A Libertação dos Zorathim

 

No Oriente Médio, mil e seiscentos anos antes de Cristo, dois reinos poderosos estavam imersos em uma guerra brutal. Os reinos de Shulgi e Nebuchadnezzar estavam devastando a terra com fome, miséria e caos.

 

A guerra entre os reinos de Shulgi e Nebuchadnezzar tinha uma origem profundamente pessoal e dolorosa, marcada por um amor proibido que se transformou em tragédia.

 

O príncipe Eshmun, filho do rei Shulgi, havia se apaixonado secretamente por Ninette, a filha do rei Nebuchadnezzar. O amor entre eles floresceu em segredo, apesar da animosidade histórica entre seus reinos. Durante um encontro clandestino em uma noite estrelada, os dois jovens compartilharam um amor ardente e intenso, prometendo um futuro juntos, longe das sombras de guerra que pairavam sobre suas famílias.

 

No entanto, o romance dos amantes não passava despercebido. Os magos e feiticeiros de Shulgi, cientes do risco que um acordo entre os jovens poderia significar para seus próprios poderes e interesses, decidiram agir para preservar o status quo. Como parte de um plano diabólico, eles conjuraram uma besta mítica, uma horrenda mistura de leão e urso, conhecida como Barakus, para eliminar Ninette e pôr fim ao romance que ameaçava a continuidade da guerra.

 

Naquela noite fatídica, enquanto Eshmun havia retirado-se em seu cavalo e Ninette quis ficar um pouco mais no local, a saber, em um penhasco à beira de um lago isolado observando a beleza das estrelas, Barakus foi solto para caçá-la. O som dos rugidos da besta ecoou pela noite, e a criatura, com suas garras afiadas e dentes enormes, destruiu seu cavalo em segundos e aproximou-se dela rugindo e rasgando o chão com a intenção de matar.

 

Quando Ninette viu a besta com um corpo de urso duas vezes maior que um urso normal com cabeça, braços e garras de Leão, babando e olhando fixo para ela com os olhos como brasas vivas de Irkalla; atemorizada em excesso, tentou fugir. Na desesperada tentativa de escapar, e fora de si de pavor, Ninette perdeu o equilíbrio, tropeçando em uma pedra lisa com limo e caiu do penhasco aos gritos, desaparecendo nas águas escuras abaixo. E a correnteza levou seu corpo até o reino de seu pai.

 

O rei Nebuchadnezzar, ao descobrir a morte de sua filha que tanto amava, cai de seu trono desmaiando, acordado pela guarda real e os seus médicos reais, fica sabendo da conexão com o príncipe inimigo, ficou consumido por uma raiva feroz. Ele responsabilizou Shulgi pela morte de Ninette, acreditando que a destruição de sua filha foi um ato covarde de guerra e vingança. A notícia da morte de Ninette rapidamente se espalhou, e a tragédia foi usada como propaganda para justificar a guerra.

 

Shulgi, por sua vez, negou qualquer envolvimento na morte da jovem e tentou buscar uma resolução pacífica, enviou seus súditos com riquezas à Nebuchadnezzar, mas a guerra já estava em marcha, o tesouro foi guardado e seus súditos mortos.

 

Assim, o conflito entre os dois reinos se iniciou, cada um se apegando à sua própria versão da história e culpando o outro pelo sofrimento e destruição.

 

Assim, o amor proibido entre Eshmun e Ninette se tornou o catalisador para uma guerra devastadora, marcada pela tragédia pessoal e pela manipulação cruel dos magos e feiticeiros que buscavam seu próprio poder e controle.

 

O céu estava carregado com o clamor da destruição, e nenhum ser humano estava a salvo — nem idosos, mulheres ou crianças. As cidades e vilarejos dos reinos de Shulgi e Nebuchadnezzar eram consumidos por um caos implacável. Exércitos invasores aliados de ambas as nações, marchavam pelas ruas, invadindo as cidades por todos os lados, destruindo tudo à sua frente. As muralhas das cidades foram derrubadas por catapultas e aríetes, e as torres de defesa foram reduzidas a escombros.

 

Em meio ao fogo cruzado, chamas e explosões tomavam conta das cidades, iluminando a noite com um brilho infernal. As casas e templos eram incendiados, suas chamadas elevando-se aos céus, criando uma cena de desolação e terror. O rugido dos canhões e das catapultas misturava-se aos gritos de desespero das famílias fugindo, enquanto as tropas inimigas saqueavam e pilhavam tudo o que podiam carregar.

 

Os cavalos de guerra pisoteavam as ruas em desordem, enquanto os soldados caçavam qualquer um que cruzasse seu caminho. Arcos e flechas voavam pelos ares, e o som de espadas se chocando preenchia o campo de batalha. Alerteiros eram enviados para organizar as tropas, mas o pânico e a confusão predominavam. Crianças choravam por suas mães, e idosos eram arrastados dos escombros enquanto tentavam escapar do furor das batalhas.

 

As cidades que antes eram prósperas e cheias de vida agora se tornaram ruínas fumegantes. As barracas de mercado, uma vez vibrantes, estavam reduzidas a pilhas de cavalaria destruída e mercadorias incendiadas. Os rios que cruzavam os vilarejos estavam manchados de sangue e poluídos por restos de destruição.

 

Em meio ao caos, vilarejos foram queimados até as fundações, e escolas e bibliotecas foram reduzidas a cinzas. Odes e hinos de esperança foram silenciados pelo estrondo da destruição, e a natureza também não escapou, com árvores queimadas e campos arrasados. O desespero e a desolação eram palpáveis, e o caos que dominava o céu era um reflexo do que acontecia na Terra.

 

No entanto, à medida que a noite avançava e a destruição deixava seu rastro de ruínas e desolação, os soldados encontraram um momento de alívio em meio ao caos. Ao redor das fogueiras, sob o céu agora claro após o turbilhão de destruição, eles se entregaram a um merecido descanso. Músicas de guerra ecoavam pelo campo, acompanhadas por danças vigorosas que misturavam celebração e libertinagem. O som de flautas e tambores se mesclava com as vozes exaltadas dos soldados.

 

Vinho e bebidas fortes fluíam livremente, alimentando a embriaguez e a euforia do momento. Mulheres capturadas, ainda em estado de choque e medo, eram forçadas a participar das festividades, tratadas como troféus de suas conquistas violentas. Os soldados, em meio à bebedeira, se entregavam a orgias e excessos. O campo de batalha transformava-se em um cenário de festas desinibidas, onde o vinho e a violência se misturavam, e a brutalidade da guerra parecia momentaneamente distantes.

 

Então, a destruição foi tão vasta que alcançou os céus, e Ha-Elyon , furioso com a carnificina, decidiu intervir. Entenda o que vem a seguir.

 

Há 3500 anos, antes da criação de Adão e Eva, a Terra já havia abrigado um ser primordial, criado por entidades chamadas Xal'vothim, entenda-os como se fossem os magos ou feiticeiros de hoje, mas, não eram humanos, eram seres humanóides distintos seres de quatro metros aproximadamente e com poderes espirituais, doutos em ciências terrenas e cósmicas e viviam na Terra, essa chamada em sua época de Zathra'ul Morahn.

 

Esses seres desviaram-se dos caminhos de Ha-Elyon e usaram seus poderes para criar Quimeras, seres híbridos formados pela mistura de espíritos dos mortos em: animais, plantas e humanos com magia negra cósmica, energia essa absorvida dos buracos negros do universo. Essas Quimeras, conhecidas como Zorathim, eram seres de poder inimaginável, aumentavam grandemente de tamanho e eram utilizados por magos e feiticeiros para combater nações, exércitos e inimigos e servirem ao rei, controlados apenas por eles, mas, duravam apenas um dia materializados, tornando-se espíritos revoltados e errantes depois, causando ainda mais caos na Terra.

 

Ha-Elyon no passado, desaprovando a Terra daqueles dias, enviou alguns poucos anjos com a missão de destruí-la, seus anjos ceifaram a todos os viventes, os Zorathim foram aprisionados em estrelas prisão como castigo. Após a desolação, Ha-Elyon indignado com sua criação errante, atraí um meteoro de grandes proporções e enviá-o em direção à Terra; assistindo junto com os seres celestiais a sua total destruição. Vindo a refazê-la milênios depois. O conhecido Gênesis de hoje.

 

Agora, mil e seiscentos anos antes de Cristo, Ha-Elyon, irritado pela destruição causada pelos reis genocidas Shulgi e Nebuchadnezzar, decidiu libertar um Zorathim de sua prisão estelar, a saber, o mais perverso de sua raça. O Zorathim, de nome Ashtor, foi enviado à Terra com uma missão: exterminar os dois reis opressores, suas descendências, todos os seus exércitos subordinados, juntamente com seus séquitos.

 

A batalha no campo de guerra estava em pleno frenesi. As tropas de Shulgi e Nebuchadnezzar se enfrentavam com ferocidade, e o céu noturno se iluminava com o brilho das armas e das explosões. As espadas clangorosas e os gritos de guerra preenchiam a noite. No entanto, a guerra seria interrompida por um evento cósmico de proporções inimagináveis.

 

De repente, uma explosão no cosmos iluminou o céu noturno. Uma explosão tão intensa que fez o dia parecer nascer de repente. Das profundezas do espaço, um “cometa” colossal desceu em direção à Terra, trazendo consigo uma onda de calor e luz. O cometa era, na verdade, Ashtor, enviado por Ha-Elyon para cumprir sua missão de destruição. Sua descida foi um espetáculo aterrador; o céu clareou como se fosse dia e as estrelas desapareceram diante da magnitude de sua chegada.

 

Quando Ashtor tocou o solo, a terra tremeu e uma onda de choque devastadora varreu o campo de batalha, arremessando soldados das duas nações à fugir de vista pelos ares. O dia virou noite novamente, mais escura e opressiva do que antes. Ashtor começou sua carnificina, suas mãos gigantescas esmagando tudo em seu caminho. Aqueles que não conseguiram fugir foram rapidamente eliminados, e uma nuvem negra de espíritos menores, os espíritos dos mortos de sua época, por ele, naquela época, aprisionados e hoje seus escravos; emergiu de seu interior. Esses seres espalhavam o caos, matando qualquer um que encontravam, enquanto Ashtor continuava a sua destruição.

 

O pânico tomou conta do campo de batalha. Um general, montado em seu cavalo e desesperado, galopava com alguns soldados, em direção ao palácio de Shulgi. Os cavalos pareciam quase sem fôlego, seus cascos batendo pesadamente no solo enquanto o general gritava desesperadamente para ser ouvido.

 

Ao chegar ao palácio, o general desmontou apressadamente e entrou correndo, sua armadura e escudo ensanguentados e cobertos de poeira. Ele se prostrou diante do rei Shulgi, ofegante e aterrorizado.

 

— Majestade! Um ser colossal desceu do céu como um cometa! Ele está destruindo tudo! Seres trevosos estão matando todos no campo de batalha! — o general exclamou, enquanto o seu coração explodiu no peito.

 

O rei Shulgi, com o rosto pálido e a mente correndo a mil por hora, imediatamente convocou seus magos e feiticeiros, que a princípio de alguma forma suspeitavam de algo anormal em suas consultas astrais rotineiras. Uma reunião urgente foi convocada, e os magos, liderados por Zimri e Aser, se reuniram na sala do trono, seus rostos sombrios e preocupados. Os magos e feiticeiros de Shulgi estavam em um frenesi de atividade. Sabiam que enfrentavam uma ameaça que ultrapassava qualquer poder que conheciam. Desesperados, começaram a invocar deuses e entidades antigas em um último esforço para salvar o reino.

 

Dentro do palácio, o ambiente estava carregado de uma tensão quase tangível. O rei Shulgi e seus conselheiros observavam a batalha que se desenrolava com crescente desespero. As forças que lutavam fora dos muros estavam em uma luta titânica contra a escuridão implacável que havia caído sobre o reino. As chamas refletiam nas janelas, lançando sombras distorcidas nas paredes de pedra do palácio.

 

O rei sem saber que estava sendo controlado por uma força superior ordenou que o povo se afastasse dali, que fosse para as montanhas e se abrigassem ali temporariamente.

 

Os rituais foram realizados com pressa, e as fórmulas arcanas foram entoadas em uma linguagem esquecida. A energia mágica no ar se intensificava, e uma série de entidades antigas começou a se materializar diante e dentro do palácio. Esses seres, que uma vez foram adorados e temidos, apareciam em formas variadas: Ishtar, com sua presença majestosa, e Tiamat, com seu corpo serpentino e poder primordial. As figuras imponentes desses deuses se materializavam de forma translúcida , suas presenças criando uma barreira protetora ao redor do palácio parecido com um puro cristal. Por um momento, parecia que a batalha estava equilibrada; as sombras vivas recuavam, e a esperança surgia nas expressões dos defensores.

 

No entanto, a esperança foi curta. O céu acima do palácio rasgou-se com uma explosão de energia cósmica, e Ashtor, com sua presença colossal e devastadora, começou a se aproximar. A aproximação de Ashtor era como um cataclismo, e os deuses invocados pelos magos não puderam resistir à sua força esmagadora. Em um instante, o poder de Ashtor gerou uma radiação de poder cósmico ardente desintegrando as divindades, suas formas se dissipando em partículas de luz e escuridão. 

 

Ashtor rindo de tudo, como se nada no universo fosse capaz de detê-lo, agora, transmuta-se em um velho sombrio de longo chapéu e capas negras e os espíritos transformam-se em imensos morcegos ao seu redor, movimentando-se como sombras num redemoinho e dessa forma, entram no castelo do rei.

 

O palácio tornou-se uma torrente implacável de terror. As criaturas infernais irromperam pelos corredores, espalhando-se por todo o lugar com suas garras afiadas e presas sedentas de sangue. O caos tomou conta das salas de estar e salões do palácio, onde gritos de pânico e o som de combate se misturavam ao rugido das chamas e gargalhadas de Ashtor que estremeciam o lugar, rachando os pilares de sustentação e trincando as paredes ao seu redor, enquanto emanava sua magia de terror.

 

Ele agora foca os magos e feiticeiros, que haviam lutado bravamente para proteger o reino, ele estava muito curioso pra saber quem ofereceu tal resistência inútil. Esses estendem seus cajados balbuciando textos antigos, poderes saem dos cajados em forma de linhas de fogo e gelo, mas em vão, as linhas retornam à eles matando-os na frente de seus mestres: Zimri e Aser. O cajado de Zimri torna-se uma brasa viva, derretendo a sua mão, o orbe de Aser explode, fazendo-o cair desacordado; ambos, agora, estavam imersos em uma aura negra que emanava de Ashtor que ria muito e diz com voz muito grave: Vocês querem me deter, querem mesmo? Não há nada aqui nesse mundo e em muitos outros que eu conheça, capaz de impedir o meu querer ou dizer quem eu sou! Exceto os buracos negros desse universo, os que me criaram e já não mais existem e o El Shaddai que me aprisionou!

 

Seus poderes estavam sendo drenados, uma força corrosiva que parecia consumir não apenas suas habilidades, mas suas próprias vidas. Eles colapsavam no chão, transformando-se em carne mole diante dos olhos aterrorizados de Shulgi. O corpo dos magos e feiticeiros se desintegrava sob a pressão da magia cósmica de Ashtor, deixando apenas uma massa disforme e indefesa.

 

Ashtor, com um gesto de pura força, levantou o rei Shulgi do chão que estava diante do seu trono em posição fetal. O rei, paralisado pelo medo e pela impotência, foi elevado e arremessado com força contra uma parede do palácio. O impacto fez com que Shulgi ficasse cravado entre os chifres de um cervo esculpido em bronze, que adornava a parede real.

 

Com a destruição quase completa ao seu redor e apenas o rei ainda respirando, Ashtor se voltou para os espíritos antigos que agora dominavam o palácio, mandando-os retornar. O silêncio mortal foi preenchido pelos ecos das chamas e do caos que ainda reverberava pelos corredores.

 

O palácio, uma vez símbolo de poder e grandeza, estava agora em ruínas, seus defensores caídos e o rei Shulgi preso em um cenário de desolação. A vitória de Ashtor parecia inevitável, e o destino do reino estava selado sob a sombra do conquistador implacável.

 

Após sua demonstração aterradora de poder, Ashtor não parecia ter mais interesse no que restava do palácio. Com um movimento majestoso e desdenhoso, ele se dirigiu para a saída, em uma onda de caos e destruição.

 

Enquanto deixava o palácio em ruínas, Ashtor ergueu os braços e soltou um brado gutural que parecia vir das profundezas do cosmos. O som reverberou através dos escombros e, com uma força avassaladora, iniciou um terremoto de proporções cataclísmicas. A terra tremeu violentamente sob a influência de sua magia negra, e o palácio começou a se desintegrar.

 

As fundações tremiam, e as paredes se desmoronavam em um caos de pedras e poeira. Não ficou uma pedra sobre a outra; o palácio foi reduzido a escombros e ruínas, sua majestade outrora imponente agora desaparecida sob a força esmagadora do terremoto.

 

O tremor foi sentido além das fronteiras do reino devastado, alcançando a distante nação de Nebuchadnezzar. A terra estremeceu em um sinal claro da destruição que se aproximava. O povo de Nebuchadnezzar, em pânico e confusão, começou a se preparar para o que sabia ser uma calamidade iminente. As notícias da devastação se espalharam rapidamente, e todos estavam conscientes de que o mesmo destino terrível poderia estar à sua porta.

 

Enquanto Ashtor avançava em direção à nova nação, a sombra de sua destruição se projetava sobre o horizonte, prometendo mais caos e ruína para aqueles que estivessem em seu caminho. O poder implacável de Ashtor continuava a marcar sua jornada, e a esperança parecia cada vez mais distante para aqueles que estavam prestes a enfrentar sua fúria.

 

Ashtor, com sua aura negra girando ao seu redor, avançava em direção ao próximo reino na sua rota de destruição. À distância de um tiro de flecha, sua presença era inconfundível e aterrorizante, mas ao observar sua ascensão no céu, muitos pensaram que ele havia desaparecido.

 

A notícia de sua súbita aparição e subsequente desaparecimento levou a população a celebrar a vitória e a proteção recebida. Festas e comemorações irromperam por toda a nação. O rei, aliviado, recompensou generosamente os magos e feiticeiros que haviam ajudado a conter a ameaça, e com todo o exército, desfrutaram de uma noite de êxtase, regada a comida, bebida e orgias. A atmosfera estava impregnada de alegria e alívio, um contraste gritante com a desolação dos eventos recentes.

 

No entanto, o povo carente, cansado e sofrido, similar aos habitantes do reino de Shulgi, aproveitou a embriaguez e a exaustão generalizada. Com uma sensação premonitória de que algo mais terrível estava por vir, fugiram do lugar, abandonando suas posses e procurando refúgio em terras mais seguras.

 

Ao amanhecer, a vida parecia retomar seu curso normal, com os habitantes comentando o mal que quase lhes sobreveio com um medo cauteloso. Mas, ao chegar a tarde, algo sinistro começou a acontecer. O céu escureceu repentinamente, como se uma sombra colossal o cobrisse.

 

Com uma velocidade e proporções inimagináveis, Ashtor desceu dos céus, sua forma colossal se destacando contra o pano de fundo sombrio. Sua presença fez o dia se transformar em uma noite de fogo, com chamas amarelas, azuis e vermelhas que se espalhavam como uma tempestade infernal. O reino, que havia celebrado e ignorado o perigo iminente, agora estava à mercê de uma destruição absoluta.

 

As chamas começaram a consumir tudo em seu caminho, e a explosão que se seguiu estremeceu a Terra, criando uma onda de calor e destruição que varreu o país. A morte e o caos se espalharam como um manto de escuridão, selando o destino dos habitantes da nação.

 

Os gritos de pânico e desespero eram abafados pelo rugido das chamas e o som ensurdecedor da explosão. A devastação foi total, e o reino foi reduzido a cinzas, suas ruas e palácios agora apenas um lembrete do que havia sido antes da chegada de Ashtor.

 

Quando Ashtor completou sua devastação e o reino se afundou nas chamas e na destruição, uma nova presença começou a se manifestar no céu. O firmamento, agora coberto por um manto de fumaça e chamas, clareou com a chegada de um brilho radiante. Um Keruv celestial desceu com uma aura de luz pura, contrastando fortemente com a escuridão deixada por Ashtor.

 

O Keruv pairou diante de Ashtor, sua presença imponente e serena emanando uma autoridade que era impossível de ignorar. Com um gesto suave, mas cheio de poder, o anjo ordenou a Ashtor que o seguisse. Sem uma palavra, Ashtor obedeceu, e com um estalo de luz, o Keruv e o poderoso ser foram transportados para uma parte desconhecida do universo.

 

Chegando a um lugar semelhante à terra com tudo o que nela há, mas, de grandiosas montanhas, nuvens cinzas, espessas trevas e um sol negro, Ashtor encontrou-se diante de uma raça de seres semelhantes a ele, os Zorathim. Eles estavam em um plano de existência que parecia estar fora do alcance de qualquer outro, um lugar belo aos seus olhos, pois são seres de trevas e não de luz.

 

Um dos Zorathim se aproximou de Ashtor, o maior em poder ali,ajoelhou-se diante dele e disse com uma voz que ressoava com a gravidade do cosmos: "A partir deste momento, não mais seremos aprisionados. Este será o nosso lar, e nós viveremos aqui com liberdade. Contudo, lembre-mo-nos de não nos opormos novamente à Ha-Elyon, pois foi-nos dito que se assim fizermos, seremos aprisionados no Tártaro, como outros que lá estão."

 

As palavras ecoaram através do plano, e Ashtor, agora ciente de sua nova existência e limites, acenou com compreensão. Com isso, o Keruv celestial fez um último gesto, e sua forma luminosa começou a desaparecer. Os Zorathim observaram o Keruv partir, seus olhares fixos e silenciosos.

 

O Keruv, enquanto ascendia de volta ao seu domínio, deixou atrás de si um rastro de luz que os incomodou, mas, que lentamente se apagou, como se a própria criação estivesse confirmando a nova ordem estabelecida. Os Zorathim agora eram livres para viver em seu novo lar, sob a condição de respeitar o poder supremo que havia moldado o universo. Foi-lhes prometido também que não viveriam ociosamente, que seriam sempre chamados para a guerra com outros seres de poder, inimigos da ordem, nos recônditos do universo; o que os alegrou!

 

E assim, Ashtor e os Zorathim começaram uma nova era em seu refúgio, com a lembrança das consequências que poderiam vir se o poder divino fosse novamente desafiado. O equilíbrio do cosmos foi restaurado, mas a memória da destruição e da fúria de Ashtor permaneceria como um lembrete sombrio das forças que estão em jogo.

 

DengosoRock
Enviado por DengosoRock em 09/09/2024
Reeditado em 10/09/2024
Código do texto: T8147923
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