Saudades...

Saudades daqueles tempos, períodos em eu nem menina era, foram grandes acontecimentos que nem presenciei, mas que posso em minha geração ter a sinestesia dos grandiosos reflexos. Foram décadas marcantes, perdidas ou permeadas de passeatas e gritos nas ruas.

A saudade vai além do pão e circo futebolístico, dos bailinhos, do laquê no cabelo ou o vestido rodado, e lá se intensifica para o tempo em que não houvera o PIN, judeus sendo lançados ao holocausto ou um faraônico projeto a fim de transpor o Rio São Francisco.

Saudades da presença, talvez alienada, dos jovens nas ruas lutando por direitos, fazendo valer os princípios de Marx. Iluminismo, saudade, deste que em 1789 influenciou a inconfidência.

Ainda há gente que sinta saudade do que não sinto, do plano real, plano verão ou das múltiplas faces do pai do pobres. São tempos que não voltam mais, como o dia ou o instante em que a Amazônia e sua biodiversidade ainda eram nossos.

Tempos bons, eram aqueles em que o verde e a mata Atlântica ainda pairavam sob o mapa brasileiro e que a geração condoreira engajava-se socialmente através da arte literária.

Geração esta nossa. Tudo tão verticalizado, globalizado e capitalizado... Nossos descendentes também sentirão saudade, indubitável dizer que até mais do que hoje sentimos, foram e são intensos reflexos, serão grandiosas saudades.

glaucia pinheiro
Enviado por glaucia pinheiro em 06/07/2008
Código do texto: T1067609
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