O Exílio de Elgibor: O Anjo Caído

 

Na guerra que houve no Céu, conforme narrado no livro de Apocalipse 12:7, um dos anjos rebeldes, Elgibor, foi golpeado por um anjo de maior hierarquia. O impacto desse golpe de poder descomunal o transportou para outra realidade, um vazio completo. Nesse abismo isolado, sem noção do tempo, Elgibor começou a experimentar um desespero profundo. Ele se lembrava da luz e das maravilhas que havia presenciado no Céu, e, com um misto de indignação e saudade, pensava no cargo e nas tarefas que antes desempenhara com honra. Agora, flutuava como uma lula em um oceano eterno de pura água, sem qualquer vida ou paisagem ao seu redor.

 

Por muito tempo, Elgibor se viu imerso em seu sofrimento, até que, em um determinado momento, um anjo veio buscá-lo. Sua missão era deportá-lo para a prisão do Tártaro, onde os anjos rebeldes aguardavam sua sentença final. Elgibor, em desespero, clamou: "Sim, leve-me! Deixe-me apenas estar diante de Deus uma vez mais!"

 

Devido à sua antiga posição de alta hierarquia, foi-lhe concedido o direito de se apresentar diante de Deus. Mas, ao chegar ao salão celestial, Elgibor não conseguia mais suportar a visão da luz divina que outrora o alimentava. Agora, essa luz o feria, mesmo à distância. Deus, através de um anjo, perguntou: "Elgibor, o que fazes aqui, sendo hoje mais um dos condenados?"

 

Elgibor não teve forças para responder. Sua alma estava consumida por uma angústia profunda. Estendido no chão do grande salão de ouro, com o rosto pressionado contra o chão sagrado, ele chorava. Lágrimas que antes eram douradas agora caíam prateadas e transformavam-se em pó ao tocar o solo. As penas de suas asas caiam uma a uma ao seu redor, evidências físicas de sua queda. Alguns anjos não suportaram assistir àquela cena e, abaixando suas cabeças em reverência a Deus, se retiraram do local em silêncio.

 

Após um longo período de silêncio, Elgibor encontrou forças e murmurou: "Meu Pai, meu Pai! Pequei contra Ti, assim como os outros! Por sorte fui transportado para outra dimensão! Ainda não fui lançado ao Abismo! Não sou digno deste lugar, nem de estar diante de Ti! Mas, se houver misericórdia em Ti, preserva minha alma. Dá-me uma chance de redenção."

 

Deus, ouvindo o clamor, permaneceu em silêncio por um tempo. Vozes ecoaram por todo o Céu enquanto os anjos celestiais murmuravam entre si. Finalmente, a resposta divina foi pronunciada: "Preservarei tua vida, Elgibor. No entanto, não poderás mais viver aqui. Você e os demais anjos rebeldes profanaram este lugar sagrado, algo que os fiéis nunca fariam. Eu te darei uma nova vida, solitária, na Terra. Se passares nesse teste, melhorarei tuas condições. Porém, lembra-te: se sucumbires ao Mal, ao Mal te darei. Nunca toque uma vida humana para o mal."

 

Com essas palavras, Elgibor foi levado à Terra por um anjo. Durante sua descida, sua forma começou a mudar. Suas asas imponentes e celestiais se atrofiaram, seu brilho enfraqueceu, e ele se transformou em uma criatura quase bestial, um reflexo amargo de sua queda. Ao chegar à Terra, foi colocado em uma floresta densa e isolada, cercada por montanhas, onde nenhuma alma humana o encontraria facilmente.

 

Agora, Elgibor caminha sozinho por esse vasto e solitário mundo, com suas memórias do Céu atormentando sua mente. Ele observa o caos da humanidade de longe, sem jamais interferir, preso à sua prova de redenção. Embora veja a injustiça e as trevas que assolam o mundo, sua promessa a Deus ecoa constantemente em sua mente: "Nunca toque em uma vida humana para o mal."

 

Elgibor vaga sem rumo, lutando contra as tentações que o cercam. Ele é constantemente assediado pelos anjos caídos, que sussurram promessas de poder e glória, tentando seduzi-lo a se juntar ao exército rebelde. Sua mente é um campo de batalha entre a culpa por sua rebelião e o desejo de redimir sua alma diante de Deus.

 

Em momentos de extrema dor e angústia, Elgibor frequentemente brama com fúria e tristeza pelas profundezas da floresta. De dia uma fera que corre incansàvel e errante; seu grito ecoa pelas montanhas, misturando a raiva por sua queda e o pesar de sua eterna solidão, a paga pelo seu erro. A noite retorna à sua forma angelical, para lembrar de quem era. Ainda assim, ele resiste, agarrando-se à frágil esperança de que, um dia, poderá encontrar redenção.

 

 

DengosoRock
Enviado por DengosoRock em 02/10/2024
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