A Travessura de Gorbin
Havia um tempo em que os gnomos viviam tranquilamente em seus refúgios subterrâneos, longe dos olhos curiosos dos humanos. Eram criaturas pacíficas, guardiãs dos segredos da terra e protetoras dos seus tesouros. No entanto, havia um gnomo que não se contentava com essa vida pacata e silenciosa. Seu nome era Gorbin, e ele ansiava por poder e reconhecimento.
Em uma noite fria e sem lua, enquanto os outros gnomos dormiam, Gorbin invadiu o templo do grande ancião Velkthor, o gnomo mais sábio e velho de todos. No centro do templo, escondida em uma caixa de pedra esculpida, estava a fórmula secreta que dava vida às coisas inanimadas, uma magia guardada por gerações.
Com mãos ágeis e olhos brilhando de ambição, Gorbin roubou a fórmula e fugiu do subsolo, decidido a testar o poder em outro mundo. Ele viajou até uma densa floresta na Terra, onde as árvores eram gigantescas e os animais, selvagens. Sem hesitar, despejou o líquido brilhante sobre o solo da floresta.
O efeito foi imediato.
As árvores, que até então eram imóveis, começaram a se agitar. Ramos grossos e cheios de folhas se torceram como serpentes, e raízes se desprenderam do chão, caminhando como pernas de gigantes de madeira. As plantas menores, outrora dóceis, rastejavam pelo chão, enroscando-se em qualquer coisa que cruzasse seu caminho. Os animais da floresta, também atingidos pelo poder da fórmula, começaram a agir de forma bizarra — lobos andavam de costas, enquanto coelhos saltavam de árvore em árvore como macacos.
A floresta, agora viva de uma maneira sinistra, avançou em direção à tribo humana mais próxima, e o caos se instaurou.
Os moradores da tribo acordaram com gritos e barulhos estranhos. As árvores estavam batendo em suas portas, as plantas rastejavam até dentro de suas casas, e os animais pareciam ter perdido completamente a noção do que era natural. As crianças choravam, e os guerreiros da tribo tentavam inutilmente deter a ameaça crescente.
Desesperados, os líderes da tribo recorreram a seus sábios, os xamãs, que tinham conhecimento sobre o mundo espiritual. Estes, por sua vez, sabiam que não poderiam resolver sozinhos esse tipo de magia antiga. Chamaram, então, os anciões duendes, seres antigos que, embora travessos, eram profundos conhecedores dos mistérios mágicos.
Os duendes, liderados por Malborn, um ancião sábio, chegaram à floresta e imediatamente perceberam o que havia acontecido. "Este é o trabalho de um gnomo ambicioso," disse Malborn, analisando os movimentos desordenados das árvores e plantas. "Só o poder da fórmula da vida pode ter causado tamanha confusão."
Os xamãs, junto com os duendes, começaram a executar rituais antigos. As fogueiras foram acesas, e o som dos cânticos ecoou pela floresta enquanto energias espirituais e mágicas eram invocadas. Malborn e seus companheiros começaram a conjurar uma barreira ao redor da floresta, isolando o efeito da fórmula e impedindo que o caos se espalhasse ainda mais.
Mas isso não seria suficiente. Era necessário encontrar Gorbin e desfazer o feitiço.
Gorbin, que estava escondido nas sombras da floresta, ria ao observar o caos que havia causado. No entanto, sua satisfação foi interrompida quando Malborn apareceu diante dele, flutuando sobre uma nuvem de magia. "Gorbin, você foi longe demais. A fórmula da vida não deve ser usada de maneira tão irresponsável."
Com um estalo de seus dedos, Malborn prendeu Gorbin em uma jaula de luz. "Você terá que desfazer o que fez, ou ficará preso por toda a eternidade," disse o ancião duende com voz firme.
Sem alternativas, Gorbin concordou. Sob os olhos atentos de Malborn, ele invocou a fórmula uma última vez, mas agora para reverter os efeitos de sua magia. Lentamente, as plantas voltaram a se enraizar no chão, as árvores cessaram seus movimentos, e os animais recuperaram suas atitudes normais. O caos estava contido.
Quando tudo finalmente voltou ao normal, Gorbin foi levado de volta ao reino dos gnomos, onde enfrentaria seu castigo. A fórmula da vida foi restaurada ao seu lugar de origem, protegida por camadas ainda mais profundas de magia.
Quanto à tribo, embora o pânico tenha se dissipado, os moradores nunca esqueceriam aquela noite em que a floresta ganhou vida e quase os devorou. Eles ergueram estátuas em homenagem aos xamãs e aos duendes, agradecendo por terem salvado suas vidas e restaurado a paz.
E Gorbin, o gnomo que ousou roubar o segredo da vida, jamais voltou a superfície novamente.