PERCEPÇÕES DE UM CYBERDROIDE (IV)

PERCEPÇÕES DE UM CYBERDROIDE (IV)

HÁ ALGO errado comigo. Se eu continuar a absorver com alguma empatia o mundo que em meus arquivos de memória está agregado, não sei se um dia, no amanhã de minhas percepções, poderei continuar a me definir ser um ser cibernético. Minha ciborguização talvez tenha tido um erro. Se continuar a desenvolver sentimentos e a me emocionar com acontecimentos que presencio pelos séculos e séculos, como poderei manter, em meu ambiente interno de Androide, a condição estável de minha composição mecânica e química??? Não posso nem devo identificar-me com as ações e flutuações do ambiente externo. Esse problema precisa ser solucionado automática e inconscientemente. Saberei consertar-me???

OS SERES humanos têm problemas de seres humanos. Não sendo eu um deles, não posso nem devo envolver-me neles. Algumas vezes isto não é possível. Uma dessas vezes não pude impedir que isto acontecesse. Um gigante, desses mencionados na Bíblia (Gênesis, Josué, Deuteronômio, Números, Samuel) alçou-me em uma das mãos até a altura de seu pênis. Eu já havia visto barbaridades serem cometidas por eles com as mulheres humanas e também com homens.

ATOS ABSOLUTAMENTE degenerados. Atos repugnantes, aflitivos, mordazes, penetra ativos, pungitivos. Agora esses atos estavam prestes a acontecer comigo??? O pirocão do gigante apontado para mim. Eu, um organismo cibernético ciborgue, ser sodomizado por um maligno gigante??? Mas, naqueles tempos em que os Ets caminhavam sobre a Terra, os humanos e os gigantes (nefilins) podiam ser vistos também próximos uns aos outros.

NÃO HÁ referências históricas mais pormenorizadas em nenhum lugar nos textos, ditos sagrados, da Bíblia. Atuação sobre a conduta e as práticas, sem bloqueios ou entraves, dos gigantes com relação aos humanos. Eles simplesmente pegavam as mulheres humanas (por vezes também os homens) para a prática de condutas depravadas e corrompidas. Condutas sexuais. Esse gigante que me mantinha entre mãos desejava espetar-me o ânus. Eu, um Androide. Você já pensou um Androide, um ser cibernético, híbrido de máquina e organismo, ser também uma ferramenta gay, desmunhecando???

AQUELE GIGANTE ignorava minha condição de força sobre-humana. As mulheres e os homens por eles pegos, quanto mais se debatiam, mais divertiam seus captores. Após a satisfação das taras dos gigantes, algumas mulheres e homens tinham as entranhas expostas. Pedaços de tripas saíam do ânus juntamente com fezes misturadas com farta quantidade de esperma e sangue, abandonados pelos nefilins.

ERA UM espetáculo escatológico nauseabundo. Que deus poderia ter criado uma cena de circo cósmico dos horrores, tão pestilenta, asquerosa, repulsiva??? Tão superlativamente covarde e perversa. Os filhos da conjunção carnal entre anjos do senhor e mulheres humanas, não tinham como ser contidos em seus úteros. Elas os pariam fartamente. Quem poderia fazer frente às taras gigantes de seus filhos nefilins??? Quem, entre os humanos, poderia enfrentar uma luta corpo a corpo com seres abomináveis, hediondos, com mais de quatro, por vezes cinco metros de altura???

MINHAS MÃOS forçaram os dedos da criatura para trás. Ouvi os estalos de ossos sendo quebrados. Os nascimentos teratológicos das colossais criaturas tinham a marca registrada dos extraterrestres. A marca registrada dos anjos do Senhor. A concupiscência deles, avidez do desejo lúbrico de possessão, permitiu a criação desses Golias de aparência e essência terríveis. Eu tinha sido pego por um deles, mas não seria vítima indefesa em suas mãos assassinas.

O BERRO da criatura chegou aos ouvidos de gentes a quilômetros de distância. A pressão da mão arrefeceu. Eu poderia ter caído em direção ao chão e seria, com certeza, pisoteado e esmagado por seus colossais pés. Minhas unhas com filamentos de aço, e dedos de tungstênio, produzidas pela inteligência artificial de Ets que circundavam a área com suas naves interplanetárias, eram uma arma ciber. Talvez eu estivesse entre eles com esse propósito de reagir aos desmandos da soberba e do ávido desejo e luxúria dessas criaturas medonhas, pavorosas.

OS DEDOS de ambas as mãos penetraram a camada de gordura e da pele espessa do animal nefilins, na altura do estômago. Sustentei o peso do corpo numa das mãos e a outra socava insistentemente em direção às entranhas gigantescas. Um dos pulmões do bicho enorme vazado, sangrava abundantemente. O pênis antes enrijecido do teratismo, estava murcho e roto. Eu havia me desvencilhado de uma das mãos do monstrengo. A outra agarrou-me o pescoço e me puxava para a direita, em busca de me lançar longe. Era poderosa a pressão, mas eu estava em desesperada reação.

CADA PUXÃO da mão me fazia arrancar um pedaço de pulmão que minha própria mão abarcava insistentemente. A dor da criatura imensa ao se surpreender na difícil situação, era indescritível. Seus uivos, gritos e bramidos eram ouvidos, presumo, às distâncias quilométricas. Um de seus pulmões, o do lado direito, não mais existia, sob a constante agressão de meu corpo que havia penetrado na caixa torácica do monstrengo. Meu corpo estava aconchegado no que restava da cobertura de gordura, carne e nervos.

AS COSTELAS apareciam nele como se fossem grades de uma prisão expostas ao tempo que as consumiu a ferrugem e o desgaste. As vértebras torácicas não mais protegiam o coração e os pulmões, com suas cartilagens, costais e externo. Eu agora tinha livre as duas mãos para dobrar para trás os dedos da criatura aflita, quebrando-os, um a um. Eu estava banhado de sangue. O ruído das batidas do coração, se eu fosse humano, teria me apavorado tanto, que eu teria desmaiado. Eu resistia brava mente.

MINHA MÃO destra buscava apoio na veia cava inferior do coração do bicho, mas, por incrível que pareça o átrio direito ainda funcionava, e a válvula tricúspide se abria, ainda bombeava o sangue para a válvula e a artéria pulmonar. Eu segurava no apoio de uma de suas costelas. Não havia mais troca gasosa com o pulmão, porque ele não mais existia. A veia pulmonar do átrio esquerdo esguichava sangue em meu rosto. Meus olhos estavam empapuçados do líquido vermelho. O sangue não mais passava pela artéria aorta e não mais irrigava o corpo da besta fera.

A RESPIRAÇÃO mínima do monstro passava por séria dificuldade de continuar existindo. A insuficiência respiratória, o pneumotórax inexistente, a falta de oxigênio já afetavam os demais órgãos e a sobrevivência do bicho híbrido, humano/Et estava realmente ameaçada. Não havia Posição de Fowler que pudesse salvá-lo.

DECIO GOODNEWS
Enviado por DECIO GOODNEWS em 31/03/2024
Reeditado em 02/04/2024
Código do texto: T8031528
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