Manhã de Domingo - BVIW

Era domingo. Pelo menos, assim parecia a Donato. O irritante ruído de helicópteros sobrevoando a pacata cidade, perturbava seus pensamentos, dificultando a paz.

Agora uma dúvida o assaltava. Seria mesmo domingo? Não ouvira o infalível Noturno de Chopin que a vizinha insistia em assassinar todos os domingos pela manhã.

Uma sensação estranha o invadiu. Embora estivesse no bem familiar ambiente de seu próprio quarto, em sua cama, não conseguia se desligar de uma impressão de medo, angústia e estranheza. Beliscava-se para ver se não estaria sonhando. Não, estava bem acordado.

Uns estranhos homenzinhos amarelos se aproximavam. Instintivamente percebeu que queriam levá-lo. Para onde, meu Deus? Para Marte, talvez? Mas os marcianos eram verdes, não eram?

Tentou falar, gritar, a voz não saía. Como se comunicar com esses seres estranhos, implorar para que o deixassem em paz, se nem sequer sabia se eles falavam e qual seria seu idioma?!

Surpreso, percebeu que começava a entendê-los. Eles como que penetravam em seu pensamento e lhe diziam que necessitavam levá-lo para o mundo deles, se ele concordasse. Argumentavam que os dons espirituais de Donato seriam importantíssimos para a comunicação entre os dois mundos, que ele tinha uma missão especial.

Curioso e aventureiro, entregou-se e partiu com eles rumo ao desconhecido.

Lu Narbot

Tema da semana: conto insólito