Meu pote de mel

Eu me acho uma mulher tão forte, minhas atitudes, meu modo de encarar a vida sempre como se eu empunhasse uma espada na mão. Pronta para atacar ou para me defender? Dizem que o ataque é a melhor defesa... Mas por que me defendo tanto? Se preciso dessa armadura e dessa espada é porque me sinto ameaçada e frágil, pois qualquer pessoa pode me ferir? Acho que todo guerreiro traz bem lá dentro, por trás da sua armadura fria, uma alma tão quente que o torna a criatura mais frágil do mundo e no entanto, ninguém enxerga isso porque ele passa a imagem de líder, fortaleza insensível.

Permitir que vejam através da minha armadura seria o mesmo que me despir diante do mundo, me sentiria completamente vulnerável, me deixaria à mercê de todo e qualquer tipo de ataque, poderia me machucar, poderia sofrer. Eu tenho medo de sofrer. Já sofri muito, eu sei bem o que é isso e não quero nunca mais sentir, por isso me protejo com minha armadura de mulher forte e independente. Serei eu um personagem? Talvez não, porque forte eu sempre fui, faz parte do meu ser, apenas descobri o quanto posso ser ferida me deixando ser frágil. Sufoquei, por vontade própria meu lado mais sensível, tranquei em algum lugar que procurei esquecer toda a minha doçura e dependência emocional. Me senti mais forte, mais segura, mais dona de mim. Não sei quando, mas um dia eu resgato essa outra mulher lá do fundo de mim, ainda não, preciso dessa fortaleza e resistência, preciso da armadura porque é meu momento de batalha, ainda estou atravessando caminhos difíceis e encontrando alguns dragões, não tem lugar aqui pra fragilidade. Talvez depois de tudo, quando eu finalmente puder descansar em mim mesma, depois das batalhadas travadas e das feridas tratadas, talvez aí sim eu liberte do cárcere meu pote de mel.

Drika Gomes