O Banquete da Sabedoria e a Armadilha da Insensatez

 

Em uma cidade antiga, nas colinas que abraçavam o horizonte, havia uma mulher de grande renome. Seu nome era Sabedoria, e todos que a conheciam falavam sobre sua virtude e profundidade. Ela vivia em uma mansão construída com sete colunas, tão altas que tocavam o céu e tão firmes que nenhum vento poderia abalá-las. A casa era ampla e majestosa, com janelas que deixavam entrar a luz do sol e portas que se abriam para os viajantes cansados.

 

Sabedoria preparava um banquete para aqueles que buscavam mais do que os prazeres fugazes da vida. Ela abatia o gado mais gordo, temperava a comida com ervas raras e destilava o vinho mais puro. Cada detalhe da festa era cuidadosamente planejado para proporcionar nutrição e satisfação. Sabedoria enviou suas servas pelas ruas e praças, chamando em voz alta:

— Venham, todos os que têm sede de entender, todos os que ainda são simples e inexperientes. Entrem em minha casa! Deixem a tolice para trás e vivam! Sigam pelo caminho da compreensão.

 

As palavras de Sabedoria ecoavam pelas vielas, alcançando ouvidos atentos e corações aflitos. Aqueles que entravam em sua casa logo sentiam o peso de suas preocupações se dissipar. A cada prato que provavam, percebiam que não era apenas o corpo que se alimentava, mas também a alma, pois ali havia mais do que um banquete de carne e vinho: havia conselhos que guiavam, palavras que iluminavam os caminhos tortuosos da vida.

 

Ela se sentava à cabeceira da mesa e, com voz tranquila, oferecia ensinamentos a todos:

— Aquele que corrige o zombador atrai para si insultos, e quem repreende o perverso provoca agressão. Mas quem ama a disciplina, ama a sabedoria, e quem a busca, enriquece sua vida.

 

Enquanto muitos seguiam o chamado da Sabedoria, havia outra presença na cidade. Não distante da casa majestosa de Sabedoria, em uma rua estreita e sombria, a Insensatez também preparava uma festa. Sua casa era simples, de construção frágil, mas adornada com brilhos falsos que atraíam os olhos desavisados.

 

A Insensatez era barulhenta e imprudente. Ela se postava à porta de sua casa, chamando com uma voz melodiosa e enganosa:

 

— Venham, os que são simples e despreocupados! Aqui vocês encontrarão prazer sem esforço. Não precisam se preocupar com a justiça, nem com as consequências de seus atos.

 

Seu banquete, embora convidativo à primeira vista, era cheio de armadilhas. Ela oferecia pão roubado e água oculta, servindo os prazeres que, ao serem saboreados, deixavam um gosto amargo e pesado. Os que entravam em sua casa não percebiam que estavam caminhando rumo à ruína.

 

E assim, os viajantes da cidade se encontravam diante de uma escolha. De um lado, o banquete verdadeiro, que saciava a alma e a mente, convidando-os a uma vida plena e justa. Do outro, a sedução do prazer imediato, que prometia muito, mas entregava pouco.

 

Aqueles que optavam pela casa de Sabedoria saíam renovados, com os olhos abertos para a vida, prontos para trilhar o caminho da verdade. Já os que se deixavam levar pela Insensatez acabavam em um banquete sombrio, onde a alegria era apenas uma máscara para a destruição que se seguia.

 

O tempo passava, mas a escolha permanecia para cada um que cruzava aquelas ruas. O convite de Sabedoria era sempre o mesmo, e os ecos de sua voz gentil continuavam a soar pelos caminhos da vida:

 

— Abandonem a insensatez, e viverão.

 

Graciliano Tolentino
Enviado por Graciliano Tolentino em 22/09/2024
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