O MST e a violência no campo
A questão agrária tem se tornado, nas últimas décadas, um dos maiores problemas sociais do Brasil. Além de haver cada vez menos espaço para os que estão no campo, cada vez mais gente deixa os grandes centros, rumo ao sertão. Está acontecendo, exatamente, o contrário daquilo que se deu nos séculos XIX e XX, com o êxodo rural e a favelização. De umas duas décadas pra cá, está acontecendo um êxodo urbano. Com os grandes centros super inchados de gente, o que causa desemprego, violência e baixo nível de vida, as pessoas não querem mais ficar na cidade, sofrendo e passando fome. Cresce, então, o Movimento dos Sem Terra (MST), formado por pessoas que querem encontrar no campo o que não conseguiram na cidade: uma vida digna.
O problema é que não basta “jogar” essas famílias num pedaço de terra e abandoná-las. É preciso dar condições para que essas famílias, depois de devidamente instaladas, comecem a produzir e a sobreviver. É preciso que seus filhos tenham acesso à educação e à saúde e, por que não, ao lazer. Só assim, poderão ser os cidadãos dignos de amanhã. É preciso não apenas uma reforma agrária, mas uma reforma da condição agrária do País. E não é isso o que acontece. Por isso cresce, a cada dia mais, os casos de violência no campo, envolvendo fazendeiros e o MST. Como o Governo é lento nas suas ações de Reforma Agrária, os “sem-terra” se acham no direito de invadir as propriedades e se instalarem por conta própria. Os fazendeiros, por outro lado, não querem perder aquilo que é seu por direito. Surgem os conflitos. Verdadeiras guerras são travadas todos os dias no interior do País. O Governo tenta esconder, mas a verdade é que o vermelho do sangue das vítimas mancham cada vez mais o verde de nossa bandeira. O Pontal do Paranapanema tem se tornado uma verdadeira Faixa de Gaza tupiniquim. O que agrava ainda mais a situação é que os novos integrantes do movimento não são mais “inocentes sertanejos sem chão”, como há tempos atrás, e, sim, gente que vem da marginalidade das grandes cidades e que de lá trazem os mais variados vícios morais e comportamentais. E o pior é que nossos governantes nada fazem ou, se fazem, é muito pouco pra resolver o problema.
É preciso mais celeridade e planejamento, por parte das autoridades, para com essa questão. Enquanto o governo “empurra com a barriga”, milhares de pessoas morrem nesses conflitos que, já são considerados lá fora, como uma verdadeira guerra social, o que faz do Brasil um dos países que mais matam no campo. Serão precisos quantos mais Chicos Mendes e Irmãs Dorothys para que o Governo dedique a essa problemática a atenção que ela merece?