A Sustentabilidade num mundo cada vez mais insustentável
MBA em Gestão da Sustentabilidade - Fundação Getúlio Vargas
Introdução
Embora nem sempre tenhamos consciência, todos nós, de alguma forma, sabemos a importância de se viver de maneira sustentável. Viver sustentavelmente é manifestar aquilo que se é, de dentro para fora, realizando ações diversas em harmonia ao movimento natural que a Natureza manifesta. Sabedoria que aprendo com a Tradição Tubakwaassu- Ramy Arany e Ramy Shanaytá, através da visão em teia e das Leis Naturais da vida. Cito aqui esta particularidade, pois aprendi a importância de reconhecer a origem dos movimentos, tendo a consciência de ser extensão desta sabedoria e não a origem. (se isto fosse praticado naturalmente não precisaríamos de Leis de direitos autorais , por exemplo).
Justificativa
Analisando as atuais crises ambientais e políticas, o estágio de exaustão que o planeta se encontra e entrelaçando-os à necessidade de se mudar a visão, a consciência, desenvolvo aqui no texto a importância de reconhecermos os passos já dados, mas sem nos esquecer que há muito ainda a se caminhar para que simplesmente possamos viver de forma mais natural, saudável e em harmonia à origem essencial que nos sustenta, a Natureza.
Desenvolvimento
Estamos presenciando um momento muito particular no planeta. O mundo está mudando aceleradamente e nesse turbilhão de acontecimentos inesperados e esperados, nós, seres humanos, temos que aprender finalmente a viver de forma sustentável e em harmonia à natureza.
Desde a revolução industrial, quando a produção, o crescimento populacional desordenado e a exploração de recursos naturais se intensificou absurdamente, o homem vem construindo um mundo superficial; transformando o que é natural em artificial, extraindo os recursos naturais de forma usurpadora e ainda vem baseando sua vida na tecnologia, que explora a natureza, como forma de evolução.
As atitudes egocêntricas e o descomprometimento com a continuidade da vida, vem há anos, conduzindo o ser humano à um abismo, onde a ganância predomina e destrói tudo que é natural. Será que hoje já conseguimos compreender o que verdadeiramente significa sustentabilidade?
As atuais crises ambientais denotam um caminho obscuro à nossa frente, se nada efetivamente for feito.
O aquecimento global, a falta de água em certas regiões, terremotos, tornados, enchentes e o derretimento das calotas polares são movimentos cada vez mais rotineiros no nosso dia a dia. O Planeta está 0,7 graus mais quente e os desequilíbrios no clima, como as atuais chuvas em Santa Catarina e a seca no Rio Grande do Sul, fatos relacionados ao desmatamento da Amazônia, estão piorando. Isso nos traz para a percepção que o que estamos fazendo hoje em relação ao desenvolvimento sustentável, ainda é fragmentado e superficial e precisa ser realinhado.
Todos “falam”das atuais crises ambientais na mídia, mas são raras as vezes que realmente explicam e sustentam de forma clara e objetiva que isso ocorre devido às ações humanas, que interfere e inverte o modo de vida natural da Natureza. Se isso não fosse verdade e uma realidade alarmante de falta de reconhecimento, não continuaríamos a escutar continuamente pessoas falando que a natureza é selvagem, ameaçadora e que não entendem o porque disso estar acontecendo.
Este fato é tão importante que sinto a necessidade de ressaltá-lo aqui no texto.
Como estamos divulgando os acontecimentos ao nosso redor?
De uma forma fragmentada e não clara a comunicação que deveria ser sustentável, foca muitas vezes intencionalmente em mostrar aquilo que é mais relevante para atrair a atenção do seu público alvo, deixando de lado as informações e o reconhecimento das causas reais que levaram aos tais fatos. Isso é tão grave que está cada vez mais difícil, para pessoas que buscam uma vida consciente e verdadeira, procurar informações completas e assistir TV e filmes.
Estamos vivendo num mundo sensacionalista, que explora a dor e o sofrimento humano tanto quanto explora os recursos naturais do nosso planeta. Falamos em sustentabilidade mas não sustentamos aquilo que falamos, focando em mudar as crises ambientais de fora (desequilíbrios da Natureza) para dentro (consciência humana).
Penso que aprendemos a acreditar na sorte, pois com os milhares de anos que estamos destruindo a natureza interna e externa, a Mãe Natureza até que suportou bastante a violência humana, e agora em seu nível critico, com seus recursos naturais quase em extinção,nós ainda permanecemos discursando bonito, falando muito e fazendo efetivamente pouco. Quando falamos e não manifestamos aquilo que falamos, não existe uma real força de transformação, ou seja, vira uma ilusão, uma utopia.
Um fato que me chama a atenção, é a relação homem e o desmatamento da Amazônia. A Floresta com uma das maiores biodiversidades mundial está desaparecendo e isso de forma mais superficial já é alarmante, pois indica problemas climáticos, secas e chuvas desordenadas; maior acúmulo de CO2 na atmosfera, desaparecimento de espécies animais prejudicando o ecossistema; e de forma mais profunda indica simplesmente que se uma das maiores biodiversidades mundial desaparecer, o mundo todo sentirá fisicamente mudanças cada vez mais trágicas, como a desertificação por exemplo.
Então somos levados pelos governos, pela política e pelos cientistas a refletir sobre como podemos mudar essa trajetória. Falam “de vontade política”, mas será mesmo que isso é um fato real, ou uma espécie de marketing para aparentar que se está fazendo algo?
Que existe ações e intenções positivas, isso é real como por exemplo o incentivo das tecnologias ambientais na União Européia. A União Européia vem pioneiramente buscando de forma mais presente investir em tecnologias naturais, como a energia eólica, construindo atrativos econômicos cujo o foco é mostrar que cuidar da Natureza é um investimento eficaz e seguro a médio, longo prazo e uma alternativa necessária para a continuidade da vida.
Mas é importante ressaltar que sobre isto, teremos que observar o caminho que esta ação irá percorrer, porque isso só terá força efetiva se as pessoas, empresas, instituições começarem a compreender que são parte da Natureza. Aí que mora o perigo, pois muitos dos governantes, políticos e seus especialistas ambientais são os que mais tem conhecimento do que precisa ser feito, porém nenhuma sabedoria do caminho de construção desta ação.
Do que adianta conhecimento sem sabedoria? Do que adianta focar nas crises ambientais sem focar na educação, na consciência humana fragmentada? Muito se fala e pouco se faz, e isso é porque não nos colocamos na condição de aprendizes da Natureza.
A verdadeira força de ação e transformação é simples porém profunda, ou seja, é necessário sermos exemplos, cada um de nós, no nosso dia a dia e essa “é a consciência do SER humano e não do TER humano”. (Ramy Arany- livro Visão gestadora- a visão em teia), pois “esperar a morte não é viver”.(Akira Kurosawa - filme: Akira Kurosawa’s Dreams).
Conclusão
Assim, o desenvolvimento sustentável significa sustentar nossas escolhas no dia a dia, de dentro (consciência) para fora (atitudes), de forma mais natural, contínua e em harmonia à vida em todos os seus níveis e manifestação.
Não adianta mudar o que está superficialmente exposto (problemas ambientais) se não mudarmos a causa, o foco mais profundo: a consciência humana fragmentada. Se queremos realmente transformações efetivas, seguras e concretas é bom começarmos a agir a partir de agora, de dentro para fora e sendo verdadeiramente aquilo que se fala, aquilo que se pensa, aquilo que se faz, sendo verdadeiramente parte da Natureza.
Referências bibliográficas
ARANY,Ramy. Visão Gestadora- a visão em teia. 1 ed.São Paulo. Kvt 2008
SHANAYTÁ,Ramy. A Natureza Ensina. 1 ed. São Paulo. Kvt 2008
GUIMARÃES,Estela. Ética Natural. 1 ed. São Paulo. Kvt 2008
VARGAS, Getúlio. Material do curso gestão ambiental e desenvolvimento sustentável. São Paulo. 2008
UNIÃO EUROPÉIA. Plano de ação da União Européia para incentivar as tecnologias ambientais e promover a inovação, o crescimento e o desenvolvimento sustentável. Disponível em: <http://europa.eu.int>. Acesso em: 31 jan. 2006.
KUROSAWA, AKIRA. Akira Kurosawa’s Dreams. Filme. Japão 1990
GREENPEACE, Mudanças do clima, mudanças de vida. Vídeo