Guerra

As ruas estavam aparentemente desertas. As poucas pessoas vivas que haviam, estavam gravemente feridas ou pedindo ajuda. A guerra havia acabado com tudo. Florestas estavam completamente devastadas, e a fumaça ocultava qualquer resquício do que se podia chamar de vida. Tudo era cinza e desesperado. Caos era uma palavra que definia apenas uma pequena parcela do que estava acontecendo. A grande maioria dos corações estava tomada por mágoas ou sede de vingança.

Anita não podia compreender o porquê daquilo tudo. Uma lágrima escorreu por seu rosto pálido e cansado. Dirigiu-se até a cabana onde costumava se esconder quando estava triste ou com problemas. Sentou-se no chão frio, e lembrou-se da cena de seu irmão sendo morto. Aqueles homens não tinham coração. Como tiveram coragem de matar uma pobre criança? Anita agarrou seu cobertor com força, e derramou mais lágrimas. Mas, de que adiantava chorar? Infelizmente, suas lágrimas não iriam trazer seu irmão de volta. Sua dor era tamanha, e parecia aumentar a cada segundo.

Então, começou a refletir sobre o que estava acontecendo... Guerra pela paz? Não, não podia ser. Jamais seria capaz de entender uma guerra. Jamais seria capaz de entender a morte justificada pela vida. Não, não havia justificativa. Não havia razão. Não havia amor suficiente que justificasse o ódio. Lutas por uma ideologia esquecida na história. Pessoas estavam morrendo para vingar. Mas, vingar o que mesmo? Já não sabiam mais o porquê de guerrear. Apenas guerreavam, matavam, e morriam. Apenas cortavam o ciclo da vida ao meio, não dando chances de alguém construir uma história.

E assim, com o passar do tempo ela se acostumou. Acostumou-se com as mortes e com a quantidade de sangue derramado. Assim como todos os seres humanos se acostumam. No entanto, diferente dos outros, jamais se conformou. E aos poucos, tentou mudar tudo isso. Tentou mudar através da única forma que pode transformar qualquer coisa no mundo... Tentou mudar através do amor!