perguntavam o que eu havia feito que estava tão diferente... “Será o cabelo?” “ Hum, acho que ela emagreceu!” Nada disso! Apenas decidi dar uma chance a mim mesma: passei a me ver e me amar de verdade!

Patrícia Rech
Enviado por Patrícia Rech em 17/06/2009
Código do texto: T1653324
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