A desigualdade social e o processo eleitoral
A desigualdade social no Brasil é um problema muito grave. Mas as causas dessa desigualdade são ainda mais. Além das que são consideradas óbvias, como a má distribuição de renda, o alto índice de crescimento populacional nas camadas mais pobres e o baixo índice de escolaridade, existe uma que é a mais perversa: o interesse político-eleitoral.
Tal interesse tem íntima relação com a prática do assistencialismo e da manutenção da pobreza. Os governantes, ao invés de se ocuparem de meios para erradicar a pobreza, preferem atenuá-la e mantê-la. Em vez de proporcionarem uma educação de qualidade para que as crianças e jovens excluídos de hoje possam vir a ser os cidadãos dignos de amanhã, preferem dar “bolsa-família”. Ao invés de baixarem os juros e os impostos para que a economia cresça e o desemprego diminua, optam por distribuir “renda-cidadã”. Agindo assim, aliciam um povo que, sem possibilidades de melhora de vida e desprovido de opinião crítica, só consegue ver a “esmola” que lhe é dada, rendendo-lhes, com isso, futuros votos.
O assistencialismo não é um problema, mas sim a forma como é explorado pelos maus políticos. Bem utilizado, ele é muito importante, principalmente num país como o Brasil, que possui uma enorme parcela de sua população abaixo da linha de pobreza. Mas ele não pode ser mitificado como sendo a solução de todos os problemas, como querem alguns políticos, na ânsia de se manterem no poder.
No Brasil, a prática do assistencialismo vem se distanciando de sua verdadeira função social. Ela tem se tornado, nos últimos anos, instrumento eleitoreiro, uma espécie de “voto de cabresto” moderno. E o pior: está se transformando num tipo de “vacina” da qual certos políticos lançam mão para “imunizarem-se” de atos de improbidade e corrupção.
Por essa razão é que a desigualdade social se torna um problema mais grave ainda, já que não há vontade política para a sua real abolição. Um povo miserável, sem acesso à educação e à informação, é muito mais fácil de ser dominado e convencido, aceitando os desmandos de seus governantes, ainda que seja por um prato de comida.