Viva e deixe viver
Tema abordado no mundo todo, desde culturas até civilizações, o aborto, à primeira vista, causa-nos um momento de reflexão. Mais do que uma ação condenável ou um direito exigido, o ato abortivo leva-nos a uma indagação: “o aborto é um direito à liberdade ou uma ameaça à vida?”.
A dor e o sofrimento são inerentes a essa decisão. As mulheres que o praticam sentem tristezas, remorso, mesmo conscientes de que é a única solução para seu “alívio”. Mesmo tendo em vista toda essa adversidade, é grande o número de mulheres que lutam pelo “direito de decidir sobre seu corpo e sua vida”. Como falar em “direito” se o que está em jogo é uma vida? Será que homens e mulheres não são dotados de capacidade e valores éticos suficientes para tomar decisões sérias e responsáveis em relação ao aborto?
A Legislação brasileira proíbe a pratica do aborto, exceto em caso de estupro ou risco de vida da gestante. Porém, não há hospitais equipados para atender as mães nestas situações. E sem acesso a métodos anticoncepcionais, o único caminho são as clínicas clandestinas, aborteiras, chás, agulhas de crochê, com efeito, de infecções e até a morte. Para acrescentar, os cientistas não chegam a um consenso sobre o instante exato do início da vida: se na fecundação ou algumas semanas após concepção, por considerarem a atividade cerebral o merco da existência de um ser humano, o que alimenta ainda mais o empenho das mulheres em conseguir o “aborto legal”.
A Igreja Católica, nos últimos anos, vem tomando uma postura de defesa incondicional da vida. Todavia, deve-se observar a passagem histórica da instituição ao longo do tempo: “Na Idade Média, a Inquisição, a mando da Igreja, aterrorizou e os hereges, que iam contra os dogmas da fé; Na colonização, permaneceu inerte à quase dizimação dos indígenas, bem como à violenta escravidão dos negros”. Entretanto, ninguém vive do passado e se hoje ela preocupa-se com a vida é porque adquiriu consciência de sua importância do mundo e envergonha-se das atrocidades cometidas em seu nome em épocas anteriores.
Diante dos fatos mencionados, a solução para esta realidade é a capacitação de hospitais, com equipamentos e profissionais de prontidão, não para realizar um aborto, mas para lutar pelas vidas de mãe e filho. O Estado, também, deve oferecer educação sexual e serviços a homens e mulheres e proporcionar o acesso a métodos anticoncepcionais. Assim, estaremos abortando de vez esta cruel realidade.