O mundo de Arakna
Em tempos imemoriais, quando o mundo ainda era jovem e as montanhas tocavam os céus com sua majestade, havia uma montanha sagrada conhecida como Arakna, onde os ventos sopravam segredos do universo e os rios corriam com a sabedoria dos antigos. Na base dessa montanha havia um jardim oculto, onde flores que brilhavam como estrelas cresciam entre as pedras. Diziam que esse jardim não era visível aos olhos comuns, apenas às almas que carregavam o laço de um amor eterno.
Na aurora de uma noite estrelada, dois seres foram atraídos por esse jardim. Kael, um espírito de fogo, vindo de terras distantes e desérticas, caminhava há muitas eras em busca de algo que nem ele mesmo sabia nomear. Seu coração ardia com um desejo profundo, uma chama que ele não podia apagar. Lira, uma alma de água, vinda de montanhas onde os rios dançavam em cascatas cristalinas, também sentia essa mesma busca em sua essência. Seu espírito fluía com serenidade, mas havia um vazio que ela jamais conseguira preencher.
Guiados por um fio invisível, eles se encontraram no centro do jardim, sob a luz suave das estrelas. Naquele momento, sentiram que suas almas, tão diferentes como o fogo e a água, eram partes de um todo que o tempo havia separado. Ao se olharem, reconheceram-se de vidas passadas, de eras esquecidas onde o amor os unira como um só. Era como se as estrelas os observassem, guardando aquele encontro, como testemunhas de um amor que ultrapassava a própria existência.
No topo da montanha sagrada, os deuses teceram um fio invisível, feito da luz das estrelas e da força dos ventos ancestrais, ligando Kael e Lira. Esse fio, imperceptível aos olhos humanos, nunca poderia ser rompido. Sempre que estivessem distantes, mesmo separados por mares ou eras, esse fio os manteria conectados, e eles sentiriam o chamado um do outro.
Kael, com sua chama, e Lira, com sua fluidez, descobriram que, embora fossem opostos, formavam juntos uma força incomparável. Eles se uniram em corpo e alma, sabendo que aquele amor não era apenas desta vida, mas de muitas antes e de todas que ainda viriam. Suas almas, ligadas pelo fio das estrelas, iriam além das montanhas, além dos jardins e dos tempos terrenos.
Mesmo após suas vidas terrenas findarem, suas almas viajaram juntas pelas constelações, tornando-se chamas eternas no cosmos. Dizem que, nas noites mais claras, quando o céu está salpicado de estrelas, é possível ver Kael e Lira dançando entre as constelações, suas almas gêmeas entrelaçadas para sempre, guiando outros corações que buscam a força do amor eterno.
E assim, seu amor segue, inquebrável, nas estrelas, um laço ancestral que jamais se apaga, iluminando a eternidade sideral.