Teatral no MSN

Teatral no MSN

Horário: 19:55

Plataforma: PC

Status: Ausente

Pergunta:

Ó ausente, por que assim te comportas, como um demente?

Não vês que estou carente? Quando necessitavas, não estava sempre eu, impávido, presente?

Atende, criatura, antes que na cabeça, eu lhe dê com um dormente.

Resposta:

Te aquieta, ofídio virtual, então não sabes que o meu repouso é o regozijo dos fortalecidos pela fé e a à salvo dos inconseqüentes?

Pergunta:

Ah, sim? Manifestaste-te, finalmente, ex-ausente! Como ousas adjetivar-me de modo ignóbil, justo eu, teu amigo das horas lacrimosas? Mais uma dessas e aspergirei na vizinhança os predicados de tua progenitora.

Resposta:

O que? Te atreves assim insidioso, víbora digitalizada, que num repente perturbado perdes a estribeira e ousas macular a imagem da santa mulher?

Pergunta:

Santa por qual laia, ex-camarada? Esqueceste que nas esquinas a palavra de ordem é: seus segredos os outros que contam? Pois espera só, que eu aqui aflito, necessitado de um presente, além de só encontrar ausente, quando presente me injuria, chamando-me de réptil. Espera e verás a honra da santa desmascarada, onde até as pedras das calçadas por ela pisoteadas murmuram: lá vai aquela, que quando jovem, ganhava presentes em troca de favores.

Três dias depois, passados, respectivamente, no pronto socorro e na delegacia:

Horário: 23:30

Plataforma: PC

Status: Ocupado

Pergunta:

Ó ocupado, agora te fazes de rogado, de novo vais regatear tua presença de transviado e tua hereditariedade maculada?

Resposta:

Pelas labaredas do Jacu?! Tu não sumiste ainda, eunuco embriagado? Será necessário que te açoite uma vez mais, na frente da criadagem, do delegado e das assistentes sociais?

Pergunta:

Podes até tentar, desocupado malandrão, por que não mudas o status para “encostado”, já que essa é tua sina, desde quando te fantasiavas de menina?

Resposta:

Tu vais ver só, agora sim degringolas, tarântula hepática, pouco sobrará de ti quando esganá-lo, como uma galinha d‘angola!

Passados três dias, inexoravelmente, sobre as lápides idênticas e lado a lado, numa lápide maior, assim constava:

“Aqui jazem dois cabrões, que pela força de seus desatinos, mostraram em seus destinos: seja qual for a tecnologia, nós sobreviveremos a ela”.

Bernard Gontier
Enviado por Bernard Gontier em 24/10/2008
Reeditado em 04/09/2013
Código do texto: T1246509
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