SEXTA-FEIRA SANTA!

 

Foi na madrugada de 28 de março de 1975, que meu esposo e eu, com dois filhos pequenos, dois e um anos, tomamos a estrada rumo à praia de Imbé. Eu estava com sete meses de gestação. No dia anterior, tinha ido ao obstetra para ver se estava tudo bem.

A viagem transcorreu tranquila até à altura de Santo Antonio da Patrulha, quando percebi que a bolsa havia rompido. Ficamos apavorados. O parto seria prematuro e não sabíamos se tinha hospitais em Tramandaí e Imbé.

O carro era um fusca 75, vermelho. Meu marido aumentou a velocidade, motivo que o levou a ser atacado por um policial rodoviário. Antes que esse o multasse, explicou que eu estava em trabalho de parto e que precisávamos de ajuda. O policial nos tranquilizou, dizendo que em Tramandaí havia um hospital. Iria à frente do carro como batedor até o local. Na entrada do hospital, éramos aguardados.

O dia amanhecia e a brisa do mar soprava suave e acolhedora. Mal entramos na sala de parto, o bebê nasceu. Um menino!

Os outros “bebês” dormiam profundamente, no Fusca, alheios ao nascimento do maninho, sob o olhar do policial.

Após conversar com o médico, meu esposo levou os pequeninos à casa dos pais. Explicou-lhes que deveríamos ir para Porto Alegre, o nenê poderia precisar de atendimentos especiais e o hospital não dispunha. Os avós, tão logo souberam do nascimento do terceiro neto, decidiram retornar à capital.

Durante a viagem, o novo passageiro dormiu o tempo todo, enquanto os outros, uma menina e um menino, olhavam-no curiosos.

Quinze dias depois, retornamos à nossa cidade.

Ilda Maria Costa Brasil
Enviado por Ilda Maria Costa Brasil em 09/06/2024
Código do texto: T8082264
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