contos dois - Caelum et terram Davy Almeida

A educação transforma o Brasil

Capitulo I

Uma família de descendes de orientais está empolgada porque

Guilherme, o filho mais velho do casal Shimada, vai prestar

vestibular para aquela que é considerada a melhor universidade do

Brasil, a USP. O rapaz estudou o ensino médio em escola

particular e vai tentar ingressar em Ciências Medicas. Ele adora

tocar guitarra, principalmente a musica feedback song for a dying

friend da Legião Urbana. A mãe dele é professora do ensino

fundamental. O pai tem uma lojinha de informática, concerta

computadores. É muito importante para a família formar um

medico pela USP.

Capitulo II

O pai de Guilherme fala diariamente para ele se esforça ao

máximo para ter uma vida melhor. É muita pressão. A mãe,

Karina, diz o mesmo. Eles são descendentes de japoneses. Seus

ancestrais sofreram muito no Brasil trabalhando na agricultura.

São praticantes do budismo. Tem oratório e imagens do Buda pela

casa. O casal tem também uma filha, Marina. O senhor Shimada

leva Guilherme de carro até a escola onde ele vai prestar o

vestibular, no carro está sua mãe e a irmã menor. Ele fez uma boa

prova, porem, foi reprovado na segunda fase. Quando viu que seu

nome não estava na lista de espera chorou. Um amigo disse: -

tudo bem ano que vem você tenta de novo.

Capitulo III

No ano seguinte ele fez um cursinho pré-vestibular. Estudo o ano

inteiro. Colocou seu esforço, apenas nos estudos. Ciências

médicas é uma área muito concorrida na USP. Foi novamente

reprovado. Seu pai o colocou de castigo. Ficou proibido de ir a

baladas ou festas. Só podia tocar sua guitarra no quarto e ouvir

música em casa. Mais um ano de estudos no curso pré-vestibular.

O senhor Shimada queria um filho medico. Guilherme foi

novamente reprovado. O senhor Shimada decidiu coloca-lo no

melhor curso pré-vestibular do país. Outro ano de estudo.

Guilherme já não estava bem. Não falava coisa com coisa, falava

sozinho e andava triste.

Capitulo IV

No ultimo vestibular que prestou seu nome ficou na lista de

espera, contudo, não foi convocado. Ele estava com o olhar

perdido. Estava louco. Certo dia, depois do jantar, entrou no

quarto, trancou a porta e deu um tiro na cabeça. Foi levado para o

hospital. A bala ficou alojada no cérebro. Ele estava vivo, mas em

coma. Tinha apenas vinte e um anos. O senhor Shimada não

queria que os médicos desligassem os aparelhos. A senhora

Shimada fazia suas orações budistas e queimava incenso todos os

dias.

Capitulo V

Guilherme ficou em coma por cinco anos. No começo sua mãe ia

vê-lo todo dia, depois três vezes por semana. Depois duas vezes

por semana. No penúltimo ano antes de sua morte só ia uma vez

por semana e no ano de sua morte uma vez por mês. Ela sempre

levava flores. Chorava muito. Conversava muito com o filho em

coma. Falava para ele dos amigos dele que se casaram dos que

tiveram filhos, dos que estavam estudando medicina. Falava da

irmã Marina. Certa vez chovia muito e a senhora Shimada estava

no hospital com Guilherme. Ela olhou a chuva caindo pela janela

e o vento soprando a copa das arvores, o radio estava tocando

baixinho a musica Azul da cor dor mar do Tim Maia. Falava da

guitarra dele e do quarto dele, de como estava bonito. A senhora

Shimada limpava o quarto dele quase todos os dias. Ela arrumava

a cama. Comprava lençóis novos esperando que ele fosse voltar. A

família até comemorava o aniversario dele no hospital. Guilherme

faleceu dois dias antes de seu aniversario. No velório um amigo

tocou a música Love in the afternoon, da Legião Urbana.

FIM.

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A porta

Capitulo I

Alguém bate na porta. Está frio e ventado lá fora. Um homem

acorda. Ele procura o interruptor. Ele tenta ligar a luz. Não tem

energia elétrica. Alguém está batendo na porta. Quem será? Já é

madrugada. O homem grita: - quem está ai? Ninguém responde.

O barulho do vento dá medo, é assombroso. O homem acende

uma vela. Com muito medo olha pela janela e não vê ninguém.

Vai dormir novamente.

Capitulo II

Numa praça um senhor com cabelos brancos conversa com os

mendigos. Ele fala de Jesus para eles. Tem um sorriso no rosto.

Aquele homem leva cobertores para os moradores de rua durante

o inverno. Distribui uma sopa que ele mesmo preparou. Era

viúvo. Ia às prisões falar do amor de Jesus para assassinos e

ladrões. Era aposentado. Ganhava pouco e mesmo assim ajudava

os pobres.

Capitulo III

Num terreiro uma mulher faz magia. Ela está possessa por um

espirito. Tem imagens da pomba-gira. Seu coração está cheio de

ódio e inveja. Ela detesta pessoas felizes, felicidade lhe causa

inveja. Prefere jogar alimento fora a dar aos pobres. Usa a magia

para prejudicar os outros. Tem ódio de pessoas boas como, por

exemplo, do senhor que ajuda os moradores de rua.

Capitulo IV

Um pastor capitalista fala de Jesus para uma multidão. Cura em

nome de Jesus. Abençoa em nome de Jesus. Fica rico com o nome

de Jesus. O pastor tem varias casas. Uma deles na Suíça.

Fazendas no interior. É carismático. Aquele senhor de boa

vontade frequenta a igreja deste pastor. Os filhos do pastor são

empresários. Todos são formados nas melhores universidades do

mundo. O dinheiro dos dízimos e ofertas vai para a conta do

pastor através da lavagem do dinheiro. O pastor gosta de carros

importados.

Capitulo V

Alguém bate na porta novamente. O homem novamente acorda.

Ele está com medo. Com uma vela nas mãos acorda uma mulher

que dormia em outro cômodo. Ele abre a porta e a descobre. Seu

rosto está desfigurado. Ela diz para ele voltar a dormir. Diz que

não ouviu ninguém bater na porta. Ele continua ouvindo alguém

batendo na porta. Vai a outro cômodo, a vela projeta sombras nas

paredes da casa. Um homem de terno e gravata está dormindo. No

criado mudo do homem está uma bíblia aberta. O homem pede

para não ser incomodado e diz que não ouviu nada. O homem vai

a outro cômodo encontra um senhor de cabelos branco, já

acordado. Ele também ouviu alguém batendo na porta.

Capitulo VI

Eles olham pela janela está escuro lá fora. Está frio e garoando.

Está ventando forte. Começa a bater mais forte. Parece que estão

chutando a porta. Uma voz chama Roberto. Os homens se

arrepiam. Roberto: - quem é você? Como sabe meu nome? A voz

responde: - eu tive fome e me destes de comer. Sede e me destes

de beber. Estava doente e me visitastes e preso fostes ver-me. O

outro homem e outra mulher se levantam e gritam:- que barulho é

este? Vocês não vão dormir? Não vão nos deixar dormir? Paulo

pergunta: - vocês não ouviram alguém bater a porta? Eles

respondem que não. Paulo pergunta novamente: - não ouviram

uma voz nos chamando. Eles respondem que não. Paulo e

Roberto abrem a porta e desaparecem.

Capitulo VII

O homem e a mulher que estão do lado de fora ficam assustados.

Uma fumaça surge do nada e depois chamas. A casa está em

chamas. Eles procuram água, mas das torneiras sai gasolina. As

portas estão fechadas. Ouvem-se gritos. Muito choro.

Capitulo VIII

No bairro havia uma casa abandonada que segundo a lenda era

habitada pelo espirito de um pastor corrupto, pelo espirito de uma

feiticeira, pelo espirito de um senhor de cabelos brancos e pelo

espirito de um ex-viciado. Quatro jovens destruíram a casa

tocando fogo nela de madrugada. Eles libertaram os espíritos.

Fizeram isto por vandalismo e não de proposito. Os espíritos do

bem passaram pela porta, os do mal foram queimados juntos com

a casa. Eles não ouviram alguém bater na porta e não ouviram a

voz.

FIM

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A primeira ressurreição

A decisão

No ano 12.000 da era cristã. O mundo espiritual decidiu destruir a

humanidade. Deus perdoou o Anjo de luz. Um homem de barba

longa impõe suas mãos sobre um ser com chifres de carneiro e

diz: - eu te perdoo-o em nome de Jesus. Um coral de anjos canta

Veni Creator Spiritus em latim. Seres humanos sempre foram

maus, egoístas, invejosos e violentos. Os espíritos vieram para a

terra livrá-la do ser humano. O Anjo de Luz ficou encarregado de

destruir a raça humana e recriar uma nova espécie perfeita. As

legiões de anjos e demônios invadiram a terra. Já refulge a gloria

eterna.

Os sete dias

No primeiro dia de destruição houve um grande terremoto durante

vinte e quatro horas a terra tremeu. No segundo dia de destruição

houve um calor infernal, o sol castigou a raça humana. Muitos

morreram. Com o calor evaporou toda a água dos rios, mares e

geleiras. Era possível ver o fundo dos oceanos. No terceiro dia

houve muito frio. O céu estava nublado como nunca esteve.

Morreram muitos congelados. No quarto dia ventou. O vento

varreu cidades para o fundo daquilo que era o oceano. O vento

arrancou árvores, casas e devastou países. No quinto dia choveu

todas as águas do céu. Alagou cidades. A água arrastou cidades

inteiras para o abismo. No sexto dia uma epidemia de tumores se

espalhou pelos seres humanos restantes. Caroços do tamanho de

uma laranja. Morreram gemendo de dor e por causa disso a

loucura tomou conta dos seres humanos. Pais matavam filhos.

Filhos matavam mães. Mulheres arrancavam os fetos de seus

ventres com facas. Padres e pastores se matavam com veneno.

Crianças se jogavam de viadutos. Religiosos rezavam o Pai nosso

gemendo de dor. O último ser humano era um rapaz de dezessete

anos chamado Marcos, estava na Tanzânia. Marcos se matou com

um tiro no rosto. No sétimo dia o Anjo de Luz criou um novo ser

com o pó das estrelas. Macho e fêmea os criou. E descansou da

obra que tinha feito.

O recomeço

A nova raça criada se multiplicou. Era seres bons. Não tinham

nenhum tipo de maldade. Não havia pobreza e nem riqueza. Não

havia sofrimento. As crianças brincavam com os leões. A terra

dava seu fruto. O alimento era dividido. Roupas e calçados eram

compartilhados. Era uma espécie evoluída. Livre da guerra, do

ódio e do egoísmo. O Anjo de Luz viu que tudo que ele havia

criado era bom, era muito bom. Deus sentiu orgulho do Anjo de

Luz. Muita alegria e paz no coração. Jesus estava feliz.

Um delicioso café da tarde

Um homem de barba longa chama: - Lúcifer vem tomar café! Seu

irmão mais velho está aqui. Uma criança bonita com um sorriso

no rosto vem correndo. Jesus diz passando a mão na cabeça da

criança: - vê se comporta. A criança dá um sorriso. Os anjos

começam a cantar What a wonderful world de Louis Armstrong.

Mundo maravilhoso

What a wonderful world (Louis Armstrong)

I see trees of green, red roses too

I see them bloom for me and you

And I think to myself, what a wonderful world

I see skies so blue and clouds of white

The bright blessed days, the dark sacred night

And I think to myself, what a wonderful world

The colors of the rainbow, so pretty in the sky

Are also on the faces of people going by

I see friends shaking hands, saying, "how do you do?"

They're really saying, "I love you"

I hear babies cry, I watch them grow

They'll learn much more, than I'll never know

And I think to myself, what a wonderful world

Yes, I think to myself, what a wonderful world

A destruição do livro

Um monge chega a cavalo num mosteiro no meio da floresta.

Outros monges o aguardam. Ele traz um livro nas mãos. O prior

pega o livro e o queima numa fogueira. Os monges começam a

dar graças a Deus. O irmão Bernard encontrou o evangelho de

Satanás intitulado A primeira ressurreição. Um livro que falava

que Jesus era o irmão mais velho de Lúcifer. O livro falava que

Deus iria perdoar o diabo e que Lúcifer iria criar uma nova raça.

Uma raça de seres perfeitos. Os monges cantam Gloria em latim.

Tudo o que Deus criou é bom. Deus não destruiria sua obra.

Quando o livro é queimado sai uma fumaça negra e ouvem-se as

vozes dos demônios gritando. Depois que ele é inteiramente

queimado no céu surge um grande arco-íris. Uma multidão de

pessoas, no futuro está nas ruas com velas acesas em torno de

uma grande cruz.

FIM

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Poema - Aula de geografia

O Brasil tem a maior floresta do mundo. A professora fala de

curvas e relevos e eu penso nas curvas e relevos dela. A Rússia é

o maior país do mundo. A professora fala do frio que faz na lá, só

penso nela me aquecendo. A Espanha tem como capital a cidade

de Madri. Ela fala que os árabes a invadiram. Eu só penso em

pular os muros da casa dela para ficar com ela. A Noruega é um

país nórdico. Já estou dormindo pensando nela. A Dinamarca

também é um país nórdico. A professora me acorda e fala que

Alemanha é a maior economia da Europa e eu penso que ela é a

mulher da minha vida.

Poema - A máquina de carne

Boca, língua, mandíbula, epiglote e traqueia. Máquina de

impureza. Máquina de glutonaria. Máquina de bebedices.

Esôfago, fígado, estômago, pâncreas e vesícula biliar. Máquina de

inveja. Máquina de preguiça. Máquina de egoísmo. Peritônio,

Cólon, intestino e esfíncter. Máquina de imundície. Máquina de

fragilidade. Máquina coberta por panos e tecidos. Bronquíolos e

alvéolos. Rins, artéria e veias. Bexiga. Máquina de alegria.

Máquina de amor. Máquina de bondade. Vagina e ovários. Pênis

e testículos. Máquina de sensualidade. Maquina de beleza.

Maquina de sexo. Visão, audição, gustação, olfato e tato. Máquina

de sonhos. Máquina de sentidos. Máquina de sentimentos. Pés,

mãos, pernas, cabeça e cérebro. Máquina de matar. Máquina de

guerra. Máquina de ódio e rancor. Pulmão e coração. Máquina de

carinho. Máquina de religião. Máquina que inventa máquinas.

Máquina de Deus.

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Carteira de trabalho e previdência social

Capitulo I

Na baixada fluminense crianças jogam bola. Sem camisa,

descalços, as traves são tijolos. Passa uma viatura da policia. As

crianças ficam olhando. Uma criança diz: - eu quero ser policia

quando crescer. Outra brinca: - eu quero ser bandido. Mateus diz:

- ah eu quero ser os dois, quero ser policial bandido. Ele dá uma

risada e volta a jogar bola. Esta é a historia de Mateus. Um ladrão

de bancos.

Capitulo II

A mãe de Mateus era empregada domestica. O pai morreu quando

caiu de um prédio em construção, era servente de pedreiro.

Mateus tinha apenas cinco anos quando o pai morreu. Sempre que

a mãe dele o levava para a casa da patroa ele roubava alguns

brinquedos dos filhos dela, Talheres de prata, Xicaras e até rolos

de papel higiênico. Sua mãe perdeu vários empregos por causa

dele até que decidiu coloca-lo numa creche. Na escola ele roubava

lápis, canetas, brinquedos ou mesmo dinheiro sem que ninguém

percebesse ou desconfiasse. Ele até que era um bom aluno.

Capitulo III

Na adolescência roubava refrigerante no supermercado. Aos

dezoito anos foi preso roubando latas de cerveja. Ficou seis meses

preso. Começou a trabalhar na construção civil. Como o serviço

era pesado ficou apenas três meses. Quando saiu roubou as

ferramentas dos pedreiros e sumiu. Levou furadeira, serras,

alicates, chaves de fenda, martelos e cabos de aço. Foi trabalhar

em um mercado. Roubava carne do açougue para não ter que

comprar mistura. Ficou dois anos lá. Foi demitido por justa causa,

fora pego roubando um pacote de macarrão. Depois disso foi

traficar.

Capitulo IV

Os traficantes donos da biqueira pagaram para ele matar um

usuário. Ele matou o rapaz com dois tiros na cabeça. Comprou

uma casa na favela. Tinha sua independência, ia visitar a mãe

periodicamente dizia que estava trabalhando no comercio. Foi

preso por dois anos por trafico. Quando saiu voltou para o trafico.

Depois foi assaltar supermercados. Ficou nessa vida por alguns

anos. Num dos assaltos um policia de folga acerto um tiro na

perna de Mateus. Foi preso novamente, seus colegas fugiram.

Saiu da cadeia dizendo que tinha virado crente, se converteu.

Capitulo V

Voltou para a construção civil. Dois anos depois, estressado foi

assaltar postos de gasolina. Foi preso de novo. Quando saiu foi

roubar bancos. Comprou um sitio com piscina e campo para jogar

bola. Mateus tinha quatro mulheres. Com cada uma tinha filhos.

Jessica tinha dois, Mara três, Renata um e Carla quatro.

Frequentava um terreiro de umbanda por influencia de seu

parceiro no crime de muitos anos, Jorge. Os dois jogaram bola

juntos. Assaltar bancos estava arriscado. Foi preso e Jorge morreu

numa fuga.

Capitulo VI

Ficou cinco anos preso. Quando saiu voltou a roubar. Caixas

eletrônicos, dessa vez, mais rápido e menos arriscado que as

ocupações anterior. A quadrilha lavava o dinheiro em restaurantes

de faixada, bares e igrejas evangélicas. Matou dois homens que

estavam sacando dinheiro no caixa eletrônico em um dos assaltos.

Eles conheciam Mateus. Depois de algum tempo abriu sua

empresa, um restaurante, para lavar o dinheiro da quadrilha.

Capitulo VII

O restaurante era menos arriscado. Administrar é uma delicia.

Casou-se novamente e vivia em paz com sua família. Andreia lhe

deu dois filhos. Frequenta a igreja e pagava o dizimo segundo o

costume cristão. Largou a umbanda. O pastor era seu amigo e

integrante do esquema. Mateus tinha uma tatuagem da bandeira

do Brasil no braço. Dizia sentir orgulho de ser brasileiro. Tinha

uma bela casa na cidade, um bom carro. Era feliz.

Capitulo VIII

Numa discussão com um cliente por causa de dois reais, ele

matou o homem a facadas. Ficou sete anos preso. Quando saiu da

cadeia voltou para o restaurante. Andreia sua querida esposa

administrava tudo. Ela havia sido prostituta e com dinheiro dos

programas que fazia pagou a faculdade de administração. Era

uma mulher inteligente, simpática e esforçada. Muito mesmo.

Alguns meses depois a mãe de Mateus faleceu. Ele chorou muito

no velório. Era um homem muito sensível. Amava muito sua mãe.

Era filho único. Tinha orgulho de ter sido criado unicamente por

ela. Mateus vendeu o restaurante e foi morar no interior de São

Paulo.

Capitulo IX

No interior abriu uma loja de calçados. Sempre recebia amigos da

máfia em casa. Mas agora ele era um homem de bem. Aposentouse

pela previdência social brasileira. Os filhos que ele teve com

Andreia já estavam se preparando para a faculdade. Mateus estava

preocupado com o futuro deles. Era respeitado pelos vizinhos. A

cidade tinha cinco mil habitantes. Mateus se candidatou a

vereador, mas morreu antes das eleições vitima de um câncer. Se

não tivesse morrido teria realizado seu maior sonho: ser politico.

Capitulo X

Mateus havia sido preso sete vezes. Sete é um numero importante

para os cristãos. Matou quatro pessoas. Cometeu dezenas de

roubos e furtos. Era um profissional. Seu curriculum era de dar

inveja. Teve doze filhos com cinco mulheres. Doze também é um

numero importante e significativo. Teve apenas dois registros na

carteira de trabalho, trabalhava por conta, era empreendedor. Foi

mais uma vitima do câncer, meu Deus, como essa doença tem

matado nesses últimos anos!

FIM

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Poema Esgrima

Não a conheço. Raramente a vejo. Chuva. Vento e tempo. Ponto

de ônibus. Casa da esquina. Joga o jogo. Dá se as cartas. Chuva.

Vento e tempo. Talvez se entregue para algum idiota, sem

conteúdo e carro com som alto. Babaca e ridículo. Não a conheço.

Raramente a vejo. Chuva. Vento e tempo. No ônibus estava

dormindo. Pensei que bom seria. A juventude engana. É só um

sonho. Ela não existe. Chuva. Vento e tempo. Moça de espadas.

Eu inventei. Esquizofrenia. Caminhando me disse: - talvez um dia

a gente casa. Muito inteligente colocou um enigma. Foi trabalhar.

Já choveu muitas vezes desde a última vez que a vi. Já ventou

muito e já passou muito tempo. Não a conheço. Raramente a vejo.

Ponto de ônibus. Casa da esquina. Ferro, bronze, lâmina, punho,

copos e gumes. Duelo. Florete, espadim italiano, cutelo,

veneziana, sabre e cimitarra. Colete, máscara, viseiras aramadas e

um nome gaélico que significa espada. Há inúmeros movimentos

de ataque e defesa na esgrima.

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Felicidade tem sabor de infância

Sobre o amor de primo

Capitulo I

Duas crianças brincam em um balanço. Um menino e uma

menina. Elas correm. Beijam-se. Juram amor. Moram em casas

vizinhas. São os primos Francisco e Mariane. Um amor de

criança. Os pais sabem desse namoro e ignoram. É bonito de se

ver, para que contrariar as crianças? São inocentes. Uma fica

esperando a outra chegar da escola. Estudam em escolas

diferentes. Quando brigam não ficam sem se falar mais do que

duas horas.

Capitulo II

“O primeiro e o quatro de Setembro”

Sobre o amor de primo

O tio finge que vê e assiste tevê, a tia sabe do caso e faz suco de

morango e se encanta.

Um docinho, um lacinho, um beijinho num cantinho, um

amorzinho.

Um barulho gostoso de família reunida. Os olhos dela são do pai e

do avô, laços de sangue e amor.

Fala que nunca mais e morre de tanta saudade e de tanta vontade.

Vai e volta.

Jura que casa comigo quando crescer. Dá um sorriso, diz que sim,

de mãos dadas.

Olha pra mim, diz que sim, diz assim: você é tudo pra mim.

Chocolate e flor, o tio que é sogro vai ser avô. Geleia de

moranguinho, um coração de criança, priminho.

Capitulo III

Os pais de Mariane vão morar em Minas Gerais. Mariane tinha

dez anos e Francisco doze. Eles não se veem mais. Esquecem-se.

O tempo passa e eles crescem com culturas diferentes. Francisco

mora na capital e Mariane no interior de Minas Gerais. Dezesseis

anos depois Mariane vem para São Paulo trabalhar. Um dia

resolve ir visitar seu tio e reencontra seu primo. Todos estão

felizes em vê-la. Francisco vai leva-la em casa. Ela mora com

uma amiga. Eles marcam um encontro. Ela fica feliz em rever seu

primo.

Capitulo IV

Os dois vãos ao cinema. Andam de mãos dadas no shopping.

Numa rua escura se beijam. Muitas mensagens. Ele deve estar

apaixonado. Ela também. No segundo encontro em um parque de

diversões. Mãos dadas. Muitos sorrisos. Eles compram cachorroquente.

Comem algodão doce. A família não sabe que eles estão

saindo. Montanha russa e beijo na boca. Não vai, fica. Ninguém

pensa em culpa. Terceiro encontro no parque do Ibirapuera.

Andam de bicicleta. Beijos. Visitam os museus. O planetário. O

lago. Admiram as crianças do parque. O por do sol é bonito numa

cidade cinza. Quarto encontro no museu do Ipiranga. Muito bom.

Amor assim só em filme. Namoro.

Capitulo V

Mariane fala com sua mãe sobre o que está acontecendo. Ela

conta por telefone que está saindo com o primo. Sua mãe grita: -

você está louca? É pecado. Tem o mesmo sangue que o seu. Seus

filhos vão nascer deficientes. Cegos ou aleijados. Amor de primo

é proibido. O pai dela pensa o mesmo. Imagina seu filho com

paralisia cerebral ou surdo ou ainda com oito dedos em cada mão.

Ela se sente culpada. Não responde mais as mensagens do primo.

Vai se confessar com o padre e fala de seu amor pelo primo. O

padre diz que não é bom. Os filhos podem nascer com defeito. Só

um bispo pode autorizar o casamento entre primos. É melhor

esquece-lo. Existem tantos outros homens. É pecado.

Capitulo VI

Francisco pensa diferente. As pesquisas recentes feitas nos

Estados Unidos demonstraram que a probabilidade de um casal de

primos de ter filhos deficientes é de 4,8%, de um casal normal é

de 3%; apenas 1,8% a mais que um casal normal. Riscos todos

têm. Ela devolveu a aliança. Na idade média era comum o

casamento entre primos para que a herança da família fosse

preservada bem como a linhagem. Na antiguidade os nomos eram

clãs patriarcais baseados no parentesco. Como explicar isso para

pessoas ignorantes? Que acreditavam em superstições. Não existe

pesquisa contra a ignorância. Pessoas sofrem pela ignorância.

Capitulo VII

Eles tinham quase tudo em comum. Seus aniversários eram

próximos. O signo. Quase a mesma estatura. As mesmas músicas.

Tudo. Um dia ele foi até a casa dela e dormiu lá. Os dois se

amavam. Alguns dias depois ela largou o emprego e voltou para

Minas Gerais. Francisco ficou sabendo por sua mãe. Alguns

meses depois ele ligou. Ligou muitas vezes. Conversaram. A

ligação caia. Era a mãe dela quem desligava. Ele ligava

novamente. Dona Carla pediu para Francisco esquece-la. Ele

tentou. Não consegui. Nos parques ele via mulheres com carrinho

de bebê imagina Mariane. Casais se beijam. Sentia falta dela. Ele

conheceu duas outras moças depois dela. Não deu certo.

Capitulo VIII

Quase um ano depois. Francisco foi passar férias em Minas

Gerais na casa da tia. Ele não era bem vindo lá, mas foi bem

recebido. Chegou de surpresa, sem avisar. Mariane assim que o

viu esbravejou: - eu não acredito que você está! Você não tem

vergonha? Veio aqui para que? Francisco respondeu: - aqui é a

casa dos meus tios. É assim que me agradece tudo que fiz por

você? O irmão dela interviu: - nada de brigas nesta casa. Aqui não

é lugar para discutir. Vamos respeitar. Ela estava diferente.

Francisco conseguiu emprego em Belo Horizonte e foi morar lá. A

cidade de Mariane ficava uns duzentos quilômetros de Belo

Horizonte. Ele a amava e queria estar perto dela.

Capitulo IX

Eles se reencontram. Beijaram-se. A família não aceitou. Ela

levou uma surra da mãe. Foi expulsa de casa. Sua mãe a chamou

de vagabunda. Humilhações. Ela alugou uma casa. Francisco

estava namorando Mariane. Tudo parecia ir bem. Mariane

terminou de novo. A única forma de ter o perdão de sua mãe era

voltar para casa. Mãe a gente só tem uma, namorado podemos ter

vários. Francisco ficou louco. Bebia muito. Ela não era mulher de

coragem. Ligava muito. Chorou. Mariane tratou logo de sair com

outro homem para esquecer o primo. Estava tudo acabado.

Francisco lembrava-se dos bons momentos. Mariane disse a

Francisco que ele não passava de um parente. Se ela o via como

primo por que se envolveu com ele?

Capitulo X

Mariane estava namorando. Francisco não conseguiu esquece-la.

Lembrava-se das duas crianças. No balanço. Francisco viu

Mariane com outro homem e o agrediu. Voltou para São Paulo.

Mariane terminou o namoro com o outro homem. Francisco não

desistiu. Meses depois voltou para Minas Gerais de carro. Não

quis ir de avião. Chegou à casa da tia. Eles estavam assistindo

televisão. Com uma pistola matou sua tia, o marido dela e seu

primo e irmão de Mariane. Mariane não estava em casa. Foi até o

quarto dela. Bisbilhotou suas coisas. Ela tinha guardado o cd da

legião urbana que ele deu. Tinha guardado fotos e vídeos. Tinha

guardado até embalagens de bombons que ele havia dado.

Encontrou um diário com a foto dele, escrito embaixo da foto: o

primeiro e o quatro de Setembro, meu primo, meu amor. Ele

nasceu dia primeiro e ela dia quatro de Setembro. Francisco se

matou com um tiro na cabeça.

Capitulo XI

Mariane perdeu sua família e seu amor. Ficou louca. Andava pelas

ruas da cidadezinha com bonecas dizendo que eram suas filhas.

Tinha berço e até brinquedos. Ficava num balanço conversando

sozinha. Dois anos depois se afogou no rio da cidade. Aquele

rosto feminino desfigurado pelas águas. Aqueles olhos castanhos

esbugalhados. Aqueles cabelos louros e longos despenteados. Não

combinava com aquela criança da foto. A música antes das seis da

Legião Urbana era a música que os primos mais gostavam.

FIM

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Historias em um call center

Capitulo I

Debora é supervisora de uma equipe de 20 pessoas em um call

center. Ela conhece seus operadores. Eles vendem cartões de

crédito. Ela é casada e não tem filhos. É estéril. Ela é uma mulher

de 42 anos. Seu marido gosta de ouvir as historias que ela conta.

No call center trabalham duas mil pessoas. Com muitas historias.

Pessoas entram e saem da empresa periodicamente. É uma

rotatividade da mão de obra. Poucos ficam mais de seis meses.

Capitulo II

Debora está nervosa porque sua operadora Jaqueline não pode

entrar na empresa. Ela está com uma atadura no rosto. Não podem

entrar pessoas com atadura na empresa. Debora: - o que acontece

Jack? Jaqueline Meu marido me agrediu. Debora: - de novo? Você

tem que deixar este homem. Jaqueline: - ah ele não fez por mal.

Sempre me bate quando está bêbado ou drogado. Debora: - tira

essa atadura para os seguranças te deixarem entrar. É melhor do

que você perde o dia de serviço.

Capitulo III

As equipes sempre rezam o Pai Nosso antes de começarem o dia.

De mãos dadas eles rezam. Os supervisores falam a meta do dia.

Começam a cair as ligações. São duas pausas de dez minutos e

mais uma de vinte durante o dia. Seis horas e vinte de trabalho

por dia. Trezentas ligações por dia. Quinhentas pessoas só naquele

setor. A equipe da Debora é a dos piores operadores. Os que

faltam e não vendem.

Capitulo IV

Debora vai ao banheiro e no corredor flagra um de seus

operadores cheirando cocaína. Debora: - cheirando de novo

Jeferson? Jeferson: - vida louca, super. sabe como é? Debora: - se

eles te pegarem aqui, te demitem por justa causa e chamam a

policia. Por favor, faz isso no banheiro e para de usar drogas. O

call center está cheio de gays, lésbicas, drogados, evangélicos e

outros grupos humanos. São escravos modernos. Jovens que há

trinta anos seriam serventes de pedreiro, empregadas domésticas,

jardineiros ou faxineiros. Escravos dos tempos de alta tecnologia.

Vendedores de porta em porta quase não mais existem. As grandes

empresas podem estar em todos os lugares ao mesmo tempo e tem

quase todos os dados do cidadão comum.

Capitulo V

Cada operador sabe o motivo de estar ali. Contratam todo tipo de

pessoas. Jovens, velhos ou meia idade. De perto ou de longe. O

setor que mais emprega no Brasil, o telemarketing. Alguns estão

lá para pagar a faculdade, outros para ajudar o marido, outros para

ajudar os pais ou criar os filhos. Ainda tem aqueles que trabalham

para comprar drogas e álcool. Lá dentro é um comercio de

produtos de beleza, lingerie, alimentos e até drogas. Uma

multidão humana. São dois mil operadores por turno, manhã e

tarde.

Capitulo VI

Debora foi ao casamento de uma de suas operadoras com outra

mulher. As duas se amavam. Bianca se casou com Ágata. Muitos

casais homossexuais no call center. O gerente deu uma bronca nos

supervisores faltaram cem cartões para bater a meta do mês.

Gerente: - vocês pensam que essa porra é escola? Pensam que

esses vagabundos são alunos? Esta merda aqui não é creche. O

banco quer resultado. Produção, caralho. Aqui não tem tio, nem

tia. Os operadores não são sobrinhos de vocês. Faltou, é

advertência. Chegou atrasado é advertência. Quem vende, vende.

Vende tudo até pedra. O gerente batendo na mesa gritou: - nós não

batemos a meta porque supervisor deixa operador conversar.

Mistura os bons com os ruins. Coloca uma laranja podre na cesta.

Vocês não sabem trabalhar? Não dominam seus operadores?

Voltem ao trabalho. A meta desse mês é a mesma: dez mil cartões,

manha e tarde.

Capitulo VII

Uma operadora de Debora está com a cabeça baixa chorando.

Debora: - o que está acontecendo Luana? Luana: - briguei com

meu namorado. Debora: - vamos conversar em particular. Luana

isso acontece com todo ser humano. Seus problemas devem ficar

lá fora. você só tem dezenove anos. Ela abraça a operadora.

Luana chora. Crianças grandes. Brasileiros pobres. O profissional

é pessoal. Trabalhar o ser humano. Pessoas recém-saídas da

escola ingressando no mundo do trabalho. Jovens adultos.

Capitulo VIII

A monitoria pegou uma ligação de uma operadora chamada

Alessandra da equipe da Debora. Ela ofendeu um cliente. Justa

causa. A operadora foi demitida. Debora: - o que você fez sua

doida? Agora vai ficar desempregada. Alessandra: - vou nada

super, eu faço programa. Prefiro dar a bunda a ficar aqui nesse

lugar. Ganhar quinhentos contos por mês. É melhor dar o rabo o

mês inteiro e ganhar dois mil. Pelo menos de quatro a gente não

vê nada.

Capitulo IX

Supervisores bons e maus se misturam. Gente que humilha os

outros. Muitos pedem as contas quando mudam de equipe. Alguns

gritam o tempo inteiro: - vai equipe! Não tinha nada melhor para

vocês fazerem em casa? Podem vender, viu! Cada venda é

comemorada. Estralam os dedos e o supervisor grita: - comemora

a venda do Fulano! Muitos brindes. Canecas, chaveiros,

brinquedos, ursos de pelúcia, é só vender cinco cartões ao dia.

Capitulo X

O operador Jeferson está sem vir trabalhar a duas semanas.

Debora liga para a casa dos pais e descobre que ele está numa

clinica para dependentes químicos. Ela pensa consigo: “- espero

que ele se trate” são quinhentas pessoas falando ao mesmo tempo.

Um barulho terrível. Vendas e vendas. Gente passando. No fim do

dia garganta e ouvidos estão cansados. Muito stress. Os

evangélicos depois de um tempo se estressam e começam a gritar

e agir como loucos. Todo mundo é um pouco louco nesse mundo

do call center e quem não é vai ficar. Certo dia um evangélico

surtou e saiu gritando pelo call center: - Jesus não quer que vocês

enganem as pessoas, parem de ligar para a casa dos outros.

Fiquem libertos em o nome de Jesus. Arremessou um bíblia

contra um computador. O rapaz de roupa social foi conduzido ao

ambulatório e demitido alguns dias depois. Excesso de stress.

Imagina você dizer “alô bom dia” trezentas vezes ao dia, seis dias

por semana. O script é repetido trezentas vezes por dia em média.

Da mesma forma.

Capitulo XI

Um supervisor casado tem um caso com uma operadora. Os dois

estão sempre de mãos dadas. Certo dia a mulher dele vê os dois

almoçando juntos no restaurante da empresa. Faz um tumulto.

Quebra pratos e vem a policia. O supervisor é desmascarado no

call center. Dias depois pede demissão. A operadora fica sem seu

amante. Até que outro supervisor acaricia seus cabelos. Pronto já

tem outro. Muita sacanagem. Jovens com os hormônios. Um

jovem de vinte anos é assediado por uma operadora de sessenta

anos. Ela sempre deixa um chocolate na PA dele. Liga para ele.

Na saída fica esperando por ele para dar carona em seu Monza

velho.

Capitulo XII

São dez mil vendas todos os meses. É uma meta alta. Mudam de

equipes. Muito choro. Muitos pedem demissão. No fim do ano a

equipe de Debora faz amigo secreto e vão para um bar beber

cerveja. Muita alegria. Alguns terminam o curso ou a faculdade e

pedem demissão, outros sobem de cargo, para supervisor. Uma

luta diária por vendas. É o mundo do call center. Debora é

demitida por não bater suas metas. Ela que sempre tentou

recuperar operadores ruins. Muitos choraram. Ela trabalhou cinco

anos naquele call center, três como operadora e dois como

supervisora. Foi bom. Deixa saudades. Tem muitas historias para

contar.

Capitulo XIII

Debora está conversando com seu marido sobre sua saída do call

center. Ela diz que vai sentir saudades das pessoas. De suas

historias e seus desejos. Ela era uma mãe, não apenas uma

supervisora. O telefone toca. Ela vai atender. Debora: - alô?

Atendente: - eu gostaria de estar falando com a senhora Debora.

Ela está? Debora: - quantas vezes eu disse para você evitar o

gerundismo. A monitoria vai te despontuar André. Atendente: -

super é você? Que saudades! Vamos fazer um cartão hoje?

Debora: - ah eu faço, só para você bater sua meta.

FIM

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Houve tarde e manhã, o primeiro dia.

Capitulo I

In principio creavit Deus caelum et terram. Terra autem erat

inanis et vacua et tenebrae super faciem abyssi et spiritus Dei

ferebatur super aquas. Dixitique Deus: - fiat lux. Et facta est lux.

Et vidit Deus quod esset bona et divisit lucem ac tenebras.

Appellavitque lucem diem et tenebras noctem. Factumque est

vespere et mane, dies unus.

Capitulo II

No século XIII quatro cavaleiros de Jesus Cristo estão

combatendo no Egito junto com o rei São Luís. Um deles recebe a

noticia através de um mensageiro viajante da Europa que sua

esposa Gertrudes está para dar a luz. Com a eminente derrota do

rei da França para os turcos, Felipe decide voltar a Europa junto

com seus três amigos, João, Pedro e Thomas. Os europeus são

derrotados pelos turcos, o rei, a rainha e os nobres são feitos

prisioneiros. Poucos escaparam. No campo de batalha ouve-se a

música Kyrie Eleison, cantada por um coral de vozes masculinas

e femininas. Muitos mortos e poucos sobreviventes. Homens com

braços cortados, cabeças pelo chão e mãos e pés. Uma violência

inaudita.

Capitulo III

Os cavaleiros entram numa embarcação de um grupo de

mercadores que estão indo para a terra santa. Chegando à terra

santa compram comida e ajudam os mercadores a carregar o

barco com suas mercadorias. Os mercadores vão até uma região

distante do oriente atravessando um deserto. Com camelos, os

guerreiros acompanham os mercadores. A caravana é assaltada

por um grupo de beduínos. A agua deles é roubada. Eles

peregrinam até a cidade mais próxima. No caminho alguns

morrem de sede. Eles vão cantando Vidi Aquam. Rezando o Painosso.

João agonizando sedento vê Jesus com um cântaro de

água. Desmaia e com os olhos fitos no céu morre de sede. Ouvese

a musica Vidi Aquam.

Capitulo IV

De volta ao mar eles param em Chipre. Os mercadores vendem

algumas de suas mercadorias para os comerciantes locais de

Chipre. Os cavaleiros procuram uma igreja para rezar. Na volta

um grupo de saqueadores tenta roubar o navio ancorado, os três

cavaleiros corajosamente salvam os mercadores. Um deles foi

ferido, Thomas. Morre durante a volta para a Europa e seu corpo

é lançado no mar. Eles cantam Ave Maris Stella durante a viagem.

Capitulo V

Ave Maris Stella. Dei mater alma, at que semper virgo, Felix caeli

porta, sumens illud ave, Gabriellis ore, funda nos in pace, mutans

Evae nomen. Solve vincla reis. Profer lumen caecis, mala nostri

pelle, bonna cuncta posce. Monstra te esse matrem sumat per te

preces, qui pro nobis natus, tulit esse tuus. Virgo singularis. Inter

omnes mitis, nos culpi solútos. Mi tes fac et castos. Vitam praesta

puram. Inter para tútum: ut videntes Jesum, semper collaetemur.

Sit laus Deo patri, summo Christo Decus, Spiritui Sancto, unus.

Amen.

Capitulo VI

Finalmente desembarcam-na Europa. Agradecem aos mercadores

que vão distribuir suas mercadorias na Europa. São ainda alguns

dias a cavalo até Paris. No caminho Pedro que é sobrinho de

Felipe tem uma febre e morre. Felipe chora sobre o corpo do

sobrinho e reza o Pai nosso: - lembrai-vos de nós Senhor e

acolhei-o junto a vós, na luz de vossa face.

Capitulo VII

Chegando a Paris, Gertrudes da à luz a Gregório. Cada vez que

uma criança nasce o mundo é criado de novo. É como se Deus

criasse tudo outra vez para aquela pessoa. Felipe pega seu filho

nos braços. Houve tarde e manhã, o primeiro dia de vida do

recém-nascido Gregório.

Capitulo VIII

No principio, Deus criou o céu e a terra. Ora, a terra estava vazia

e vaga, as trevas cobriam o abismo, e um sopro de Deus agitava a

superfície das águas. Deus disse: - haja luz, e houve luz. Deus viu

que a luz era boa, e Deus separou a luz e as trevas. Deus chamou

a luz dia e as trevas noite. Houve tarde e manhã: o primeiro dia.

FIM

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Comedians - Humor

Lingando para o presidente dos Estados Unidos

Apresentador: os Estados Unidos escutam tudo. Eles ficam

vigiando as pessoas. Escutam atrás da porta. Eu que pensei que

escutar atrás da porta era coisa de gentinha. Nosso repórter vai

ligar para o presidente dos Estados Unidos para saber o que o

presidente Obama tem a dizer. Repórter numa bicicleta com uma

mochila nas costas, para a bicicleta ao lado de um orelhão.

Repórter:- boa tarde, vamos falar com o presidente Obama sobre

espionagem. Como ligação para os Estados Unidos é caro vamos

fazer um gato aqui no orelhão. Com uma escada ele faz um gato

no orelhão. Depois liga para a Casa Branca. Repórter: - alô.

Obama? Aqui é o Jurandir sou repórter. O que você tem a dizer

sobre espionagem. Obama: oh my God! oh my God! oh my God!

Oh Jurandir how are you Jurandir? Que roupa estranha voce está

usando! Reporter: - como você sabe que roupa estou usando?

Obama: fuck you, sucker. Apresentador: - não adianta velho os

caras pensam que o mundo é um big brother, ainda bem que essse

programa é protegido por criptografia. Entra a cena do Obama

vendo televisão está assistindo ao apresentador falar.

Testemunho do cagão

Pastor: - temos mais um testemunho. Vem um cara no púlpito.

Cara: - ai pastor, ai pastor. Pastor: - você está com alguma dor?

Cara:- não eu estou apertado, vou dar um descarrego ali e já volto.

Cena de um banheiro com a porta fechada. Na porta está escrito

banheiro e embaixo sessão do descarrego. O cara volta para o

púlpito. Pastor: - pronto? Cara: - pronto. Pastor: - qual é o seu

testemunho? Cara:- ah eu era uma puta cagão e não tinha nada

agora tenho uma frota de carros é tanto carro que tá dando

congestionamento na cidade. Muito carro mesmo velho, só de

flanelinhas são mais de cinco mil. Pastor: - mais cagão você

continua sendo? Cara: - que bom você tocar no assunto porque

esqueci de dar descarga no banheiro.

Reportagem: tocadores de campainha

Quando alguém te perguntar qual instrumento você toca? Você

responde: toco campainha. Ah, ah, ah. Que piada sem graça.

Muitos marginais se aproveitam dessa brecha, (gesticulando uma

vagina com as mãos), para apertar a campainha da casa dos outros

e sair correndo. Cena: cara com uma camiseta amarrada na cabeça

aperta uma campainha e sai correndo. Dona da casa sai brava com

um facão nas mãos: - vou cortar sua mão filho da puta. Repórter

Jurandir:- porque você aperta a campainha da casa dos outros?

Apertador de campainha:-é divertido. Tem gente que toca violão,

bateria ou guitarra. Eu toco campainha. Jurandir: - puta piada sem

graça. Sabe aquela velha cuja casa você apertou a campainha ela

está aqui. Velha começa a bater no cara com um rolo de macarrão.

O repórter Jurandir está na rua ele fica pensando como será

divertido apertar uma campainha e sair correndo. Jurandir: - nossa

velho deve ser da hora apertar uma campainha e sair correndo.

Ele aperta uma campainha e sai correndo era da casa do expresidente

Lula. Lula diz: - companheiro e companheira porque tá

apertando a campainha isso é coisa da sexta maior economia do

mundo?

Testemunho do algodão doce

Pastor: fala o seu testemunho. Mulher com uma buzina nas mãos

e buzinando: - eu vendia algodão doce agora tenho uma frota de

Titanics com vários Leonardos de Caprio. Pastor:- e para que

você fica buzinando? Para com isso, meu. Mulher: - não dá carai.

Fiquei viciada. Outro pastor: - tá possuída pelo diabo vadia? Para

com essa buzina carai. Os pastores tomam a buzina dela e dizem:-

vai buzina o Titanic sua mentirosa do carai.

Médico Dozão, o doutorzão.

Médico: - eu estudei para isso. Tem duas pessoas na fila. Uma

pobre e um deputado. Uma enfermeira chama o pobre: - pedreiro

Silva. O deputado interrompe eu cheguei primeiro mostrando uma

nota de cem dólares. Enfermeira leva o paciente até a sala: - do,

dodo, dozão, doutorzão. Coloca esse na UTI e desliga os

aparelhos. Deputado: - mas eu sou deputado. Dozão: - ninguém

quer saber se você é de puta, sua vida pessoal não interessa. Rede

publica é assim você, vem, mas não sabe se volta, não vivo. Meu

nome é Renatão, sou doutorzão para os íntimos dozão. Estudei

para isso.

Entrevista com He-Man

Hoje vamos entrevistar uma personalidade conselheira He-Man.

Começa a tocar a música. Entra o He-Man. Apresentador: - e ai

comeu a She-Ra? He-man: - então velho ela é muito pipoqueira.

Apresentador: - o que você sente pelo gato guerreiro? He-man: os

gatos guerreiros estão em extinção. O ibama os protege. Já

tentaram tirar ele de mim. Eu o amo. apresentador: he-man o que

você sente quando passa de príncipe Adams para He-man? Heman:

- é como quando você quer cagar. Você sente aquela vontade

de dar uma cagadinha. Apresentador: - de príncipe vagabundo a

super herói em questão de segundos. Como é isso? Você acha que

podemos transformar a politica? He-man:- cara é difícil

transformar a politica. É mais fácil eles roubarem a

transformação. Apresentador:- porque você usa cueca? Pensa que

está na praia? He-man:- cara a sunga é coisa tão comum. Minha

bunda é durinha e eu não tenho celulite. Apresentador: - he-man

você parece a loira burra. He-man: - é o povo me confunde com

minha irmã. Apresentador: - é muito sexy quando você grita: eu

tenho a força. Dá um grito ai para nós. He-man: - eu tenho a

força.

Plateia

A personalidade de hoje que veio ao nosso programa é o Snarf

dos Thundercats. Cara vestido de Snarf grita: - snarf, snarf.

Observação: as entrevistas são sempre de personagens de

desenhos animados ou filmes nada é verdadeiro. Na plateia tem

sempre um personagem de desenho animado. Os espectadores são

três: a velhinha com guarda chuva. O gordo comendo pipoca e um

menininho com um ioiô. O teatro é vazio.

Corrida de carro velho, luxury Racing.

Corcel 72, chevetão, fusca detonado e opala arruinado. Carros que

só serviam para a reciclagem agora dão pinote e cavalo de pau.

No circuito Prince of Wales. Eles dão um show. Entrevistei o

americano naturalizado mexicano Howard Dolores. Eu perguntei

a ele o que achava de dirigir uma caranga dessas. Howard:- thats

fine. Its amazing. Você ter quer empurrar o carro. melhora seu

condicionamento físico. Thats ok. Repórter: - com roncos dos

motores nós concluímos essa reportagem.

Patricinha protetora dos animais

Um gesto de bravura, coragem, compaixão e zoofilia. Uma

patricinha adotou vinte mil cães e duzentos mil gatos. Todos

comem caviar e bebem champanhe. Repórter: oi Pati. Patricinha:

não é Pati, Patty, com sotaque americano. Repórter: Oi Patty.

Como foi adotar 200 mil gatos. Patty: - um gesto de amor. Depois

que eu me formei na França. Ficava só coçando a piriquita. Um

dia eu vi um mendigo morrer atropelado pelo caminhão. O

caminhão passou em cima da cabeça dele. E gato do mendigo

ficou abandonado dai eu fiquei com dó. Repórter: - do mendigo?

Patty: se é louco Joe? Do cat. Repórter: - doa um dinheiro para as

crianças carentes. Patty: - tenho para gastar um milhão com gato e

cachorro. Mas pobre só posso dizer sinto muito. Tenho pena

deles. Mas tenho um consolo para os pobres na próxima vida

vocês vão reencarnar como gato e cachorro.

The great seal, o olho do carai, os caras são zoio, olho gordo

Na nota de um dólar tem um símbolo que é um triangulo com um

olho. Que porra é essa? O brasileiro conhece como olho do carai.

Os americans o chamam de the great seal. É um símbolo da

marcenaria. Vamos coversar com um marceneiro sobre isso.

Repórter: - sabe o que é o great seal? Marceneiro com o cofrinho

aparecendo: - oio? Oio gordo você fala? Repórter olhando para o

cofrinho do marceneiro: - estou vendo olho do carai daqui.

Marceneiro: - eu uso óculos meus zoio não aguenta mais.

apresentador: - o povo não sabe nada sobre o olhinho do capeta.

Seria um símbolo do big brother? A verdade é que esse olho tem

que usar óculos e deixar de se sentir esperto. Olho representa a

espionagem dos americanos. Dedo mindinho, seu vizinho, maior

de todos, fura olho e cata piolho. É uma técnica russa contra olho

bisbilhoteiro. Além de usar óculos esse olho precisa de colírio por

isso vou colocar algumas gotas desse colírio feito na antiga união

soviética. O olho do triangulo está vermelho. O apresentador

coloca três gotinhas no papel e olho fica bom. O apresentador diz:

- agora o olho americano pode fumar um baseado sem ficar

vermelho. Já que lá é liberado... descobrimos o mistério do olho: -

marihuana. Um cara está olhando pelo buraco da fechadura

alguém mete o dedo... fim.

Testemunho papagaio loro José

Pastor: loro, loro, loro. Loro José: - pastor eu era papagaio da

Amazônia fui capturado e levado para morar com uma velha rica

nos Estados Unidos. A velha morreu e eu fiquei com a grana.

Depois fui voando para a casa da Ana Maria. Hoje trabalho na

Globo e tenho uma frota de pombos correios. Pastor:- ah Loro,

está bem de vida, mas cuidado com o ibama. Loro: - que nada

digo que é tudo dizimo e já era...

Plateia

Hoje na plateia o mestre dos magos. A cadê? Sumiu!

Motoristas de ônibus sucateado, propaganda.

Um ônibus completamente sucateado está circulando nas ruas. O

motorista usa um chapéu de vaqueiro e o cobrador usa gravata e

chinelo de dedo. Ele para no ponto e pega passageiros. O fugitivo

da cadeia, a velha crente, seu pinguço e cowboy com um cavalo.

Todos entram no ônibus inclusive o cavalo. A música infinita

Highway dos engenheiros do Havaí é a trilha sonora. Narrador:

viaje com conforto e segurança na empresa expresso Paris.

Transporte rápido e barato é aqui. Aqui você pode colocar a

cabeça para fora do ônibus, levar animais, motos, asas delta e até

caixão. Também pode ajudar a empurrar quando quebrar. Mostrar

o pessoal empurrando e o cavalo puxando o ônibus na frente.

Propaganda vídeo retard

Cansado de perder para o vídeo game? De perder para o

computador? Para que sofrer? chegou vídeo retard, o vídeo game

para o retardado. Só tem um botão. É só apertar. Para que tantos

botões? Se um só basta. Com retard você pode jogar jogos de luta,

aventura e corridas de carro e moto. Só tem um botão. Vídeo

retard até você joga!

Propaganda treinadores de gato

Seu bichano não pega rato? Coloque-o na escola gato do mato.

Cara com um prendedor de roupas amarrado em uma linha

fazendo o gato correr atrás. Os gatos estão obesos. Veja os

depoimentos. Pastor: - você como era antes da escola? Gato: -

nossa velho. Muito preconceito. Sabe aquela frase malandro é o

gato? Me ofendia muito. Eu não sabia pegar rato. Agora sei.

Pastor: - amén gataiada. Pastor: - você felina o que tem a dizer?

Gata: - meu marido me batia. Vivia comendo espinha de peixe.

Engravidou minha irmã. Agora a gente come camarão. Mora

numa caixa de papelão e cria cachorro por causa dos ladrões.

Pastor: gato tem sete vidas, mas oportunidade é uma só. Não

deixe o felino sofrer, lembre-se gato escaldado tem medo de água

fria.

Propaganda suco natural pacotinho mágico

Nada melhor do que tomar um refresco no verão. O suco natural

tem todos os sabores. Com este pacotinho você faz até 10.000 mil

litros. É super natural. O preço acessível. É apenas 25 centavos.

apenas uma moeda. Não fique espremendo laranjas! Compre

pacotinho magico. Com ele você pode até vender suco, fazer

sorvetes e até mesmo usar como soro.

Maria gasolina adulterada

Um cara vem andando a pé, para em frente a uma casa e toca a

campainha. Uma moça com chinelo de dedo, shortinho e cabelo

despenteado atende no portão. Cara: - e ai vamos dá um rolé? A

moça responde: -não estou esperando meu pai ele foi na missa.

Cara: - mas seu pai é ateu. Moça: - então cara ele tá tentando

mudar de opinião. O cara volta numa bicicleta. Toca a campainha

e diz: - e ai, vamos dar uma pedalada? A moça do mesmo sai no

portão e responde: - não estou esperando minha mãe. Cara: - mas

sua mãe morreu. Moça: - então estou esperando a ressurreição. O

cara volta de moto: - vamos dá uma volta? Moça: - não estou

esperando meu irmão. Cara: - mas você é filha única. O cara volta

numa Ferrari. A moça já está na calçada toda produzida, maquiada

e bonita para sair. Moça: - você demorou amor.

Plateia

Hoje na plateia está o vingador do desenho caverna do dragão. É

uma honra sem igual ter esse chifrudo aqui no programa Global.

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Comedians II Humor

Telemarketing gerúndio

Homem atende ao telefone: - oi alô. Vocês de novo? Já me

ligaram trezentas vezes hoje. Atendente no cal center: - senhor são

trezentas oportunidades que o senhor perdeu. Homem: - como

faço para vocês pararem de me ligar? Atendente: - ah o senhor

pode estar se matando.

Telemarketing zangado

Homem: - alô vocês de novo? Vai ligar para puta que ti pariu!

Atendente: - o senhor tem o telefone dela? Eu anoto aqui no meu

sistema.

Dilma Rousseff e o telemarketing

Dilma: - no Brasil não falta emprego, falta operador de

telemarketing. São 800 mil vagas. Só não trabalha quem não quer.

Te pagam condução, vale alimentação e até comissão. Você ainda

se diverti passando trote para a casa dos outros, querem mais do

que isso?

Ibirapuera

Esses dias conheci uma patricinha no parque do Ibirapuera e ela

disse: - meu pai tem uma Captiva. Eu respondi: - de trás da minha

casa tem um matagal e lá tem um monte de capivara!

Ibirapuera II

Conheci uma patricinha no parque do Ibirapuera que me

perguntou por que eu andava de ônibus. Eu respondi: - para

conhecer pessoas novas.

Ibirapuera III

Conheci uma patricinha no parque do Ibirapuera que me disse: -

meu pai tem um Passat. Eu falei pobre têm vários: Passat fome,

Passat frio, Passat calor, Passat raiva e fica esperando o ônibus

Passat. Ela falou meu irmão tem um Camaro. Eu respondi eu não

comprei um porque achei que tava caro.

Minha namorada

Esses dias liguei para minha namorada: - ela disse: - seu saldo é

insuficiente para realizar chamadas, por favor, recarregue seu

celular. Dai eu liguei a cobrar e ela falou o seguinte: - este numero

está programado para não receber chamadas a cobrar e desligou.

Quem programou? Foi ela? Bom se ela não quer falar comigo

achei melhor terminar tudo.

Brasileiros e americanos

No que o ser humano pensa quando está fazendo suas

necessidades? Pesquisa realizada nos Estados Unidos da América

pela universidade de Bosta revela que o americano pensa em fazer

compras no supermercado e o brasileiro não pensa em bosta

nenhuma.

Brasileiros e americanos II

No que o ser humano pensa quando está fazendo sexo? Pesquisa

realiza nos Estados Unidos da América revelam que o americano

pensa em automóveis. E o brasileiro quando está fazendo sexo

não pensa em porra nenhuma.

Musica da pombinha gira em macumba para crianças

Pombinha gira o que está fazendo? Lavando roupa pra ferrar os

outros. Vou me lavar, vou me secar, vou pro inferno pra namorar.

Passou um homem de terno branco, chapéu de largo era o diabo.

Mandei entrar, mandei sentar. Cuspiu no chão, vai cuspi no seu

salão lá na casa do João.

Símbolos maçônicos

Um repórter está dando descarga no banheiro com a porta aberta,

entra uma câmera ele quebra a câmera e diz: - sai daqui rapaz isso

é invasão de privacidade. Momentos depois o repórter está em

uma mesa cheia de papeis de terno e gravata. Repórter: - Olá.

Você sabe o que é um símbolo? É um desenho que representa

alguma coisa. Maçonaria sabe o que é? É uma sociedade secreta

que começou na Argentina em 1700 e quebrada. Hoje vamos

conhecer alguns símbolos maçônicos.

Este símbolo representa a espionagem dos Estados

Unidos.

Este símbolo representa uma papelaria.

Este símbolo representa os chineses.

A palavra maçom significa pedreiro.

A trolha ou colher de pedreiro.

Outro símbolo dos maçons.

Poucos sabem que estes são desenhos

secretos dos maçons.

Também é um símbolo maçônico.

Símbolo legitimo da maçonaria.

Até tu Brutus meu filho! Sem duvida é

maçonaria.

Até nossa bandeira.

Personalidades maçônicas

Agora vamos falar com ele, é ele mesmo. O senhor das trevas.

Aquele que mora no andar de baixo. Repórter: - Chifrudo é

verdade que a Globo é da maçonaria?

Chifrudo: - oia seu reporti. Isso é conversa de quem não tem

capacidade. Isso é inveja. A Globo é uma empresa. Tem vários

funcionários de varias religiões. Repórter: - mas o senhor tem

sotaque caipira. Chifrudo: - ah é que eu sou do interior do inferno,

sou dos quintos dos infernos.

Mais personalidades maçônicas

O cara andando de bicicleta é maçom.

A letra M no boné do Mario é uma alusão à maçonaria.

O coelho da Playboy.

FIM

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O caminho da felicidade

Capitulo I

Muito bom é ser feliz. Brincar no balanço. Pular amarelinha.

Segura o bebê nos braços. Sorrir é gratuito. Não importa qual seja

sua classe social. Todo mundo é humano. Esta é uma historia de

felicidade. Um agricultor pobre vive numa casinha de sapé com

seus filhos. O mundo é de todos. O céu azul. Dinheiro você

trabalha e tem. A saúde do corpo, da mente e do espirito é nossa

maior riqueza.

Capitulo II

Nem tudo é poesia. A vida é dura. Levantar cedo todos os dias.

Comer pouco e uma comida simples. Devemos dar graças pelo

pouco e simples. Ser humano é ser humano. Não agradece e não

está contente. Ter roupas simples. Ter uma casa não muito

confortável. Ter dores no corpo. O sofrimento é notável. Se

deixarmos tirar o sabor da vida é porque não damos graças.

Capitulo III

O agricultor levanta cedo todos os dias e por uma estrada de terra

cercada de arvores vai para o campo. Espalha as sementes. O

cansaço é inevitável. Talvez viver seja como cultivar um campo: é

bonito de se ver, mas duro de ser cultivado. A colheita é muito

bonita. O bom do campo é o silencio. Nada de automóveis ou

trens. Talvez algum trator solitário. O agricultor volta para casa

quando o sol já está se pondo. O agricultor é místico, é eterno.

Capitulo IV

No mato tem samambaia. Avenca. Cipreste. Liliáceas. Gramíneas.

Rosáceas como maça, pera, morango e rosa. Couve, couve-flor,

repolho e agrião. Pimenta, pimentão e berinjela. Todas as

gimnospermas e angiospermas. Tem os bichos como a aranha e o

escorpião. Lepidópteros. Pato, ganso e cisne. Martim-pescador.

Grou, saracura e seriema. Tem canário, pardal, bem te vi e sabiá.

Mergulhão e pelicano. Estrutioniformes. Galiformes.

Psitaciformes. Tem tatu, preguiça e tamanduá. Camaleão. Tigre,

urso e leão. Lagomorfos. Sirenios. Tem rato, castor, capivara,

cutia, porco-espinho, cobaia, esquilo, paca e chinchila. Tem

primatas.

Capitulo V

Na cidade tem policia. Professores, médicos e dentistas. Tem

criança, tem jovem, adulto e ancião. Tem cadeia. Tem padre.

Pastor. Pai de santo. Tem maldade, tem assassino e ladrão. Tem

varredor de rua. Doutor. Helicóptero e avião. Tem prostituta. Tem

politico. Tem empresário. Dona de casa e pai de família. Tem mãe

solteira. Tem pai solteiro. Tem escola. Tem hospital. Tem

cemitério. Tem metrô e ônibus. Tem muito carro, tem bicicleta,

motocicleta e motoneta. Tem ruas e avenidas. Tem prédios e

arranhas céus. Tem favela e barraco de papelão. Tem riqueza e

miséria. Tem Deus e o diabo. Tem congestionamento, alagamento

e desentupimento. Tem canalização. Tem urbanização. Tem

evolução. Muita gente. Muito bicho homem.

Capitulo VI

O caminho da felicidade tem cheiro de terra. O caminho da

felicidade tem espinhos. Não tem o conforto do asfalto. Não

polui. O caminho da felicidade pede para criarmos os filhos. O

caminho da felicidade é estreito. Pelo caminho da felicidade

passam guerreiros, passam camponeses, monges, reis bons,

mestres, passam médicos, passam inventores e todos os filhos da

luz. O caminho da felicidade é o caminho da humildade. O

caminho da felicidade é o caminho da bondade. O caminho da

felicidade é o caminho fraternidade. O caminho da felicidade é o

caminho fidelidade. O caminho da felicidade é o caminho da

verdade. O caminho da felicidade é o caminho da piedade. O

caminho da felicidade é o caminho da igualdade. O caminho da

felicidade é o caminho da liberdade. O caminho da felicidade é o

caminho da eternidade.

Capitulo VII

O agricultor passa pelo caminho da felicidade. Colhe flores que

estão à beira do caminho. Na beira do caminho da felicidade tem

margaridas, tem brincos de princesa, tem copos de leite, tem rosas

vermelhas, tem rosas brancas, tem jasmim, tem orquídeas, tem

dálias, tem lírios e todas as flores. Flores são para demonstrar

amor e adeus. Na beira do caminho da felicidade tem arvores

frutíferas como a laranjeira, a macieira, mangueira, bananeira e

pereira. Fruto é vida. Dentro dos frutos estão as sementes da vida.

Na beira do caminho da felicidade também tem hortelã, erva

doce, capim santo e erva cidreira. Os pássaros cantam nas arvores.

Nele só é possível seguir a pé. No caminho da felicidade tem

sombra. Tem orvalho. Tem até a árvore da vida.

Capitulo VIII

Para encontrar o caminho da felicidade é preciso não ter ódio.

Não ter inveja. Superar o medo. Não trair. Não mentir. Não matar.

Não roubar. Não adulterar. É preciso ter alegria no coração. Amar

a vida. É preciso ter coragem. É preciso ter compaixão. É preciso

deixar os vicios. É preciso perdoar. Tem anjos no caminho. No

fim dele tem um belo sol. Sol que ilumina e aquece os espiritos de

Deus. O caminho da felicidade é uma escolha livre e de todos.

Todos nós escolhemos ser felizes. Todos queremos o caminho da

felicidade. Bom é ser feliz e brincar como criança. . A saúde do

corpo, da mente e do espirito é nossa maior riqueza. O caminho

da felicidade é o caminho da eternidade.

FIM

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Paternidade e maternidade

Amor, amorzinho merece um beijo, beijinho. Vida de tarde. Céu

azul. País lindo com cheiro de Deus nas árvores, cheiro de vida.

Meu canto, cantinho. Água que vem das pedras, cheiro de vida.

Eu amo cuidar de você, tenho tanto cuidado, cuidadinho. Vida

transparente. Vida que vem da fonte. Estes dedos, estes dedinhos

entrelaçados aos meus, firmes e confiantes. Pelas ruas de mãos

dadas, pela ruazinha de terra. Tanta beleza que não cabe na mesa.

Vejo as criaturas de Deus que se movem sobre a terra e

estranhamente choram, riem e inventam. Menino, menininho.

Menina, menininha. Querido, queridinha. Amar sem medo. Uma

entrega total, corpo e alma. A natureza é sabia e fonte da

sabedoria. Variedade de cores. Variedade de espécies. Variedade

de vida. Sapo, sapinho. Peixe, peixinho. Gata, gatinha. Gato,

gatinho. Pássaro, passarinho voa alto, voa bonito e livre. Este sol

brilha trazendo alegria. Saúde que vem do criador. Paz no

coração, coraçãozinho. Mais do que suficiente o criador nos deu,

vida pura e verdadeira. No silencio da noite, da noitinha

contemplamos a majestade do universo do criador, vemos nossa

pequenez pequeninha diante de um todo poderoso e infinito. Seres

humanos trabalham e sustentam suas vidas. Infância, criancinha e

jovem, jovenzinho. Idade adulta e velhice. A vida responde a si

mesma: - tudo que Deus criou é bom, bonzinho. Felicidade pura e

verdadeira do diminutivo ao infinitivo. Meu bem, meu benzinho.

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Poema - Ponto de ônibus

Chego ao ponto de ônibus e fico procurando por você. Digo: -

você por aqui! Na verdade eu sabia que você pegava o ônibus ali.

Você está mexendo no celular. Sento ao seu lado no ônibus e digo:

- Que dia lindo! Para começar uma conversa. Você responde: -

Mas, está chovendo. O ônibus dá volta, muitas voltas. O ônibus

sobe e desce morros. Fico olhando para você e imaginando você

se casando comigo, segurando meu filho nos braços, quer dizer

nosso filho. Você me pergunta:- está olhando o que? Eu

respondo:- baixinha invocada. Minha vida passa pela janela do

ônibus. Você diz que está com sono e fecha os olhos. Fico

olhando para sua boca. Você diz estudar farmácia, eu respondo

que sempre quis estudar farmácia. Melhor curso do mundo. Falam

muito sobre você. Dizem que você é isto e aquilo. Eu defendo: -

ela está assim por que alguém a magoou. Penso consigo talvez ela

se case com algum babaca que passa de carro com o som bem

alto. Tipo malandro, que pensa pegar mulher por que tem um

carro. Não sou do tipo. De volta em volta. De parada em parada.

De paisagem a paisagem. O ônibus chega ao destino. Despeço-me

com um beijo no rosto. Você segue seu destino e eu sigo o meu.

Ah, mas não há problema algum senhor destino. Eu não desisto

nunca: Pego o ônibus no dia seguinte só para vê-la novamente.

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Salmo vinte e três

Capitulo I

No fim de um culto evangélico uma mulher diz ao pastor: - este é

meu filho. Um anjo. Sabe quase toda a bíblia de cor. Ela da uma

risada. O pastor pede: - recite um versículo da bíblia meu filho. O

menino recita o salmo 23 inteiro. O pastor fica com um brilho nos

olhos e diz: - você será um grande pregador da palavra de Deus.

Denis você é um santo!

Capitulo II

Quinze anos depois. Um carro velho tocando Ralé do Charlie

Brown Junior passa em alta velocidade. Para em frente a uma

casa e buzina. Sai um jovem com uma mochila nas costas. Denis:

- bora vagabundo! O carro sai queimando pneus. Faz uma parada

rápida numa esquina e pega mais dois jovens. Os quatro ficam

cantando Ralé do Charlie Brown. Buzinam para as meninas da

rua. Estacionam em um bar e começam a beber. No bar está

tocando Faroeste Caboclo. Eles começam falar de mulher e

futebol. Maicon e Renato torcem para o São Paulo. Alisson é

corintiano e Denis santista. O São Paulo tinha perdido pro Santos

dai uma discussão masculina começou, gritos, palavrões e batidas

na mesa. Papo de homem. Mulher e futebol. Depois de algumas

cervejas eles saem e vão para uma biqueira comprar remédios.

Renato e Alisson usam maconha, Maicon e Denis farinha. Eles

vão até a rua Amazonas, onde fica a biqueira. Cantando “eu vou

apertar, mas não vou acender agora, se segura malandro pra fazer

a cabeça tem hora.”

Capitulo III

A música agora é Pelados em Santos dos Mamonas Assassinas.

Eles vão pra Indaiá. Chegando à praia. Pegam uma bola e vão

jogar futebol. Tomam banho de mar. Mexem com as meninas que

sorriem pra eles. Quando escurece começam a fumar maconha e

cheirar farinha. O carro está com o som ligado tocando Depois do

começo da Legião Urbana.

Capitulo IV

Os amigos estão bêbados e drogados. Começam a contar historias.

A desabafar. Renato conta sobre seu primeiro amor. Renato: - A

primeira namorada que tive era estranha. Ela beijava muito bem.

A gente ficava olhando as estrelas. Era muito romântico.

Namoramos cerca de um ano depois ela terminou comigo e

começar a namorar outra menina. Fiquei triste porque não sabia

que ela era lésbica. A lua está alta. A noite está linda combinando

com o mar. Maicon: - nossa que historia romântica e ridícula! Vou

contar algo melhor... Certo dia meu carro quebrou e eu fiquei

indignado. Decide que queria ficar rico. Chutei o carro. Vendi-o

depois de alguns dias por três mil reais. Joguei tudo na loteria e

perdi! Fiquei indignado. Quando recebi o pagamento joguei tudo

na loteria e perdi de novo. Os amigos dão risada. Minha obsessão

por ficar rico não diminui. Tirei cinco mil reais da poupança e

joguei de novo, ganhei 655,00 reais. Todos dão risada. Alisson: -

você é um louco, burro e pobre! Alisson: - a experiência mais

louca que tive foi roubar um mercado com meu primo que era

ladrão. A gente estava muito louco, bebendo e cheirando. Quando

acabou a cerveja entramos num mercadinho e com uma arma de

brinquedo levamos trezentos reais. Gastamos tudo com bebida e

droga. Um ao depois meu primo foi preso, lá dentro foi

esfaqueado por um colega de cela, ele tinha apenas vinte anos.

Minha tia quase morreu de tristeza. No velório dele havia muitas

flores. Olhei-o no caixão, quase chorei. Todos dizem: - nossa que

historia triste! Renato: - ninguém aqui está contando filme de

terror. Denis: - certo dia eu vinha numa rodovia em alta

velocidade, a uns cento e trinta por hora. Estava escuro. Deveria

ser umas oito e meia da noite. Sem querer entrei no acostamento.

No acostamento estava uma mulher e duas crianças uma de cinco

outra de oito. Tentei desviar, não consegui, atropelei uma das

crianças. Fiquei com medo de ser preso por isso não parei o carro,

fugi. Renato: - meu Deus. Me diz que isso é brincadeira! Denis: -

eu queria que fosse. Só depois sabe como me sinto culpado por

isso. Eu sou um monstro. Matei uma criança. Denis chora. Os

amigos tentam consola-lo. O vento sopra. O mar está agitado. A

noite está fria. Todos vão dormir.

Capitulo V

No dia seguinte os jovens voltam para a cidade deles. Deixam a

praia. A juventude passa. Ficam as historias. Ficam os sonhos.

Denis morreu de overdose aos vinte e cinco anos. Lembro-me do

sorriso dele. Do jeito dele. Todos pararam de usar drogas e álcool

por causa dele. Ele era jovem demais. Ele adorava a musica Vida

Louca, na voz do Cazuza. O pastor da igreja que o acompanhou

desde criança leu o Salmo 23 no velório dele. A mãe dele sorriu e

chorou. Ele sempre perguntava para o pastor o que significava

“refrigera-me a alma”, “veredas da justiça” “bordão” e “cálice”.

Capitulo VI

Uma voz recita o salmo 23, enquanto Jesus apascenta um pequeno

rebanho em um campo e dá de beber água em um riacho as

ovelhas. “O Senhor é o meu pastor, nada me faltará. Ele me faz

repousar em pastos verdejantes. Leva-me para junto das águas de

descanso; refrigera-me a alma. Guia-me pelas veredas da justiça

por amor do seu nome. Ainda que eu ande pelo vale da sombra da

morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo; o teu

bordão e o teu cajado me consolam. Preparas-me uma mesa na

presença dos meus adversários, unges-me a cabeça com óleo; o

meu cálice transborda. Bondade e misericórdia certamente me

seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na Casa do

Senhor para todo sempre”. Salmo 23.

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Poema Sobre flores e crianças

Como se tudo fosse imaginação elas sorriem. Como

se todas as pessoas fossem boas e como se o tempo

não existisse elas sorriem. Ir para rua jogar bola

como se não existissem os carros ou como se eles

fossem parar e buzinar. Como se dinheiro desse em

árvore. Empinar pipa como se os fios de alta tensão

não dessem choques. Subir na goiabeira e comer

goiabas verdes. Como se as mães não fossem

humanas ou mulheres, como se elas fossem anjos

ou deuses protetores. Como se pobreza e riqueza

não existissem ou como se todas as pessoas fossem

iguais. Pegar objetos na rua e guardar. Quebrar

brinquedos novos e guardar os velhos. Como se

cinquenta centavos fossem uma fortuna, ou melhor,

duas pipas, dez chicletes ou uma caixinha de

bombinhas. Moedas antigas são tesouros. Meninas

são chatas e frescas. Meninos são nojentos e

agressivos. Como se um vídeo game fosse a ultima

coisa da vida. Tão bom que é andar de bicicleta que

não cansa. Como se uma boneca fosse um filha e

tivesse vida. Como se um carrinho de rolimã fosse

um formula Um. Como se revolveres não matasse,

faz de conta que você é policia. Amigos são para

sempre. Os pais saem de casa para brincar de

trabalhar. Tudo é azul, ou rosa, se for menina. A

vida é um jardim, crianças são flores. Maldade é

uma criação de outra idade. Sorrir até quando levou

um castigo do pai. Sorrir até quando está triste ou

doente. Num dia de tarde pegar dois limões as

escondidas da mãe, dois litros d’água e trezentas

colheres de açúcar. Fazer uma limonada com os

amigos. Andar em bandos, meninos com meninos e

meninas com meninas. Arruaceiros sem maldade.

Na rua tudo é festa. Elas no vôlei, eles no futebol.

Gritaria. Confusão. Choro. Quando machucar não

dói, mesmo assim chora para não perder o costume.

Fazer birra para não ir à escola ou ao medico. Não

pensar em nada e ser feliz. Doces não são apenas

doces, é um status social de felicidade infantil. É

bom. Bom demais. É felicidade pura e verdadeira na

idade que tudo é brincadeira.

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Sonhos no Call Center

Capitulo I

Mesmo durante a semana era uma festa a criançada da rua jogava

bola e andava de skate. Lembro-me do vendedor de algodão doce

buzinando e das crianças menores pedindo dinheiro aos pais. No

fim da tarde eu ouvia as mães chamando as crianças para o café

da tarde. Com tijolo de construção fazíamos os quadrados na rua

para brincar de amarelinha. Era bom. Alegria combina com

felicidade. Uma não existe sem a outra. Uma depende da outra.

Tristeza não é um sentimento para crianças. Não é normal uma

criança triste. Tristeza na fase mais bela da vida é doença.

Capitulo II

Nós vemos a vida como um todo. Penso que estamos errados. O

Flavio bebê é diferente do Flavio criança, que é diferente do

Flavio adulto que é diferente do Flavio idoso. São pensamentos

diferentes. São pessoas diferentes em nós mesmos, alteradas pela

passagem do tempo. Todo mundo muda. O bem e o mal são

escolhas. Onde vamos nascer e nome que vamos ter não é uma

escolha. É um destino.

Capitulo III

Tive um amigo na infância que era espancado pelos pais. Eles

batiam nele com cabo de vassoura e fio de cobre. Da minha casa

dava para ouvir os gritos. Ele era uma criança rebelde. Seus pais

eram ignorantes. Ele sempre gostava de ouvir a musica Sapato 36

do Raul Seixas. Ele era legal. Gostávamos de empinar pipa. Os

espancamentos não o tornaram violento. Estava sempre alegre.

Capitulo IV

Naquela rua morava classe media e pobre. Desigual tal qual o

Brasil. Os pais de algumas crianças tinham comercio, podiam dar

a seus filhos bicicletas caras e brinquedos bons. Outros mal

tinham o que vestir. Não percebíamos isto. Todos brincavam

juntos. Riqueza e pobreza são causa das ações dos adultos e não

das crianças. Para as crianças da rua isso não existia.

Capitulo V

Na adolescência todo mundo mudou. Alguns se tornaram chatos.

A vida na adolescência se torna uma confusão. Confusão e

adolescência são quase sinônimas. Lembro-me de um rapaz que

fugiu de casa. Fugimos do que? Da nossa cabeça que não

funciona. A mãe o procurou por muitos meses e descobriu que ele

estava na casa de um amigo. É ridículo ser adolescente. É

patético.

Capitulo VI

O nascer e o por do sol são fenômenos que somente os

desocupados observam. Estamos trabalhando o tempo inteiro.

Tentando ganhar a vida ao mesmo tempo em que perdemos.

Quando era desocupado não tinha dinheiro e vivia, agora que

estou trabalhando tenho dinheiro e não vivo. A vida passa a mente

nem sempre aceita à passagem do tempo. O corpo não tem

escolha contra o tempo.

Capitulo VII

Meu supervisor bateu em minhas costas dizendo: - acorda já

voltou a cair ligação. Concertaram o sistema. Eu estava dormindo

pensando na minha infância e adolescência. Quando terminou o

expediente deixamos os headsets nas Pas e saímos com pressa.

Mais um dia de trabalho terminou. Eu já estava cansado.

Chegando à cidade fomos a um bar beber. Uma vida de rotina.

Depois de certa idade a vida se resume a trabalho e sexo. Eu

queria viver. Já estava vivendo é que romantizamos muito a vida.

Eu era operador de telemarketing. Como muitos operadores,

estava com muito stress, acima do normal.

Capitulo VIII

Chegando em casa fui dormir. Sonhei que tinha ganhado na

loteria. Quando acordei meu desejo não tinha virado realidade,

continuava pobre. Semana de trabalho duro. Metas a cumprir.

Pensar que há doze anos eu estava empinando pipa e jogando bola

com os moleques da Rua Smolensky. Lembro-me das minhas

primas no balanço feito pelo meu pai, que é serralheiro. Minha

casa tinha um belo e simples jardim com margaridas, brincos de

princesa, samambaias, copos de leite e hortênsias dentre outras

que não sei o nome.

FIM

Davy Almeida
Enviado por Davy Almeida em 21/03/2024
Código do texto: T8024730
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