A FORÇA DO PERDÃO

No banco da praça...

- É Pedro, quase cinqüenta anos de amizade e finalmente um bom tempo pra uma boa prosa.

- É Neto, neste longo tempo de quem muito aprendeu e ainda sabe pouco da vida. Quando jovens, brigamos por causa das partidas de futebol na escola, na rua; por causa de vadias em festas, em zonas; brigamos até quando te falei que Lorena havia te traído, lembra? Mas sempre quando você estava bêbado, me pedia desculpas e tudo ficava bem. Ah, e você acabou se casando com a Fátima.

- É.

Neto, ao tocar nesse assunto, me lembrei de quando se separou da Fátima e por coincidência foi no mesmo ano que Lúcia e eu também nos separamos. Demorei, a saber, porquanto fui pra cidade enquanto o amigo quis criar os filhos na roça, entregando-se às bebidas alcoólicas por causa da separação enquanto eu me formava em engenharia. O curioso mesmo foi sua reconciliação com a Fátima no mesmo ano em que aceitei a Lúcia novamente em minha vida, mas não passou de um caso frustrado por eu não conseguir perdoá-la e preferir ficar só.

- Pois é cumpadi, a Fatinha mereceu, bobo. Ela mudou seus modos, sabe.

- Até tu mudaste, Neto. Saiu barato o extrair da sua vesícula, causada por abusar do consumo de cachaça. Tem gente que morre com ela e tudo. O que saiu caro foi aceitar a Fátima de volta com aqueles quatro meses de grávida depois de quase cinco anos de separação, né...

- Pois é cumpadi. Vejo que de solidão e engenharia o amigo estudou tudo, mas enquanto isso eu me formava no amor. Matéria difícil essa, num sabe, mas aprendi a ser ousado, corajoso e fiel ao que prometi no altar a Fatinha e perante Deus. Ela mudou seus modos quando foi abandonada pelo sujeito que a prenhou e eu preferi não ficar só, mas largar a cachaça por ter um guri pra criar. Isso saiu barato a quem estava com a vida por se ceifar. A força do perdão é o conceito da vida que você pouco sabe e a simples causa de nós estarmos aqui proseando.

- É...