A Revolução Industrial

A Revolução Industrial aconteceu na Inglaterra na segunda metade do século XVIII e encerrou a transição entre feudalismo e capitalismo, a fase de acumulação primitiva de capitais e de preponderância do capital mercantil sobre a produção.

A substituição das ferramentas pelas máquinas, da energia humana pela energia motriz e do modo de produção doméstico pelo sistema fabril constituiu a Revolução Industrial; Denomina-se revolução em função do enorme impacto sobre a estrutura da sociedade, num processo de transformação acompanhado por notável evolução tecnológica:

[...] a certa altura da década de 1780, e pela primeira vez na história da humanidade, foram retirados os grilhões do poder produtivo das sociedades humanas, que daí em diante se tornaram capazes de multiplicação rápida, constante, e até o presente ilimitada, de homens, mercadorias e serviços. [...] Nenhuma sociedade anterior tinha sido capaz de transpor o teto que uma estrutura social pré-industrial, uma tecnologia e uma ciência deficientes, e conseqüentemente o colapso, a fome e a morte periódicas, impunham à produção. (HOBSBAUM, 2007, P. 50)*.

A Revolução Industrial concentrou os trabalhadores em fábricas. O aspecto mais importante, que trouxe radical transformação no caráter do trabalho, foi a separação, de um lado, capital e meios de produção, e de outro, o trabalho. Os operários passaram a assalariados dos capitalistas.

Uma das primeiras manifestações da Revolução foi o desenvolvimento urbano. Os artesãos acostumados a controlar o ritmo de seu trabalho, agora tinham de submeter-se à disciplina da fábrica. Passaram a sofrer a concorrência de mulheres e crianças. Na indústria têxtil do algodão, as mulheres formavam mais de metade da massa trabalhadora. Crianças começavam a trabalhar aos 6 anos de idade. Não havia garantia contra acidente nem indenização ou pagamento de dias parados neste caso.

A mecanização desqualificava o trabalho, o que tendia a reduzir o salário. Nas novas condições, caíam os rendimentos, contribuindo para reduzir a média de vida. Uns se entregavam ao alcoolismo, outros se rebelavam contra as máquinas e as fábricas, destruindo-as. A situação difícil dos camponeses e artesãos, ainda por cima estimulados por idéias vindas da Revolução Francesa, levou as classes dominantes a criarem uma lei que garantia subsistência mínima ao homem incapaz de se sustentar por não ter trabalho.

Um imposto pago por toda a comunidade custeava tais despesas. “Assim surgiram na Grã-Bretanha os primeiros sindicatos, durante a revolução industrial, a partir de sociedades de socorros mútuos criadas na indústria têxtil para amenizar os infortúnios dos trabalhadores doentes e desempregados." (BARSA, 1997, vol. 13 p. 286). Gradativamente, conquistaram a proibição do trabalho infantil, a limitação do trabalho feminino, o direito de greve. A sociedade começava a conhecer as bases da organização que ainda hoje predomina.

Mas as conseqüências do progresso não demoram a chegar. Entre elas, a diminuição da oferta de trabalhadores na indústria doméstica rural, no momento em que ganhava impulso o mercado, tornando-se indispensável adotar nova forma de produção capaz de satisfazê-lo. A proletarização abriu espaço para o investimento de capital na agricultura, do que resultaram a especialização da produção, o avanço técnico e o crescimento da produtividade. A população cresceu e o mercado consumidor também, e sobrou mão-de-obra para os centros industriais.

* A bibliografia completa encontra-se ao final do texto "Conclusão".