Vereadora Léo Kret propõe criação do Dia da Favela
Por Danillo Bitencourt
“Eu, Rodrigo Silva Pereira, nasci no Bairro da Paz e não tenho vergonha disso. Vivi com minha infância lá e guardo muitas lembranças. Mas o que eu quero é que dêem mais atenção àquele bairro que precisa de muitos investimentos, de valorização da sua gente. Muitas pessoas acham que ali é um local violento, cheio de marginais e cheio de gente pobre. Porém, não é assim! Ali tem gente honesta trabalhadora, que luta pela sobrevivência e vive com alegria. Espero que um dia muitos olhem o Bairro da Paz com outros olhos, que meu bairro venha a ser valorizado e respeitado e que no futuro traga alegria e orgulho para os seus moradores”.
Esse dia para Rodrigo e para toda a capital da Bahia chegou. A vereadora Leo Kret, primeira transexual a assumir um cargo desta natureza no Estado, propõe, como aprovado no Rio de Janeiro e outras capitais, iniciativa da Central Única das Favelas (base Bahia), a eleição do dia 23 de abril como o Dia Municipal da Favela, do Subúrbio e da Periferia. A votação ocorrerá, nesta quarta-feira, 22 de abril, às 14h, na Câmara Municipal de Salvador.
“Caminhando por Salvador é notória a presença de espaços em que a urbanização deficiente produziu habitações precárias, construídas de forma irregular. Mas nesses espaços, apesar do contexto socioeconômico e político, há gente que luta, que vive e que faz do seu cotidiano um verdadeiro espetáculo de cidadania”, entusiasma-se a vereadora.
Para a Central Única das Favelas, entidade existente nos 27 estados brasileiros e em outros municípios, a simbologia de uma data em que se comemora a presença de favelas em nosso cotidiano “se projeta como um ato de afirmação de um espaço que antes era compreendido somente como o ‘não lugar’, mas que agora vem à cena política buscar, por vias democráticas e institucionais, soluções para suas demandas, negando-se a se submeter a um violento, discreto e eficaz processo de ‘invisibilização’ dos despossuídos desse país”, declara Preto Zezé, articulador nacional da entidade.
A escolha da data
A referência é em homenagem ao surgimento do Bairro da Paz que, em 23 de abril de 1982, se tornou uma ocupação urbana. Inicialmente denominado de invasão das Malvinas, em virtude dos conflitos da época, entre a Inglaterra e a Argentina, pela disputa das Ilhas Falklands, a ocupação recebeu uma violenta repressão policial e uma forte pressão da administração municipal e estadual.
Na década de 90, as primeiras reivindicações populares começaram a ser atendidas dando ao local, características de bairro: instalação de telefones públicos, transporte coletivo, rede de energia, implantação de uma escola, posto de saúde. Em 1992, entidades ligadas à Igreja Católica, que acompanharam o processo de ocupação, sugeriram um plebiscito para a mudança do nome do bairro, que passou a se chamar Bairro da Paz.
Hoje, o bairro, tido como maior espaço de resistência negra na cidade de Salvador, revela-se num Quilombo Urbano com aproximadamente 11 mil domicílios e uma população beirando os 65 mil habitantes.
Por Danillo Bitencourt
“Eu, Rodrigo Silva Pereira, nasci no Bairro da Paz e não tenho vergonha disso. Vivi com minha infância lá e guardo muitas lembranças. Mas o que eu quero é que dêem mais atenção àquele bairro que precisa de muitos investimentos, de valorização da sua gente. Muitas pessoas acham que ali é um local violento, cheio de marginais e cheio de gente pobre. Porém, não é assim! Ali tem gente honesta trabalhadora, que luta pela sobrevivência e vive com alegria. Espero que um dia muitos olhem o Bairro da Paz com outros olhos, que meu bairro venha a ser valorizado e respeitado e que no futuro traga alegria e orgulho para os seus moradores”.
Esse dia para Rodrigo e para toda a capital da Bahia chegou. A vereadora Leo Kret, primeira transexual a assumir um cargo desta natureza no Estado, propõe, como aprovado no Rio de Janeiro e outras capitais, iniciativa da Central Única das Favelas (base Bahia), a eleição do dia 23 de abril como o Dia Municipal da Favela, do Subúrbio e da Periferia. A votação ocorrerá, nesta quarta-feira, 22 de abril, às 14h, na Câmara Municipal de Salvador.
“Caminhando por Salvador é notória a presença de espaços em que a urbanização deficiente produziu habitações precárias, construídas de forma irregular. Mas nesses espaços, apesar do contexto socioeconômico e político, há gente que luta, que vive e que faz do seu cotidiano um verdadeiro espetáculo de cidadania”, entusiasma-se a vereadora.
Para a Central Única das Favelas, entidade existente nos 27 estados brasileiros e em outros municípios, a simbologia de uma data em que se comemora a presença de favelas em nosso cotidiano “se projeta como um ato de afirmação de um espaço que antes era compreendido somente como o ‘não lugar’, mas que agora vem à cena política buscar, por vias democráticas e institucionais, soluções para suas demandas, negando-se a se submeter a um violento, discreto e eficaz processo de ‘invisibilização’ dos despossuídos desse país”, declara Preto Zezé, articulador nacional da entidade.
A escolha da data
A referência é em homenagem ao surgimento do Bairro da Paz que, em 23 de abril de 1982, se tornou uma ocupação urbana. Inicialmente denominado de invasão das Malvinas, em virtude dos conflitos da época, entre a Inglaterra e a Argentina, pela disputa das Ilhas Falklands, a ocupação recebeu uma violenta repressão policial e uma forte pressão da administração municipal e estadual.
Na década de 90, as primeiras reivindicações populares começaram a ser atendidas dando ao local, características de bairro: instalação de telefones públicos, transporte coletivo, rede de energia, implantação de uma escola, posto de saúde. Em 1992, entidades ligadas à Igreja Católica, que acompanharam o processo de ocupação, sugeriram um plebiscito para a mudança do nome do bairro, que passou a se chamar Bairro da Paz.
Hoje, o bairro, tido como maior espaço de resistência negra na cidade de Salvador, revela-se num Quilombo Urbano com aproximadamente 11 mil domicílios e uma população beirando os 65 mil habitantes.