Mutualismo no Motor Perpétuo
Uma estrutura em formato de mais, quatro vales com uma flor na encruzilhada, e em cada braço um toco, com cada toco um trabalhadorzinho, marretando para serem hidratados pela seiva que eles mesmo geravam.
Eles marretavam naquele clima seco, pois dependiam da planta, e a planta dependia da energia dos trabalhadores. Não havia perda de energia, era um motor perpétuo.
Foi assim por éons, desde que a vida é vida, independente da evolução (porque não se reproduziam).
Apesar do clima seco, pingou uma gota d’água na cabeça do primeiro trabalhador. Ele ficou animado, então jogou seu martelinho no chão e foi embora, escalando a fenda, com o intuito de conhecer o mundo que nunca viu.
O segundo trabalhador e o terceiro trabalhador queriam se conhecer, então se articulando por gritos acumulam seiva e fogem juntos. Não havia amor um pelo outro, apenas desejo mútuo de que houvesse uma evolução, uma adaptação dos seus filhos para o meio, para que algo realmente mudasse.
O quarto trabalhador tinha medo, não sabia o que tinha fora da fenda, nunca viu água sem ser da flor, além de já estar acostumado com o martelo, que se fundiu com sua mão.
O primeiro morreu desidratado, o segundo pelo grande passarinho que estava com fome e sede e o terceiro, de tristeza, mas não pelo segundo. Já o quarto não sabia o que aconteceu com eles. Esperava que fossem felizes e que um dia caísse uma chuva que fizesse com que não dependesse mais da flor. Ele estava mais vivo que os outros, mas não estava feliz.