O que é a verdade?
Séculos de especulações e nenhuma resposta que satisfaça os questionamentos que brotam acerca do assunto. Parece demasiadamente pretensiosa a tentativa de responder tal pergunta, mas vale especular acerca desta questão.
O grande problema é tratar da verdade em si mesma, a verdade que não seja subjetiva, o que implicaria numa ruptura entre esta e tudo o que pode ser considerado seu acréscimo, ou que desvie o foco da atenção de sua “centralidade” para aspectos que lhe são secundários. Admitir uma verdade não significa que encontrei “a verdade”.
A verdade é que a verdade não está num lugar, com alguém, em determinado objeto. Não é algo que se possa descrever, atingir. É algo que se busca. Parece apenas um conceito elaborado pelo homem e a questão mais importante não seria em relação ao que ela é, mas ao que tal conceito tenta expressar. Talvez a verdade, ou sua busca, traduza de forma mais sucinta o anseio e a angústia do homem em sua complexidade de relações com o mundo, no desejo de entendê-lo. Assim, a verdade é algo que se constrói a cada dia, a cada momento, é um processo no qual se avança a cada descoberta do homem nos diversos campos do saber que, em última instância, encontram sempre um limite que não conseguem transpor.
Por isso, não podemos tomar a verdade como algo pronto, acabado. Na pluralidade do mundo em que vivemos, com sua diversidade cultural, com as mais complexas e diversificadas áreas do conhecimento, e levando em consideração a impossibilidade de tomar alguma delas como detentora de toda verdade, o que imediatamente invalidaria, “assassinaria” todas as demais ciências, e até mesmo a própria, pois não haveria mais sentido em existirem, posto que seu objetivo maior seria alcançado, só podemos aceitar a verdade como um processo, que se dá através da “interação” entre as diversas áreas do conhecimento, posto que o conhecimento sempre terá, por maior que seja o esforço em objetivá-lo, uma carga subjetiva, não contendo, assim, toda a verdade. São diferentes pontos de vista, todos buscando a verdade.
E o fato de não possuírem a verdade é o que leva as ciências a buscá-la, admitindo, no caminho, os erros e inconsistências, para constantemente, a partir deles, superarem-se. Assim, é a inatingibilidade da verdade absoluta, e não a sua inexistência, o que dinamiza o processo de construção do conhecimento do homem na sua relação com o mundo.