Travessia
Para mim, o mar era tão forte e infinito
Que tinha medo de lançar-me em suas ondas.
Hoje me vejo em pleno mar-alto
Procurando pela praia que em sonhos avistei.
Enfrentando tristes vagas,
Sem dormir, sem descansar,
Em braçadas vejo ir-me a juventude
Nesse mar que ora é minha prisão,
Nessa luta de alcançar o meu abrigo,
Esse abrigo que, por si, se faz distante.
Já não sei se estou distante, se estou perto.
Sei que luto e tenho de lutar com vontade,
Porque se não venço o mar, ele me traga.
Sinto que não sou nada,
Sinto-me fraco.
Mas, pensando bem, até que sou forte.
Quem iria enfrentar - sozinho -
Tão grande e poderoso adversário
Levando consigo apenas
Esperança e Amor?
Quem lutaria por apenas um sonho?
Hoje me vejo em mar-alto
Não posso parar, senão morro.
Não posso voltar, que poderia já estar prestes a chegar...
Em guarda, mar-alto!