Salvador: Festa, Morte, Carnaval e Alegria

Violência e pobreza em Salvador

Por: Valdeck Almeida de Jesus (*)

O Brasil inteiro enfrenta ondas de violência, aumento de assaltos, furtos e roubos. O tema é debatido quase que diariamente pela mídia, que pauta a discussão da sociedade. Em Salvador, não tem sido diferente: as manchetes dos jornais, rádios e TVs relatam atrocidades todos os dias.

É notório que o meio, o tipo de educação, a índole e outros fatores, influenciam no comportamento das pessoas. O principal vilão do aumento da criminalidade, no entanto, é o desemprego. O cidadão desempregado não pode frequentar escola, não tem opção de lazer, deixa a saúde em segundo plano. As circunstâncias geram tensão, maior concorrência e busca de saídas para sobreviver. Uma dessas escapatórias, não louvável, é a criminalidade. Onde o Estado não atua, seja preventivamente com educação e geração de emprego, seja com uma justiça eficiente, deixa o campo livre para atividades ilícitas.

A taxa de desempregados na Bahia é pesquisada desde 1997 e tem aumentado a cada ano. O IBGE analisou dados do Departamento Intersindical de Estatísticas - DIEESE e UFBA, e apontou, em 2007, uma taxa de desemprego superior a 25%. Informação do Governo do Estado, através da Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED, também sinaliza para o mesmo percentual de pessoas fora do mercado formal de trabalho: mais de 410 mil no início de 2008.

Dados divulgados em fevereiro de 2009, pela PED, indicam queda do desemprego de 19,8% para 19,4%, ou seja, apenas 0,4%. Dados do IBGE indicam que a População Economicamente Ativa (PEA), em Salvador, é de 1 milhão e 787 mil pessoas. O percentual de 0,4% significa a criação de, apenas, 1416 vagas de trabalho, para um universo de mais de 354 mil pessoas desempregadas.

Este pequeno aumento na taxa de emprego varia sempre nos meses de novembro e dezembro, quando há grande oferta de vagas temporárias. Durante o período carnavalesco, também existe uma grande tendência de aumento do número de empregados, devido às contratações por período curto. Estes fenômenos acabam por mascarar as taxas de desemprego e criar uma falsa sensação de aumento do número de pessoas incluídas no mercado.

Para a inclusão de mais pessoas no mercado, as autoridades governamentais deveriam tomar providências no sentido de distribuir a renda, gerar empregos e elaborar políticas públicas inclusivas. Ao contrário, o governo estadual comemora índices insignificantes de aumento do emprego. Se continuar nesse jogo, governo e sociedade civil, a esconder a cabeça no chão como o avestruz, a situação pode se tornar insustentável. É preciso agir, com urgência.

(*) Valdeck Almeida de Jesus é escritor, poeta, estudante de jornalismo e patrocinador do Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus de Poesia, que já lançou no mercado editorial mais de 400 novos poetas desde 2005. Site pessoal: www.galinhapulando.com

Valdeck Almeida de Jesus
Enviado por Valdeck Almeida de Jesus em 31/03/2009
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