A Revolução Francesa

A Revolução Francesa não teve por objetivo apenas mudar um governo antigo, mas abolir a forma antiga da sociedade. Quatro causas importantes podem ser citadas como responsáveis pela deflagração desta revolução. Uma delas é social. O regime feudal achava-se enfraquecido, a burguesia mais rica e poderosa graças ao desenvolvimento do comércio, julgava-se suficientemente forte para exigir uma parte do poder.

A sociedade francesa, na época, estava dividida em três Estados: O Primeiro Estado era o clero, composto por elementos vindos das ricas famílias da nobreza, possuindo toda a sorte de privilégios, inclusive o de não pagar impostos. O Segundo Estado era a nobreza em geral. O Terceiro Estado era constituído pela maioria esmagadora da população, os camponeses que, com um árduo trabalho, forneciam os alimentos para toda a França, além de terem de pagar pesadíssimos impostos.

Outra causa é a intelectual. Os enciclopedistas teciam pesadas críticas ao absolutismo real, à ordem social e mostravam a necessidade de reformas; essas idéias alcançaram grande receptividade.

Causas econômicas também foram determinantes para a revolução. Em um mundo essencialmente rural, a maioria da renda vinha da agricultura, onde as técnicas eram atrasadas em relação ao consumo do país. Uma parte dos camponeses estava ainda sob o regime de servidão. Dedicavam uma enorme parte da semana ao trabalho forçado na terra do senhor ou o equivalente em outras obrigações:

O problema agrário era, portanto o fundamental no ano de 1789, e é fácil compreender por que a primeira escola sistematizada de economistas do continente, os fisiocratas franceses, tomara como verdade o fato de que a terra, e o aluguel da terra, era a única fonte de renda líquida. E o ponto crucial do problema agrário era a relação entre os que cultivavam a terra e os que a possuíam, os que produziam sua riqueza e os que a acumulava. (HOBSBAWM, 2007, p. 31)*.

As causas financeiras estavam relacionadas aos privilégios da nobreza, que se recusava a qualquer aumento em sua participação fiscal. A dívida do Estado aumentava e o déficit se agravava. O Iluminismo, iniciado há alguns anos por um grupo de intelectuais franceses, parecia ter a resposta. Esse movimento criticava e questionava o regime absolutista e achava que a única maneira possível de a França se desenvolver era passar o poder político para as mãos da nova classe, a burguesia. Era preciso destituir a nobreza que, representada pelo rei, se mantinha no poder.

No dia 14 de julho de 1789, toda a população parisiense avança, num movimento nunca visto, para a Bastilha, a prisão política da época, onde o responsável pela prisão foi preso e enforcado. Os camponeses invadiram os castelos, executando famílias inteiras de nobres numa espécie de vingança, de uma raiva acumulada durante séculos. Avançaram sobre a propriedade feudal exigindo reformas. A burguesia, temerosa de que as exigências chegassem também às suas propriedades, propôs que se extinguissem os direitos feudais como única saída para conter o furor revolucionário dos camponeses. Em 4 de agosto de 1789, chega ao fim o que por muitos séculos significou a opressão sobre os camponeses. Poucos dias depois foi votada a declaração dos direitos do homem e do cidadão perante a lei.

A Revolução Francesa significou o fim da monarquia absoluta na Franca e principalmente, a subida da burguesia ao poder político e também a preparação para a consolidação do capitalismo. Mas a Revolução Francesa não ficou restrita à França. Suas idéias espalharam-se pela Europa, e mais tarde influenciaram a consolidação dos estados nacionais em todo o mundo.

* A bibliografia completa encontra-se ao final do texto "Conclusão".