O VIOLINO DE VIDRO

Renan Otto era professor de música e decidiu montar uma academia musical para crianças. Ele pedia doações de instrumentos musicais usados e logo começaram a ser enviados. Tambores, flautas, trombetas, harmônicas, chocalhos, pandeiros, triângulos, e outros. Numa arca havia um exemplar desconhecido por ele, um violino de vidro. As cordas eram fios de ouro, estandarte, cavalet, voluta, cravelhas, todos de marfim, o arco era feito dum osso de animal e tinha crinas de cavalo. Dentro haviam algumas notas musicais gravadas com ouro líquido e prata de lei. Não havia marca de fabricação, mas o vidreiro que havia feito aquele instrumento era especialista em vidraçaria. Poderia ser talvez uma obra desconhecida feita por Benjamin Franklin, o inventor da flauta de vidro. Aquele violino era único no mundo, feito sob encomenda para alguém especial. Parecia que o doador anônimo não tinha conhecimento daquela relíquia, não entendia de música, ou queria se desfazer do violino por algum motivo.

Renan rebuscou informações na internet mas achou apenas superstições sobre um tal violino que foi proibido, desapareceu de circulação, tido como instrumento mortal, quem tocava logo morria. O violino superstimava a complexidade do cérebro, causando tonturas, nervosismo, alucinações, afetava o público. O som agudo evocava espíritos sobrenaturais, possessões, foi banido por medo, considerado objeto maldito. A página não mostrava imagem do instrumento musical, nem do material usado na fabricação, indicando que algumas informações haviam sido excluidas.

Ele pegou o arco e tentou tocar as notas gravadas. Era uma melodia suave, lembrava pingos da chuva, cicio do vento, canto dum passarinho, farfalhar de folhas, sons da natureza e de bosques. Enquanto ele tocava absorto, não via que na janela da cozinha, pela vidraça luziram as cores dum arco-íris e a porta da geladeira se abriu.

Qual segredo haveria naquele valioso e misterioso violino de vidro ?

Será mesmo que a melodia invocava algo de sobrenatural ?

☘️ segue no cap. 2