O monstro desperta outra vez. *
Não é de hoje que os EUA estão nas páginas de jornais. Natural, afinal trata-se da maior potência do planeta, desque que desbancou a URSS. Porém as ultimas aparições devem muito mais a outros assuntos do que o poderio econômico desse país, pelo menos aparentemente. O monstro chamado imperialismo andava sonolento depois das investidas recentes no Afeganistão, agora, no entanto, está despertando ainda mais exaltado e arrogante.
O domador desse monstro- Jorge W. Bush- não satisfeito com as gafes já cometidas em seu governo como a não – ratificação do Protocolo de Kioto, promete mais uma, essa, porém, com proporções mais trágicas a curto prazo. Fala-se aqui da investida sobre o Iraque que os EUA programam. Após dizer-se engajado em acabar com o eixo do mal, Bush argumenta que é necessário derrubar o ditador do Iraque por ele, supostamente manter arsenais de armamentos químicos, biológicos e nucleares no território iraquiano, o que é proibido segundo determinações da ONU (sic). Para investigar as acusações, a Organização das Nações Unidas enviou uma missão que já está lá a pelo menos dois meses sem encontrar evidências concretas dos tais arsenais. As investigações prosseguem.
Todavia é clara e definida a intenção dos EUA agredirem, mesmo assim. Tal fato levanta suspeita quanto à verdadeira razão dos anseios de Bush. Comenta-se, enfaticamente, em muitas regiões do mundo, que o americano quer na realidade tomar posse das reservas de petróleo do Iraque.
Outro fator que provavelmente incentiva a atitude de Bush é a vontade de fazer aquilo que “Bush Pai” não conseguiu na guerra do Golfo- depor Saddam Hussein e com isso deixar claro para o mundo árabe quem é que manda.
Até agora a maior parte da opinião pública internacional, para nosso alívio, opõe-se ao ataque. Países como França e Alemanha, inimigos de guerras anteriores, aprenderam a lição e são hoje contrários ao combate. Outros países, alguns componentes permanentes do Conselho de Segurança da ONU como a Rússia e a China, também declararam oposição à guerra. Ao lado dos Estados Unidos estão a Inglaterra e mais sete países europeus que recentemente decidiram apoiar as atitudes suicidas do caubói americano, além de cerca de 60% da população ianque que antes em maioria, desaprovava os ataques, mas que após declarações do presidente dizendo que possuía provas foram convencidas da “necessidade” do confronto.
A oposição se fundamenta, especialmente no temor das possíveis conseqüências da guerra: em princípio as diversas perdas humanas, depois a profunda crise que o mundo pode vir a enfrentar. Uma crise econômica devida a alta do preço do petróleo, podendo desencandear problemas como aqueles que já ocorreram com a crise do petróleo do século XX. Acresce ainda um aumento na revolta dos árabes para com os EUA. O ataque à soberania do Iraque do Iraque elevaria o já alto grau de descontentamento e fúria contra os EUA, sem falar nos maiores riscos de atentados terroristas no território ou nas embaixadas americanas.
Apesar de tantos erros cometidos, o homem é arredio à idéia de manter o planeta plenamente em paz. Existe sempre alguém que movimenta o mundo de forma insana. É ilógico investir em armamentos, em material bélico, enquanto milhões de pessoas são submetidas a condições miseráveis de vida.
*Texto escrito em 02 de janeiro de 2003 sobre o tema “O iminente ataque dos EUA ao Iraque”.
**As opiniões e análises contidas nesse texto não necessariamente condizem com as atuais. (04 de janeiro de 2009).