CONFISSÃO
Talvez eu tenha algo dos poetas.
Permitam-me explicar: nas minhas andanças tenho a mania de procurar nas folhas e flores maravilhas detalhadas. Olho para o lindo azul do céu, mas fico sugerindo outras cores como na exibição do
arco-iris. Ainda no céu, atento-me na passarela das moventes nuvens, temerosas ou mansas na variação de tantas formas. Exalto
o sol, quando chega e quando sai na troca de brilhos com os astros
da noite. Sobre a lua, sinto sua claridade,não cogitando se própria
ou emprestada. Dia claro, abaixo das nuvens, fico atraido pela re-
voada dos pássaros nos seus vôos, suas cores, seus cantos, seus
amores. Entre as pessoas, fito demoradamente os olhos, pois neles
está a melhor amostra de cada alma. Quanto à espécie humana,
minha sensibilidade se abala com o descompasso entre os grandes lances do cérebro e as pequenas manifestações do coração. Ainda,
ao meu exame, um dos melhores retornos à minha inspeção é o
que me mostra o sorriso das crianças.!