Breve Filosofia Momentânea

"Um estranho no ninho", ou fora dele. Talvez um bom clichê para designar cada um dos que simplismente tentam 'sobre'viver neste lugar. E digo 'sobre'viver não como figura de linguagem, mas sim, como um descritivo desta vida cotidiana de correria, empurrões, fechadas, buzinas, lugares lotados e de pessoas prontas para passar á frente de qualquer um que esteja por perto. Não que seja necessário, mas os acostumados a 'sobre'viver aqui, vêem este ato como uma vitória momentânea, mesmo que seja sobre uma pessoa que, por educação, a tenha deixado passar.

Certo dia passei por uma praça chamada "Juca Mulato". Fico me perguntando, será que o ''Juca Mulato'' foi mais um no meio desta multidão? Será que o tempo que ele gastava entre o trabalho e seus translados era a parte maior do seu dia? Será? Será que ele vencia todos os dias a batalha de passar á frente de próximos a ele? Será?

Imagino que não, imagino que o ''Juca Mulato'' tenha se destacado por estar fora do sistema. Mas será que isso significa que ele gastava menos tempo em função do trabalho do que a maioria? E por isso teve seu nome dado a uma praça?

Poderíamos, com isso, pensar na funcionalidade do sistema. Mas um sistema que funciona, e bem, tecnologicamente falando, poderia conter erros conceituais básicos? Existe nele um caminho curto para a glória? Sair do sistema? Mas como conseguir? Apoiado em quê? Ou seria o ''Juca Mulato'' forte o bastante para não necessitar de apoio algum? Seria esta sua glória?

Para muitos, a explicação é que o ''Juca Mulato'' pode ter sido um trabalhador, que chegou à glória por trabalhar mais do que a maioria. Por se dedicar mais. Pensar mais no trabalho em suas horas vagas. Em suas horas de sono. Por passar à frente de mais pessoas durante sua vida. Estes têm nesse ''Juca Mulato'' a sua meta de vida.

Enfim, todos estamos aqui visando ser um ''Juca Mulato'', mas poucos seremos! E, no final, poucos saberemos ao menos quem era o nosso ''Juca Mulato''.