RELATÓRIOS DE VIAGEM I (MOMENTOS MARCANTES QUE VIVI NAS FÉRIAS E QUE DESEJO COMPARTILHAR COM O PESSOAL DO RECANTO)

Estive fora do ar no Recanto por pelo menos vinte e cinco dias, talvez um pouco mais. Estava perambulando pelo interior da Bahia e desejo compartilhar com os prezados leitores acontecimentos que foram , a meu ver , marcantes. Vou então chamar a esses relatos de RELATÓRIOS DE VIAGEM.

RELATÓRIOS DE VIAGEM I

Sai de São Paulo no dia 17 de Dezembro de 2005, no vôo das quatro e trinta da manhã, rumo a Salvador. A viagem foi bastante tranqüila, salvo pela passagem de alguns períodos de instabilidade, segundo a explicação técnica do piloto. Por “períodos de instabilidade” entenda-se o sacolejar do avião que às vezes parece estar pulando de alegria. Eu até que compartilharia dessa alegria se não estivéssemos a , pelo menos, onze quilômetros do chão, da terra firme. Quando essa instabilidade acontece, muito discretamente um passageiro qualquer olha para um outro significativamente e emite um quase desapercebido sorriso amarelo. Muito felizmente são momentos rápidos e que não se repetem com muita freqüência. A viagem prosseguiu sem maiores novidades até que o sol, maravilhoso, encantador, rompeu a escuridão da madrugada e inundou todo o interior da aeronave: foi um momento lindo, mágico, único... Meu filho Joel , de 4 anos de idade, curtiu esse instante tomando guaraná e olhando curiosamente algumas nuvens que ficavam douradas quando tocadas pelos raios solares. Não demorou muito e o piloto avisou que aterrissaríamos daí a poucos minutos. Quando finalmente a aeronave tocou o solo e parou, uma animadíssima salva de palmas se fez ouvir, e até assobios! Todos sabíamos o que aquilo significava, o que se comemorava com tanta satisfação: ainda não havia chegado a hora de ...morrer! Dois dias antes os jornais televisivos informavam a queda de um avião não me recordo em que lugar e circunstância. Nessa altura dos acontecimentos, devo confessar uma certa inveja de meu filho que, absolutamente alheio a qualquer consciência de perigo, saboreando seu cereal ria a cada minuto, perplexo por ver carros minúsculos andando por rodovias igualmente minúsculas. Infelizmente, a consciência de que por uma fatalidade a aeronave pode cair , e então muito provavelmente não restará nenhum sobrevivente, subtrai uma boa porcentagem da satisfação de voar. Impossível ignorar a coisa por inteiro! Sabem por quê ? Porque antes de o avião levantar vôo uma garota belíssima fica na sua frente e, ao invés de lhe dizer que a viagem é bastante segura e que não há uma razão fundamentada para que você sinta medo, durante uns breves minutos (graças a Deus) ela explica como se “salvar” de afogamento, incêndio – entre outros sinistros – caso o avião caia no mar ou pegue fogo por alguma razão. Ótimo estímulo para quem é um tanto humilde de coragem! A intenção é louvável, mas o efeito... é devastador! E quando o avião retoma os seus festivais de pulinhos de alegria, passando por “rápidos períodos de instabilidade”, a gente se lembra da moça bonita e do seu discurso. Diga lá: há quem possa esquecer? Daí o aplauso e os assobios serem totalmente compreensíveis e justificáveis. E viva Salvador, axé Bahia, salve Senhor do Bonfim que nos deu um bom fim de viagem naquela linda manhã ensolarada.

CAVALAIRE
Enviado por CAVALAIRE em 22/01/2006
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