Vontade

Não sabia mais do gosto doce que tinha o beijo. Preferiria o salgado da língua, o ardente da boca e o adeus, mas por um vacilo, obriguei-me a degustar. Pelo sabor dos olhos e do contorno e simetria de tudo mais eu fiquei. Permiti meus dedos e minha imperfeição à descrença e esquecimento do que seria - o meu – real. Enquanto isso, minha angústia fria implorava atenção, entediada e solitária, mas meus sentidos quiseram mais.

Esqueci, por um segundo, do movimento breve que teria a reação normal. Foram os olhos de bronze que tanto evitei. Perdi o caminho e encontrei outra direção – não minha mais. Deleitei-me pela eternidade que se desenhava diante de mim; postei-me ao cru, ao zero, para que escreve um novo início – aquele que nunca quisera ouvir.

E perdi-me em mim.

Ie
Enviado por Ie em 16/06/2008
Código do texto: T1037000