Os homens das cavernas

Pré-História
O período que vai do aparecimento do homem até o aparecimento da escrita, foi um longo tempo, e chama-se PRÉ-HISTÓRIA. A cronologia mais utilizada para o início dessa época considera que, os vestígios do primeiro ancestral do homem atual datam de cerca de quatro milhões e meio de anos ao sul do continente Africano, onde desapareceram aproximadamente a quatro milhões de anos. Na Europa, foi de um milhão e quinhentos mil anos, e de 15 000 anos na América. No entanto, alguns pesquisadores mais recentes, afirmam que na Europa houve indícios de vida humana há cinco milhões de anos e de 40 000 anos na América.
Atualmente são conhecidas sete diferentes espécies de Australopithecus, nomeadamente: A. Ramidus (4,4 - 4,0 M.A.), A. Anamensis (3,4 a 3,1 M.A.) Afarensis (3,0 - 3,4 M.A.), A. Africanus (2,8 - 2,3 M.A.), A. Robustus (1,8 M.A.),A. Boisei (1,8 - 0,96 M.A.), A. Aethiopicus ( 2,6 - 2,4 M.A.).
Apesar de terem diferenças físicas entre eles, existem também características comuns que permitem classificá-los a todos dentro do mesmo gênero, tais como o bipedismo, a posição ereta, a baixa capacidade craniana, a baixa estatura, entre outras.
A. Ramidus: Este Australopiteco foi descoberto em 1993, por uma equipe liderada por Tim White, Bemard Asfaw e Gen Suwa, em Aramis na Etiópia. Foram encontrados dezessete indivíduos completos. Os fósseis encontrados pelos arqueólogos consistiam em dentes, maxilares, fragmentos de ossos occipitais, húmeros, rádios, entre outros. Os corpos destes indivíduos, quando vivos, deveriam ter cerca de 40 Kg e uma capacidade cerebral parecida com a dos macacos. A sua estatura precisa não é conhecida. A idade estimada para esses fósseis é de 4,4 M.A. É possível que o A. Ramidus seja um fóssil intermédiário entre os chipanzés e os hominídeos. O que os distingue dos outros é a sua dentição primitiva. O ramidus pode ter desenvolvido o bipedalismo, vivendo na floresta e provavelmente foi o único hominídeo a viver nesse tempo. Não se tem registros de tecnologia nesta era.
O A. Anamensis data aproximadamente de à 4,0 Milhões de Anos (MA) atrás. Esta espécie de Australopitecos tinha um peso de 45 a 60 Kg, com uma capacidade craniana parecida com a dos macacos, mas a sua estatura precisa, ainda não é conhecida devido a não se ter encontrado, até agora, nenhum crânio. A dentição é composta por grandes caninos, mas sem uma faceta cortante, os dentes tinham um esmalte espesso. Pensa-se que este antecessor do Homem atual fosse bípede, mas ainda não há provas concretas deste fato. Como todos os seus 'primos' Australopitecos são bípedes, este não irá fugir à regra. Descobriram-se fósseis deste australopiteco em Kanapoi no Kenia. O primeiro foi descoberto em 1965, consta de um fragmento do húmero esquerdo, e tem uma idade aproximada de 4 MA. Em 1994 Peter Nzube encontrou um maxilar inferior com a dentição completa e tem uma datação de 4,15 MA. Também em 1994 Kamoya Kimeu encontrou uma tíbia a que faltava a porção do meio, este tem aproximadamente 4,0 MA. O Australopithecus anamensis viveu numa mistura de savana aberta com floresta, e tinham uma face parecida com a dos macacos. O nariz era achatado e os ossos da crista supraorbitárias bastante salientes. A capacidade craniana de 375/500 cc e o seu peso variava entre os 25 e os 60 Kg com uma altura entre 1 m a 1,5m. As fêmeas eram menores que os machos (dimorfísmo sexual), tinham cerca de 65% do peso do macho. O crânio era similar ao do chimpanzé exceto nos dentes em que é parecido com o Homo Sapiens. A forma do maxilar está entre a forma retangular dos outros símios e a forma parabólica do homem atual. Os ossos das pernas e da pélvis são bastante semelhantes aos do homem moderno o que não deixa qualquer dúvida acerca do bipedismo destes hominídeos. O dedo grande do pé está em linha com os outros dedos e são mais compridos que o dos homens, mas as mãos são bastantes semelhantes às nossas o que indica, segundo alguns especialistas, que ainda subia em árvores. Também há os que pensam ser uma evolução. Quanto à tecnologia e utensílios, não existem indícios que indiquem a sua utilização. O seu habitat era de savana semiárida e floresta.
Hadar, Etiópia: em 1973 Donald Johanson encontrou restos de duas pernas, incluindo um joelho completo, isto é, a junção entre o fêmur, a tíbia e o perônio. A datação deste fóssil indica que viveu à aproximadamente 3,4 MA. Afar (Hadar), Etiópia (AL 333): em 1975, Johanson encontrou aquilo que ficou conhecido como a Primeira Família. Esta descoberta consistiu em pelo menos 13 indivíduos de todas as idades. Essa família, Johanson acredita que pertence a uma só espécie, A. afarensis, e que existe dimorfismo sexual, os machos são maiores que as fêmeas, há outros cientistas que acreditam que os indivíduos maiores pertencem a uma espécie primitiva de Homo. A idade estimada para estes indivíduos é de 3,2 MA.
Lucy, o mais famoso Australopitheco encontrado até hoje. No dia 30 de Novembro de 1974 Donald Johanson e Tom Gray descobriram este hominídeo enquanto retomavam o caminho de regresso ao seu Land Rover, depois de uma longa manhã de pesquisas de fósseis. Enquanto andava, Johanson, deparou com um antebraço o qual identificou como pertencente a um Hominideo. Depois de algumas escavações encontrou um osso occipital, um fêmur, pélvis e um maxilar inferior. Algumas semanas depois e após muitas horas de trabalho árduo, foram encontrados cerca de 100 Fragmentos de ossos, representando 40% de um esqueleto completo. Este australopitheco ficou com o nome de Lucy, porque à noite, enquanto se festejava a descoberta, estava a passar repetidamente o sucesso dos Beatles, "Lucy in the sky with diamonds". Lucy, quando morreu (a causa da sua morte não é conhecida, mas pensa-se que talvez tenha morrido afogada ou sido morta por um crocodilo, já que foi encontrada em meio lacustre) tinha cerca de 20 anos e media pouco mais de 1,20m. A sua capacidade craniana corresponde a uma laranja grande e o conjunto da estrutura pélvica e pernas sugere que Lucy andava ereta e era bípede. Contudo mantinha a capacidade de subir em árvores. Os sedimentos à volta de onde Lucy foi encontrada, na formação de Hadar, estão divididos em três membros. Lucy foi encontrada no mais alto, o Kada Hadar ou KH membro. Os fósseis não podem ser datados diretamente, mas os sedimentos à volta podem, quer através da estratigrafía quer pela datação, por exemplo, 4OAr/39Ar (Argon-Argon). Através desta técnica Lucy pôde ter sido datada com maior precisão e, portanto, pode-se dizer que ela viveu à 3,1 8 MA. (IHO - Institute of Human Origins).
Foram encontradas pegadas de indivíduos que deveriam ter cerca de 120cm a 140cm de altura. Estas pegadas são uma marca evidente de bipedalismo. Estas marcas atribuem-se ao A. afarensis porque com esta datação é o único Australopiteco existente na altura e naquele local, pelo menos até à data.
A . Africanus: O primeiro exemplar destes Australopithecus foi encontrado em Taung (África do Sul) pelo professor de Anatomia da Universidade de Witwatersrand, Raymond Dart, em 1924. O achado consistia na face completa, dentes e maxilar. Estes fósseis tem entre 2 a 3 MA de idade. Relativamente a este crânio, acredita-se pertencer a uma criança entre os 5 e os 6 anos, tendo uma capacidade craniana de 410 cc. Foram posteriormente encontrados, em 1947, por Robert Broom e também um segundo achado por J. T. Robinson, um crânio de um adulto com capacidade craniana de 485 c.c. sendo este fóssil conhecido pelo nome Mrs. Ples. Também foram encontrados uma coluna vertebral quase inteira, pélvis, fragmentos de costelas e uma parte de um fêmur. Estas descobertas têm cerca de 2.5 milhões de anos e aconteceram em Sterkfontein. Esses hominídeos tinham cerca de 150 cm de altura e pesavam entre 30 a 40 Kg. A sua capacidade craniana variava entre 420 e 500 cc. Viveram num ambiente que se pensa ter sido extremamente árido com poucas árvores e arbustos, junto às grutas onde viviam existiria água, o que permitiria, por certo, uma maior hipótese de sobrevivência. Pela análise de dedos fósseis conclui-se que mantinham a capacidade de subir em árvores com muita facilidade, o que seria uma defesa contra os predadores. Com a análise dos dentes descobriu-se que se alimentavam de frutas e raízes e ocasionalmente de carne. Acompanhando os molares existiam fortes músculos nos maxilares para mastigar alimentos crus. O exame feito do uso dos dentes, indicaria um tempo médio de vida de cerca de 22 anos. Não usavam nenhum tipo de instrumento, a tecnologia não deixou vestígios.
Os Australopithecus africanus pertencem, juntamente com os Australopithecus afarensis, à forma grácil devido à sua estrutura física e capacidade craniana. Os fatos que permitiram distinguir o Australopithecus africanus como um primeiro hominídeo, e não como um macaco, foram os molares mais semelhantes aos humanos. A capacidade craniana que é superior à dos macacos e o formato dos maxilares, que sendo parabólica se assemelham aos humanos.
A. Robustus, descoberto por Robert Broom, em 1938, em Kromdraai no Sul de África (Broom, 1938) consiste em pequenos fragmentos, incluindo 5 dentes e alguns fragmentos ósseos. Este foi o primeiro A. Robustus a ser descoberto. O Australopitheco robustus data aproximadamente entre 1,3 e 2.3 MA. Esta espécie de Australopithecos encontrava-se na região da África do Sul, (caves da África do Sul, Kromdraai, Swart Raans). A diferença entre os vários tipos de Austral que existiram, residia na sua estrutura. Tinha uma aparência alta, o peso estava entre os 45 Kg, com uma estrutura larga e com uma capacidade craniana de 500/600 cc. Uma característica da maioria dos Australopithecos robustus é que tinham uma fisionomia maciça, os seus músculos de mastigação e os seus dentes, quase todos molares, parecem sugerir que seriam vegetarianos, pensando-se que a sua dieta, na maioria das vezes, seria pouca. Em relação aos dentes, estes apresentavam uma arcada dental parabólica, molares bastante largos e pré-molares com espesso esmalte, dentes incisivos muito pequenos, maxilares maciços, dentes completamente lisos e gastos. A face pesada é de forma plana, sem fonte e vastas sobrancelhas. Esta espécie apresentava frequentemente uma crista. As suas mãos eram muito parecidas com as do homem atual, com uma longa palma, capaz de fazer movimentos e manipular objetos. Os vestígios fósseis são muito individuais, principalmente dentes e restos cranianos. Também para esse australopithecus não há vestígios de tecnologia.
A. Boisei viveu desde à 1, 1 a 3,1 MA atrás. Esteve presente durante um dos períodos glaciais da terra. Estes se encontram a Oeste do Rift Valley, Olduvai, Tanzânia, Koobi Fora & West Turkana no Kenya. O clima áspero em que viveram, levou-os a ter um determinado tipo de dieta dura, sendo esta à base de frutos e plantas, que era o que restava deste clima nada ameno. Para que pudessem mastigar esses alimentos, o A. Boisei tinha um maxilar maciço e músculos fortes para poder mastigar, que fez com que ficassem com umas partes mais rígidas na face (de fronte para trás) a até cristas (que também pode ser encontrado no A. Robustus, como já se mencionou), apresentavam uma arcada parabólica dental, molares extremamente largos (alguns cresceram para cima de 2 cm), pré-molares com um esmalte espesso, os caninos e os incisivos são muito pequenos, os dentes são completamente lisos e gastos. Este Australopiteco tinha uma capacidade craniana entre 400/500 cc, apesar de que depois de um exame a algumas impressões feitas dentro de um crânio, indicam que a estrutura do cérebro teria sido mais complexa do que o seu tamanho revela. Possuem um corpo com uma estrutura bastante pesada e nariz largo. Os vestígios fósseis de muitas espécies são, na sua maioria, crânios e dentes. Não foram achados vestígios de tecnologia.
Zinjantropus, "Nutracker Man", Australopithecus boisei: Descoberto por Mary -Leakey, em 1959, em Olduvai na Tanzânia (Leakey, 1959). A idade estimada para este boisei é de 1,8 MA. Os fósseis encontrados são, basicamente, constituídos por um crânio quase completo, com um tamanho de cerca de 530 cc. Luis Leakey, considerava-o um ancestral do Homem atual, mas esta hipótese foi abaixo quando da descoberta do Homo habilis, alguns anos mais tarde. O A. Aethiopitecus viveu à cerca de 2.6 a 2.4 MA. Foram encontrados fósseis no Rift Valley, em West Turkana no Kénia, e em Omo na Etiópia. Os fósseis encontrados consistem em alguns crânios, não muito completos, com dentes e maxilares. O seu tamanho corporal é parecido com o do A. boisei, com dimorfísmo. O cérebro é pequeno, com cerca de 400 cc. Não há vestígios de qualquer uso de utensílios por parte deste Australopitecus. O habitat consistia em savana semi-árida, embora por vezes andassem na floresta. As pesquisas não revelaram tecnologia de nenhuma espécie.
Conclusão analítica do exposto:
Durante todo esse período, o homem foi acumulando conhecimentos, encontrando maneiras e meios de facilitar sua vida, criando armas para caça e utensílios para uso doméstico, e com o tempo, foi aperfeiçoando seus instrumentos. Aprendeu a produzir e a utilizar o fogo, desenvolveu formas de expressão oral, e com a agricultura, ele tornou-se mais sedentário.
Devida a ausência de documentação escrita sobre o período pré-histórico, seu conhecimento nos é dado pela a análise de seus vestígios deixados nas cavernas e nas regiões ocupadas pelo homem daquela época, instrumentos, armas, restos de alimentos, entre outros. Os historiadores não conseguem sequer determinar o local exato que serviu de berço para a espécie humana. Acredita-se, porém, que o primeiro homem fosse da região do sul da Ásia ou da África central.
A evolução cultural do homem não se processou ao mesmo tempo e no mesmo grau em toda a terra, haja visto que até os dias de hoje, podemos considerar que existem tribos indígenas em várias partes do globo, que ainda vivem na idade da pedra.

DIVISÃO DA PRÉ-HISTÓRIA
Costuma-se dividir a pré-história nos seguintes períodos: IDADE DA PEDRA LASCADA ou PALEOLÍTICO, e IDADE DA PEDRA POLIDA ou NEOLÍTICO.
PALEOLÍTICO:
O primeiro período da pré-história denomina-se paleolítico ou idade da pedra lascada. Inicia-se com o aparecimento do homem com aparência simiesca e termina com a revolução agrícola. Durante esse período o mundo físico natural alterou-se profundamente, modificando muito os sistemas utilizados pelos seres humanos, que evoluíram no seu aspecto físico e modificaram seus instrumentos. Centenas de milênios se passaram entre o aparecimento dos primeiros seres que utilizavam seixos para obter grosseiros utensílios, e o surgimento do Homo Sapiens, portador de ferramentas de pedras elaboradas e diferenciadas. Durante a primeira época do período quaternário, o pleistoceno ou era das glaciações, os hominídeos evoluíram para espécies de crescente inteligência, capazes de fabricar instrumentos, como armas, utensílios e moradias. Essa tecnologia pré-histórica deu início ao desenvolvimento generalizado. Os Australopithecus, cujos restos foram encontrados nas regiões leste e sul da África, na China e no Sudeste Asiático, parecem ter sido os primeiros a desenvolver uma primitiva indústria da pedra, aparentemente esfregando uma pedra na outra fabricavam os instrumentos necessários para sua sobrevivência.
Foram encontradas diversas obras, sobretudo na África, China e Java, mostrando que o homem primitivo desenvolveu diversas técnicas de entalhe na pedra. A maior parte dos instrumentos desse período corresponde a machados, facas, fabricados pelo choque de uma pedra sobre a outra, para criar uma borda cortante. Esses achados, originários da África, onde se encontram o importante sítio de Olduvai, na Tanzânia, chama-se abbevillenses (do sítio arqueológico de Abbéville) e se difundiram por toda a Europa e a Ásia. Um pouco mais elaborado, fabricado pelo choque de madeira ou osso sobre a pedra, denomina-se acheuiense (de aint-Acheui). Também é do paleolítico inferior a técnica levaloisense (de Levallois-Perret), que consiste na elaboração das lascas de sílex desprendidas de um núcleo de pedra mediante um golpe preciso. Semelhantes são os utensílios das culturas clactonianos (de Clacton-on-Sea, Reino Unido) e tayaciense (de Tayac).
Os ancestrais do homem moderno que povoavam a Terra no paleolítico médio, iniciado por volta de 25 000 a.C., já eram da espécie Homo Sapiens. Na África e na Ásia o progresso técnico se deteve na fabricação de machados, enquanto no nordeste do Mar Negro e no centro sul da Europa, registrou-se o desenvolvimento de uma indústria mais sofisticada de utilização de pequenas lascas, com as quais se fabricavam instrumentos para raspar pontas e lâminas cortantes. Essa cultura, representada principalmente pela técnica mustierense (Moustier), tem relação com os restos dos homens de Neandertal.
Por volta do ano 65000 a.C., durante a quarta glaciação, a Europa começou a converter-se em foco da renovação da técnica de fabricação de utensílios de pedra. O paleolítico superior se caracterizou, em primeiro lugar, pela utilização em grande escala dos ossos e dos chifres de animais para fabricação de utensílios muito aperfeiçoados e variados: agulhas, buris, arpões, pás, entre outros. As culturas do paleolítico superior, estiveram relacionadas com a expansão do homem de Cro-Magnon e outras raças humanas semelhantes às atuais. A manufatura mais importante do período foi o aurignaciano (Aurignac), cultura que aparece vinculada a formas desenvolvidas de arte e práticas funerárias. Outras manufaturas do paleolítico foram a chatelperronense, semelhante à anterior; a perigordiana; a solucrense, caracterizada pelo retoque na superfície das lâminas; e a magdaleniana. Essa última cultura se destacou pela variedade de objetos de osso, a arte parietal e de mobiliário e pela invenção de um lançador de dardos.
A Sociedade paleolítica. Os homens do paleolítico viveram em condições climáticas muito diferentes das atuais. Durante as glaciações, os gelos ocuparam grande parte do hemisfério norte. As regiões de baixas latitudes, que posteriormente se desertificaram, apresentavam então climas úmidos que permitiram o crescimento de densas florestas e variadas espécies de animais.
As comunidades humanas viviam essencialmente da caça, da pesca e da coleta de frutos silvestres. A caça era atribuição dos homens, que saíam em batidas nas quais renas, mamutes, bisons, cavalos e outros animais eram acossados e apanhados em armadilhas. Os territórios de caça eram comunitários e a posse individual se limitava às armas e adornos pessoais. Em geral as populações eram nômades, pois acompanhavam as manadas em suas jornadas sazonais em busca de alimento. Viviam em cavernas e abrigos, e em fases mais avançadas em choças cobertas de pele. O nomadismo e a troca de objetos entre comunidades de caçadores permitiram a difusão dos avanços técnicos da época.
IDADE DA PEDRA. A evolução na técnica de fabricação de utensílios de pedra ao longo da pré-história permitiu estudar e classificar as culturas humanas da idade da pedra. O conhecimento desse período, no entanto, não tem por base apenas os instrumentos produzidos pelo homem, mas também a análise dos restos de hominídeos fósseis, de animais e plantas, de artigos de osso e cerâmica, de pinturas e outros objetos artísticos. Idade da pedra é o estágio cultural inicial do desenvolvimento humano, caracterizado pelo uso de instrumentos rudimentares feitos de lascas de pedra. Fase inicial da pré-história divide-se em duas grandes etapas: o paleolítico, ou idade da pedra lascada, e o neolítico, ou idade da pedra polida. Do ponto de vista cronológico, estende-se desde a aparição dos primeiros utensílios que o homem fabricou, há cerca de 600.000 ou 700.000 anos, até a idade dos metais, quando a técnica de trabalhar a pedra foi substituída pela do metal. A idade da pedra compreende aproximadamente 98% do tempo de existência do homem sobre a Terra.
As principais características desse período são:
1. Homem com aparência simiesca.
2. Instrumentos rudimentares feitos de pedra lascada.
3. Habitavam as copas das arvores ou as cavernas.
4. Conheciam o fogo, mas não faziam uso dele.
5. Arte pouco desenvolvida.

NEOLÍTICO: Denomina-se neolítico, o período que sucede o paleolítico. Iniciou-se a 10.0000 mil anos atrás, compreendido entre o aparecimento da agricultura e o aparecimento da escrita. As variações climáticas e geológicas são bem reduzidas. Houve grandes transformações na face da terra em função da capacidade do homem de modificar o meio ambiente. É impossível determinar cronologicamente o início e o término desse período, já que, como vimos, a evolução cultural da humanidade não se processou de maneira uniforme. Ainda hoje perduram culturas neolíticas. Entre elas podemos citar a dos papuas, que vivem na Nova Guiné. A passagem do paleolítico para o neolítico se dá através da revolução agrícola.
Revolução agrícola: Entende-se por mesolítico o breve período entre os 10 000 e 9000 a.C., correspondente ao início da época geológica denominada holoceno. Do ponto de vista histórico, caracterizou-se pela série de alterações que o transtorno ecológico, trazido pelo fim da quarta glaciação, produziu no modo de vida humano. A formação de extensas áreas florestais no lugar das antigas tundras e estepes da Europa transalpina, com a consequente migração dos animais adaptados ao frio, provocou o declínio de grandes culturas, como a da região cantábrica. Os caçadores europeus, que no paleolítico superior tendiam a especializar-se na perseguição de algumas espécies, foram compelidos a modificar pouco a pouco sua economia e concentraram-se cada vez mais em atividades antes complementares: a pesca e a coleta. De modo geral, devido à relativa lentidão das mudanças climáticas no norte da Europa, as coletividades, embora ampliassem sua área de expansão, limitaram-se, para sobreviver, a adaptar as antigas formas paleolíticas de vida, modificando e melhorando a tecnologia das armas e utensílios.
No norte da África e no Oriente Médio, ao contrário, onde o holoceno se iniciou com modificações climáticas bruscas, e a irregularidade das precipitações pluviais, ocasionou de imediato a aridez em muitas áreas, por esse motivo os habitantes se viram compelidos a criar novas bases de subsistência. Dessa forma, se o paleolítico superior europeu desempenhara papel crucial no primitivo desenvolvimento tecnológico, o centro do progresso deslocou-se, nessa altura, para o Oriente Médio, onde se deu a superação da economia predatória pela de produção alimentar.
As primeiras tentativas de domesticação de animais registraram-se na Ásia ocidental, onde as manadas convergiam para as poucas reservas de água e as margens dos rios a fim de fugir da crescente aridez e do rápido desflorestamento. Os antigos caçadores, no encalço das manadas, também se obrigavam a uma relativa parada próximo aos mananciais, que rareavam progressivamente. Foi aí que se deu a troca de uma economia predatória para uma economia de produção.
O homem, começando a praticar a agricultura, deixa de ser coletor para ser produtor de alimentos. Com isso, consegue exercer maior domínio sobre o meio do que qualquer um de seus predecessores. O cultivo da terra gerou várias transformações na vida da humanidade. Enquanto no paleolítico os povos eram nômades, isto é, andavam a procura de alimentos, no neolítico adquiriram condições de sedentarização, pois a passagem para produtor lhes garantia uma forma muito mais segura de sobrevivência. Além disso, obtiveram a possibilidade de estocar alimentos. Essa nova situação traz como consequência a melhora do padrão de vida da humanidade, a diminuição da mortalidade, e um aumento muito mais rápido de população. Se no período paleolítico, o homem como coletor, habitava as cavernas, agora, no neolítico como produtor, procura morar próximo aos lugares mais férteis. Constrói, então, habitações nas margens de rios e lagos, denominadas palafitas. Outra consequência da agricultura é o aparecimento da divisão do trabalho. Enquanto o homem pratica a caça e a pesca, à mulher fica reservado o papel de plantar e colher alimentos. Gradativamente, é introduzida a atividade do pastoreio, com a finalidade de abastecimento e tração.
Na tecnologia, o homem aperfeiçoou os instrumentos de pedra lascada para os de pedra polida. Pode-se destacar, ainda, como características desse período :
1. Invenção da roda.
2. Cerâmica.
3. Invenção de barcos.
4. Instrumentação da pedra polida
5. Moradias

IDADE DOS METAIS. O emprego pelo homem pré-histórico de materiais como o bronze e o ferro, que deram nome ao período conhecido como idade dos metais, e o abandono gradual dos instrumentos de pedra representaram um importante salto qualitativo no processo cultural e na tecnologia. Chama-se idade dos metais o período caracterizado pela generalização do uso de instrumentos metálicos. No sistema proposto no século XIX por arqueólogos escandinavos, a pré-história pode ser ordenada em estágios sucessivos de desenvolvimento tecnológico, segundo os instrumentos empregados. Assim, à idade da pedra se segue a idade dos metais, que abrange as idades do bronze e do ferro. No entanto, o conhecimento dos metais não ocorreu simultaneamente nas diferentes regiões do mundo antigo. Na Grécia, por exemplo, a idade dos metais começou antes de 3000 a.C., enquanto na China isso se deu por volta de 1 800 a.C.
Origens: O período de transição entre o neolítico, fase da pedra polida, e a idade do bronze, é comumente denominado calcolítico, ou idade do cobre. Embora inicialmente raro, o cobre já era utilizado no leste da Anatólia em 6 500 a.C., e seu uso logo se generalizou. A necrópole pré-hitita de Alaca ostenta estatuetas de cervos e touros de cobre, além de numerosas peças de ourivesaria e joalheria. Mais ou menos em 3500 a.C., o rápido desenvolvimento da metalurgia contribuiu para a urbanização da Mesopotâmia. Por volta de 3000 a.C., o uso do cobre, já comum no Oriente Médio, começou a atingir as culturas neolíticas do continente europeu. O cobre foi usado na Hungria e na Espanha, regiões ricas em minérios, e difundido na Europa por tribos nômades. Entretanto, foi o bronze, liga de cobre e estanho, introduzido por artesãos vindos da Ásia Menor em busca de estanho, que revolucionou a Europa. Em pouco tempo floresceu na Europa central, na Espanha e na Inglaterra a idade do bronze, enriquecida pelo intercâmbio com Creta.
Idade do Bronze: O calcolítico pode ser considerado como parte da idade do bronze, mas essa liga foi muito raramente utilizada no período. A idade do bronze se desenvolveu de fato entre 4000 e 2000 a.C. Na Europa, estendeu-se até o século XII a.C., quando os grandes movimentos celtas para lá levaram o conhecimento do ferro .Por volta de 2000 a.C., Biblos, porto da costa fenícia de influência egípcia, era importante centro metalúrgico do bronze. Ali foram encontrados sarcófagos de reis vassalos ou aliados dos faraós da XII dinastia, com vasos de prata, harpas de bronze, facas e punhais. Em Ugarit (Ras-Shamra), ao norte da Síria, o emprego do bronze, introduzido no fim do terceiro milênio, difundiu-se muito rapidamente e alcançou o apogeu na época do novo império egípcio e da expansão miceniana na Síria.
Em 1500 a.C. aproximadamente, a metalurgia florescia na Europa, onde espadas, pulseiras e grampos eram às vezes trabalhados com técnicas artísticas. O motivo predominante nas obras da idade do bronze era a espiral, e na Alemanha e na Escandinávia a ela se acrescentaram as estilizações de animais, principalmente o cisne. A divisão cronológica da idade do bronze provocou bastante polêmica, devido à presença de culturas diversas em territórios muito diferentes. Finalmente, os estudiosos decidiram estabelecer três fases: bronze antigo, médio e recente.
Nas culturas do mar Egeu, o bronze, o estanho, o ouro e a prata generalizaram-se na última metade do terceiro milênio, nos vasos e na joalharia. Em Creta e nas Cíclades, o bronze antigo vai de 2700 a 2100 a.C. No continente, Europeu de 2500 a 1900 a.C.
O bronze médio, que se estende até 1600 a.C., tem início em 2700 a.C. em Creta, e no ano 2000 a.C no Continente. Durante esse período, as artes do metal representam grande progresso em termos de dimensão das armas e de abundância de vasos e utensílios de bronze. Do bronze recente, que vai de 1600 a 1200 a.C., restaram vários depósitos de armas e objetos.
Idade do ferro: O último estágio tecnológico e cultural da pré-história, a idade do ferro é o período em que esse metal substitui o bronze na fabricação de Utensílios e armas, a tecnologia tem um grande progresso. Seu início também varia de acordo com a região geográfica. No Oriente Médio e no sudeste da Europa, começou aproximadamente em 1200 a.C., mas na China somente em 600 a.C.
Embora no Oriente Médio, por exemplo, o ferro tenha sido utilizado de forma limitada como um metal raro e precioso pelo menos até 3000 a.C. não há indicação alguma de que tivesse sido apreciado pelas qualidades que o diferenciam do cobre. Entre 1.200 e 1.000 a.C., no entanto, o intercâmbio da metalurgia e de objetos de ferro ocorreu de forma rápida e abrangente.
A produção em grande escala de utensílios de ferro permitiu novas formas de ocupação sedentária da terra. Por outro lado, a utilização do metal na fabricação de armas permitiu que pela primeira vez as populações se armassem e promovessem movimentos que, durante os dois mil anos seguintes, mudaram a face da Europa e da Ásia.
A idade do ferro européia tem sido dividida em duas etapas diferentes, conhecidas pelo nome de dois importantes sítios arqueológicos: o Hallstatt, na Áustria, e o La Tène, na Suíça.
Cultura Hallstatt: A primeira idade do ferro, ou cultura Hailstatt, se desenvolveu entre os séculos XI e V a.C. e representou o primeiro florescimento da cultura dos celtas. Teve origem nas regiões central e ocidental da Europa, onde se encontraram mais de dois mil túmulos, em escavações realizadas no fim do século XVII. A maior parte desses túmulos se classifica em dois grupos, relativos a uma fase inicial (1050 a 750 a.C.) e uma final (750 a 450 a.C.). Perto do cemitério havia uma mina pré-histórica de sal e, devido à capacidade de preservação do sal, conservaram-se implementos, partes de vestimentas e até mesmo os corpos dos mineiros.
Os resquícios encontrados em Hallstatt são geralmente divididos em quatro fases (A, B, C e D), embora haja controvérsia entre estudiosos sobre sua delimitação. Na fase A, o ferro era raro e somente na fase o seu uso se generalizou. Entre os muitos objetos de ferro dessa terceira fase, encontraram-se longas e pesadas espadas de ferro e bronze com ponteiras floreadas, além do machado Halistatt. A fase D, de que não há vestígios na região leste da Áustria, durou até o surgimento da cultura La Tène em outras áreas.
A arte Hallstatt é rigidamente geométrica em termos de estilo e evoluiu muito mais em termos técnicos que estéticos. Há uma tendência generalizada para o extravagante, e os motivos decorativos são preferencialmente simétricos.
Cultura La Têne. O segundo período do ferro europeu, chamado cultura La Tène, teve início em meados do século V a.C., quando os celtas entraram em contato com as influências gregas e etruscas do sul dos Alpes e se expandiram pela maior parte do norte da Europa e das ilhas britânicas. A cultura La Tène marca o apogeu da cultura dos celtas e se estende até o século 1 a.C., quando eles perderam sua independência para os romanos.