contos Caelum et terram Davy Almeida
Multa incognita sunt
Acidente em Bertioga
Num teatro vazio aparece uma garotinha de sete anos. Emily: Boa
noite meu nome é Emily eu tenho sete anos e estou na segunda
serie. Vou contar a historia de quatro jovens que saem de Mogi
das cruzes numa sexta feira para passar o fim de semana em
Bertioga. Reinaldo é o motorista do opala. Também está no carro
Jorge que cursa engenharia, Amadeu é técnico em eletrônica,
David desempregado e seu irmão Alexandre. Jorge tem leucemia
e está em tratamento.
Capitulo I
Reinaldo, Jorge e Amadeu moram no condomínio Miami,
Reinaldo tem um opala. Eles vão até Itaquaquecetuba na casa de
David e Alexandre. Reinaldo buzina. Reinaldo: fala vagabundo!
Beleza! Tudo em cima para ir para Bertioga pegar uma virose e
morrer afogado. David:- demorou. Você com esse opala, me
lembra a musica dezesseis da legião urbana. João Roberto era
maioral o nosso, o nosso Johnny era um cara legal ele tinha um
opala metálico azul... Alexandre: - eu espero que tenha muita
breja nesse carro. Amadeu: - o ministério da saúde adverte se
dirigir bêbado não morra. A mãe de David e Alexandre aparece
na janela e grita: abaixem o volume deste radio. Cuidado lá em
Bertioga, não vão ir para o meio do mar. Reinaldo:- se preocupa
não dona Zilda, tubarão não come carne de terceira. Eles partem
ao som de Legião Urbana, Dezesseis.
Capitulo II
Os passageiros tomam cerveja e conversam sobre faculdade,
trabalho e mulheres. Alexandre está lendo um jornal e pede para o
pessoal ficar quieto. Eles dão uma parada em uma mata pro
pessoal urinar. Seguem viagem. Na cachoeira véu de noiva eles
param para tirar fotos. Jorge se lembra da trilha que fizeram na
cachoeira véu há dois anos. Eles contam boas recordações dessa
trilha. Um policial para os jovens na rodovia. Eles dão um pacote
de salgadinho para o policial. Agora estão ouvindo Engenheiros
do Havaí, Infinita Highway. Chegando em Bertioga, aproveitam o
fim de tarde jogando bola. Dormem na praia em barracas.
Capitulo III
De manhã os amigos tomam café e comem cachorro quente. Vão
nadar. Conhecem pessoas. Jorge pensa na vida de como nos
consideramos senhores da vida. os jovens não valorizam aquilo
que mais tem: a saúde. Amadeu conhece Stella. Stella é uma moça
simples. Ela veio com a mãe para Bertioga. Elas moram em Santa
Isabel. Dona Zilda liga para David para saber como eles estão.
Logo eles estão de volta. Não há porque se preocupar.
Capitulo IV
Emily está pulando corda. Ela para e diz: - Esta é uma historia de
pessoas normais. Não há assassino em serie, guerras ou monstros.
Jorge não morreu de leucemia como ele pensou. Deus é
surpreendente. A vida é muito bonita. A saúde é a maior riqueza
que temos. A liberdade também é boa. Ter olhos bons, mãos e pés
perfeitos são uma dadiva de Deus. Quem é Deus? Minha família
para mim é Deus.
Capitulo V
Emily está com uma bíblia nas mãos, ela está lendo. Meu pai lê a
bíblia para mim. Ele diz que ela é a palavra de Deus. Jesus
também é Deus. Deus não gosta de maldade. Maldade é quando a
gente prejudica os outros. O salmo primeiro diz assim: Bemaventurado
o homem que não anda no conselho dos ímpios, não
se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta, na roda dos
escarnecedores. Ela fecha a bíblia e reza o Pai nosso.
Capitulo VI
Todo ser humano precisa de Deus. Nós temos medo da morte.
Não queremos ir para o inferno de fogo. Como estava dizendo os
amigos estavam em Bertioga se divertindo. Amadeu beijou Stella.
Beijar é bom. Eu nunca beijei, eu não gosto de meninos, são
nojentos. Os dois iriam namorar e se casar e até ter filhos. Cada
um tem um destino. Em parte somos nós que o fazemos. Não
podemos escolher onde e como vamos nascer se homem ou
mulher. Se pobre ou rico. Podemos escolher o que queremos
comer e o que vestir. Mas nossa maior escolha é entre o bem e o
mal.
Capitulo VII
Os rapazes fizeram uma fogueira a noite. É proibido fazer
fogueira. Eles estão felizes. Stella está com eles. É tão bom ser
feliz. Eu queria ser feliz. Comendo milho cozido na areia da praia
numa noite linda. A lua estava bonita. Eles fotografam tudo com o
celular. É tão bom ter recordações da infância e juventude. Contar
histórias para nossos filhos e netos. As fotos são como ilustrações
no livro de nossas vidas. É tão bom crescer e envelhecer. É
natural. Os amigos cantam Jackie tequila do Skank, cantam
Exagerado do Cazuza e Pelados em Santos dos Mamonas
assassinas e vão dormi. David sabe tocar violão. Ele aprendeu na
igreja. A música é parte da alma humana. Através dela
expressamos sentimentos e emoções. Emily se despede: Boa
noite.
Capitulo VIII
Emily está lendo um jornal. Nossa vida é escrita por nós mesmos
e por Deus. Somos coautores. Os amigos passaram mais um dia
na praia. Já são sete horas da noite, é hora de voltar. Amadeu se
despede de Stella. Todo mundo dá adeus. O opala ronca o motor.
Pé na tábua. Eles seguem ouvindo e cantando a musica flores dos
Titãs. Uma carreta vinha na contra mão. O motorista dormiu ao
volante. Os cinco rapazes de Mogi das cruzes morreram. O livro
dos Salmos capitulo quatro verso oito: Em paz me deito e logo
pego no sono, porque, Senhor, só tu me fazes repousar seguro.
Eles bateram de frente. O motorista da carreta ficou preso alguns
meses, mas, já está livre. As leis de transito no Brasil, não são
muito rígidas. Existe muita impunidade. O motorista do caminhão
está com os filhos e a família. Os cinco jovens estão mortos.
Capitulo IX
Emily está jogando pétalas de flores no chão enquanto canta a
musica Flores dos Titãs. Você já viu uma cabeça aberta? Já viu os
miolos de alguém? O cérebro? Dentes arrancados e sangue por
todos os lados. O opala ficou destruído. Eles morreram.
Esmagados como insetos. No velório cinco caixões e muita dor.
Algumas mães não paravam de chorar. Dona Zilda perdeu seu
dois filhos, Stella o namorado. Todos perderam a vida. Um
religioso leu o texto: Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a
vida. Quem crê em mim, ainda que morra viverá. Um momento
de silencio e apenas o choro das pessoas. Emily: nesse momento
pobres e ricos são iguais. Ateus virão cristãos, durões choram
como criança. Quantos planos desses jovens? Emily canta: senhor
em vossas mãos eu entrego meu espirito. Um coral repete. Vós
sois o Deus fiel que salvastes vosso povo. Eu entrego meu
espirito. Gloria ao Pai, ao filho e ao espirito santo. Emily: salvai
nos senhor quando velamos, guardai-nos também quando
dormimos, nossa mente vigie com o Cristo nosso corpo repouse
em sua paz.
Capitulo X
Emily está no teatro vazio. Aparecem os cinco jovens. Ela sopra e
o teatro vira um jardim. Emily: Meu nome é Emily. Sejam bem
vindos. Eu morri quando estava na segunda serie, tive pneumonia.
Estou feliz por estar aqui. Vai ficar tudo bem. Eu prometo. Ela
começa a brincar de amarelinha. Termina com a música sagrado
coração e com imagens dos momentos de felicidade dos rapazes
de Mogi das cruzes.
Fim.
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A empregada
Helena: - Mario, eu vou entrevistar uma candidata à vaga de
empregada daqui a pouco. Mario:- Bom querida, estamos mesmo
precisando de uma. Eu levo as crianças na escola. Rafaela e
Gabriela se apressem!
Nilza: - Meu nome é Nilza, eu vim para a vaga de empregada
domestica. Helena: - Muito prazer meu nome é Helena, sou
arquiteta, meu marido se chama Mario e tenho duas filhas Rafaela
e Gabriela. Fale-me um pouco de você Nilza.
Nilza: - Bom, eu tenho 42 anos, sou divorciada, tenho uma filha
que já casou e ainda não me deu nenhum neto. Sou evangélica.
“De qual igreja?” Interrompe Helena. Nilza: - Frequento uma
igreja pequena chamada Jesus, Pai da misericórdia. Helena: -
Bom, somos católicos, mas respeitamos e valorizamos outras
religiões.
Mario e sua esposa Helena, não são quem dizer ser. São atores
sociais, sua educação é uma camuflagem para seus instintos
primitivos. Eles humilham a empregada com palavras, atrasam
pagamentos, bebem com frequência. As crianças são mimadas,
derrubam café na empregada e chamam-na de feia. A empregada,
como boa cristã suporta as humilhações. Ela se sente excluída por
ter de comer sozinha numa mesa separada, ter de usar outro
elevador. Ela está sempre limpando as fezes da cachorra, Lady.
Um dia, num ataque de fúria ela joga a cadela pela janela, tudo
parecia um acidente. Quem desconfiaria de uma mulher que está
sempre lendo a bíblia, cantos hinos como Vencendo vem Jesus,
Bendito seja, A luz do céu? Uma pessoa que canta para as
crianças O sabão, Quem fez o mundo, vejam só? Um dia sua
patroa lhe dá uma bofetada por demorar a lavar os pratos, Helena
estava bêbada quando fez isso. Nilza responde: - Jesus disse que
nós devemos dar a outra face. Dias depois, Helena chora e se
arrepende, mas Nilza pensa consigo: “Apartai-vos de mim vós
que praticais a iniquidade” Nilza é uma figura estranha, ela é
alegre e simpática, mas medonha. Ela coleciona pinturas que
ilustram a inquisição, guerras religiosas, as cruzadas. Enquanto
ela lava a louça ou varre o chão canta hinos como Vencendo vem
Jesus e a noite conta historias da bíblia para as crianças dormirem
e canta cânticos religiosos para as crianças. Alguns meses depois
os patrões decidem contratar uma nova empregada e querem
demiti-la. Nilza vê sua patroa entrevistando outra mulher e decide
tomar providencias. Numa noite em que os patrões vão jantar
fora, ela dá banho nas crianças. Enquanto ela canta a musica o
sabão, ela afoga as crianças na banheira. Nilza: - “O sabão lava o
meu pezinho, lava o meu rostinho e lava as minhas mãos, mas
Jesus pra me deixar limpinho quer lavar meu coração. Quando o
mal faz uma manchinha eu já sei também, quem pode me limpar é
Jesus, eu não lhe escondo nada tudo ele pode apagar” Ela lava os
corpos, penteia os cabelos, coloca perfume e as põe na cama.
Cobre as crianças comum lençol até a altura do pescoço, beija a
testa de cada uma delas e diz: Boa noite, durmam com os
anjinhos. Na geladeira ela deixa um bilhete com a seguinte
mensagem: “Se não vos tornardes como crianças como crianças,
de modo algum entrareis no reino dos céus” Mateus 18.3. Fiquem
com o troco, beijos. Nilza. A polícia procura Nilza, se este for seu
verdadeiro nome. Suspeitam que esteja em Goiás, pregando a
palavra de Deus. Pode ter mudado a cor dos cabelos, a
maquiagem. Se você vê na rua uma mulher com cabelos
compridos, saia até os pés, óculos e uma bíblia nas mãos pode ser
ela. Cuidado.
FIM
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A história de Roger Bacon O mestre dos destinos
No meio de um nevoeiro aparece um homem com chapéu e
bengala, terno e gravata e começa a falar sozinho, olhando para a
câmera.
Nenhum de nós escolhe onde vai nascer, em que
época, quem serão nossos pais, se seremos altos,
baixos ou de estatura média. Se seremos homem
ou mulher. Não sabemos se chegaremos a idade
adulta ou se vamos morrer ainda recém-nascidos.
Vou lhes contar uma história entre muitas histórias
que sei...
O homem olha para uma bola de cristal e surge a cena. Uma caixa
de filhotes é abandonada numa esquina. Só se vê as pernas do
homem que deixa a caixa lá. Pessoas passam e olham... dois
filhotes saem da caixa e se perdem pelas ruas da cidade, um é
atropelado outro é morto por um cachorro maior. Surgem duas
crianças que olham o filhote, sorriem para ele e fazem carinho
nele. As crianças pegam o filhote e o levam para casa.
Crianças: - Mãe veja o que encontramos... um filhote...
Dona Marta – seus pestinhas... Querem mudar o destino dos
animais... Podem ficar com ele... Mas terão de cuidar dele e se
comportarem... O pai das crianças diz que é bom ter um bicho de
estimação porque as crianças vão começar a desenvolver
responsabilidade.
O mestre dos destinos aparece em cena.
Vejam que bonito... O cão abandonado é adotado.
Seres humanos são passionais. O amor das crianças
é puro, sem interesse. Vou chorar... as crianças
colocaram no inocente animal o nome de Roger
Bacon, Roger porque Rogerio é o dono do cachorro
e Bacon porque ele gostava de comer Bacon...
O animal recebe cuidados, come ração de boa qualidade, é
vacinado e às vezes apanha por deitar no sofá. Quando pegam o
filhote Renata tem dez anos e Rogerio doze. O cachorro cresce
junto com as crianças. Quando Renato fica doente e internado
Roger entra em depressão e não quer comer nada. Ele sente come
seres humanos. Um dia Roger vai até a escola procurar Roger e as
crianças adoram isso. Rogerio fica orgulhoso de seu cachorro.
O mestre do destino surge com dados na mão ele lança os dados e
diz: - Façam suas apostas... O mundo gira, os dias
passam, a vida acontece... Ele tira cartas de baralho do
paletó e começar a jogar... começa a tocar a musica da Elis Regina
...cai um rei de espadas cai não fica nada... o mestre dos destinos
começa a andar no meio das pessoas na rua... de modo invisível.
Ele começa a perguntar :- Ei você sabe o que vai
acontecer amanhã? Alguém sabe? O que será de
nós? O que você vai ser quando você crescer? Se
você crescer...
A menina Renata agora tem quinze anos e descobre que tem
leucemia. Ela cortou os cabelos. Todos estão tristes. Depois de
meses de quimioterapia e tratamento ela vem a óbito. Ouve-se a
música Kyrie Eleison. A mãe chora sem parar... Roger vê o
espirito da menina lhe chamando para brincar. “Vem Roger vamos
brincar, pega Roger...” Ouvem-se risos de criança... A vida
segue... e a morte também. Um ano depois, a família decide se
mudar vende a casa para ir morar num apartamento, começar uma
vida nova. O novo apartamento não tem lugar para Roger. Depois
de muita discussão fica decidido que Roger será abandonado.
Rogerio leva o cachorro até uma linha de trem. Ouvem-se os
barulhos e ecos do trem de carga ao longe... O cachorro late e
olha para o dono. O dono com remorso diz: - eu te desejo boa
sorte e beija a cabeça de Roger. O mestre dos destinos surge
novamente.
Não, não, não... gesticulando com as mãos. Porque
abandonamos quem um dia amamos? Porque não
nos interessa mais... pais abandonam os filhos,
filhos abandonam os pais. Somos movidos por
interesses e sentimentos supérfluos... seres
humanos são tão passionais e falsos. Buscam prazer
e não amor. Ele joga areia na bola de cristal e areia se
transforma em chuva. Roger está perdido numa ferrovia, no meio
de uma tempestade. Ele encontra um trem estacionado e passa a
chuva embaixo dele. Enquanto isso os pais de Rogerio fazem sexo
no novo apartamento. Após a chuva Roger começa a vagar da
ferrovia entra numa rodovia, os carros passam em alta velocidade.
Roger vê a carniça de cães atropelados. Sente o cheiro dos
cadáveres caninos. Entra numa cidade e vê a realidade cães com
sarna, cães doentes, pessoas mendigando, prostitutas, bêbados e
viciados... vê o tumulto e agonia da cidade... os cães iniciam um
dialogo.
Cadela:- e ai garotão tá perdido? Vejo que você não é daqui...
Roger: meu dono foi passear comigo e me esqueceu numa estrada
de ferro... Cadela: ah, muitos risos e gargalhadas... Ah seu idiota
ele não te esqueceu... Ele te abandonou... Seu retardado... Roger:
você não conhece meu dono, ele não faria isso... Cadela: você
acredita em Papai Noel, duendes e mais o que? Pela sua cara você
deve estar com fome... vamos ver se encontramos alguma coisa
pra comer. Roger: como é seu nome? Cadela: não tenho nome,fui
criada na rua... não tive quem me desse nome... os mendigos me
chamam de Lassie. Roger meu nome é Roger porque meu dono
se chama Rogerio e Bacon porque adoro Bacon. Você gosta de
Bacon? Lassie: quando o açougue joga o bacon no lixo a gente
vai lá comer... Lassie ensina a Roger como pedir comida, fazer
cara de triste e faminto, abanar o rabo. Ensina ele a roubar, a
revirar uma lata de lixo. Lassie: esse é o motivo porque nos
chamam vira lata, porque viramos as latas de lixo.
O mestre dos destinos aparece num balanço cercado por um
jardim com muitas flores Que historia linda! O amor é
lindo! Nós usamos flores para presentear alguém
que gostamos e para enterra-la. Eu vou chorar...
Lassie e Roger vivem nas ruas como vagabundos... juntos com os
excluídos, drogados e prostitutas. Num noite, ladrões colocam
dinamite num banco para explodir os caixas, Lassie com sua
curiosidade vai ver o que são aqueles pacotes. As dinamites são
detonadas e ela morre. Roger tenta alerta-la e diz corre Lassie.
Mas já é tarde. O fantasma de Lassie vem até Roger e diz Adeus
Roger encontre seu destino... Eu cumpri o meu. Roger está
novamente sozinho, ele começa a pedir comida nos lugares.
Numa Igreja evangélica o pastor está pregando “entre meu filho
no descanso eterno, porque tive fome e me destes de comer, tive
sede e me destes de beber eu estava com frio e me vestistes...” de
repente o pastor grita “quem deixou este cachorro entrar aqui...
coloquem ele para fora.” Roger pensou que aquelas pessoas o
acolheriam, mas isso não aconteceu. Ele entra numa lugar
chamado assistência social. Mas o guarda lhe dá um chute. Roger
passa a seguir um senhor que passa pela rua... Comendo
amendoim. Ele o segue até sua casa... Senhor: - oi meu amigo!
Estava me seguindo? Que feio? Quer amendoim! Você é bonito,
provavelmente foi abandonado como eu. Depois que minha
mulher morreu, fiquei sozinho, meus filhos dificilmente vem aqui.
Meu nome é Pedro e o seu? Bom, vou te chamar de Peanuts,
porque amendoim em inglês é peanuts. Peanuts você pensam que
as pessoas escolhem seu destino? Quando vão morrer, o que vão
ser? Não escolhemos... Nem mesmo nosso nome fomos nós quem
escolheu.
O mestre dos destinos aparece num teatro vazio recitando William
Shakespeare. To be, or not to be; that is the question:
wether’tis nobler to suffer the slings and arrows of
outrageous fortune, or to take arms against a sea of
troubles, and by opposing, end them. To die, to
sleep- no more, and by a sleep to say we end the
heartache and the thousand natural shocks. That
flesh is heir to- ‘tis a consummation devoutly to be
wished. Eu adoro teatro, meu nome é mestre dos
destinos. Vamos então ao desfecho da historia de
Roger Bacon.
O senhor Pedro leva Roger para pescar consigo, ele tem um carro
velho e uma casa simples. De vez em quando seus filhos vêm
visita-lo e trazem os netos que adoram Roger... Roger fica triste
quando as crianças vão embora... Ele não entende porque as
pessoas vão embora. Algum tempo depois o senhor Pedro está
tomando café, tem um infarto, cai no chão e morre. Roger fica
latindo e vai chamar os vizinhos... já é tarde ele vê o espirito do
senhor Pedro passar a mão na sua cabeça e dizer adeus garotão,
como costumava chama-lo. Os filhos do senhor Pedro chegam
para enterrar o pai, Roger fica sozinho na casa. A casa é vendida e
os novos moradores expulsam Roger de lá... ele não entende
porque está sendo expulso. Roger: - vocês não podem me
expulsar da minha própria casa...
Nas ruas de novo e já velho Roger entra numa igreja católica, olha
para as imagens dos apóstolos, as velas, chega até o altar vê a
bíblia aberta... Algumas pessoas rezando baixinho e outras
chorando... Ele se lembra de tudo o que viveu, desde quando foi
abandonado numa caixa de papelão e da morte dos irmãos. Dos
seus primeiros donos... Do senhor Pedro e seus netos... dos
momentos de felicidade e tristeza... de Lassie... e os amigos da
rua... ele sai da igreja e começa a correr, como nunca correu
antes... por esquinas e ruas ele vê crianças tomando sorvete... vê
uma mulher empurrando o carrinho de bebê.. vê os mendigos... o
doce e o amargo da vida... quando de repente numa esquina... ele
é atropelado e morre. As pessoas param para ver, o motorista para
o carro, e diz consigo mesmo “que bom que não foi uma pessoa”
e lamenta “coitado” ele agora está morto, cumpriu seu destino.
O mestre das sombras aparece no meio de um nevoeiro tocando
piano está tocando Schubert Ländler. Ele para e começa a dar uma
risada medonha e louca. Abre as mãos e começa a soprar, começa
a tocar a musica viver e não ter a vergonha de ser feliz e cantar e
cantar que da vida sou um eterno aprendiz, eu sei que a vida devia
ser bem melhor e será mais isso não impede que eu repita é
bonita, é bonita. Misturada com imagens de guerras, fomes na
África... Nazismo... Nascimento de uma criança... Flores...
Crianças brincando num jardim... Um casal se beijando... Fim.
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A legião
Capitulo I- O espirito
Numa ferrovia urbana um trem passa em alta velocidade, na linha
férrea está uma oferenda com velas e animais mortos. Da terra
surge um espirito. Uma sombra negra. A sombra é semelhante a
um ser humano. O espirito começa a andar pela cidade e entra em
um cachorro. O cachorro começa a rosnar e a babar, assusta os
pedestres. O animal vai até a ferrovia, de repente ele é atropelado
por um trem. O espirito entra no trem. Entra no corpo de um
homem. O homem desce em uma estação, o espirito entra em
outro homem, este homem pega um ônibus. No ônibus ele entra
numa mulher. O espirito agora está no subúrbio, num bairro
simples. Ele está vagando pelas ruas desertas a noite. Ele entra
numa casa pobre, onde moram quatro pessoas.
Capitulo II Os moradores
Dona Marta uma senhora de sessenta anos, tem problemas
mentais. Vive atrás dos filhos Valentim e Roberto. Viciados em
craque e álcool. Ela anda com uma bengala, que nada mais é um
pedaço de pau. Tem um pano amarrado a cabeça. Sua pele é
enrugada. Tem o sofrimento no rosto. Carla é a caçula. A única
que não está poder das trevas. Valentim e Roberto andam como
mendigos. Comem do lixo. Seis espíritos habitam a casa. Roberto:
eu quero o dinheiro velha maldita. Vadia. Você escondeu o
dinheiro. Dona Marta: eu escondi pra vocês não irem tomar
cachaça. Roberto sai correndo e vai para um boteco. Valentim
estava dormindo num beco escuro, havia fumado craque. Dona
Marta anda pela rua cantando Asa Branca e falando sozinha:- Eu
quero ver as crianças em casa, eu as quero em casa. Roberto está
na escola.
Capitulo III Carla
Carla frequenta uma igreja evangélica, presidida pelo pastor
Alcides. Ela está sempre triste. Ela não encontra um sentido para
a vida. Na igreja cada irmão tem seu carro. Acabando o culto eles
vão para casa. Ninguém se importa com nimguém. É chique ir à
igreja. Aquelas pessoas curtiram a vida e agora estão casadas e a
igreja é um bom ambiente social. Carla não sabe se Deus existe,
mas tem certeza que o diabo existe.
Capitulo IV Pai Nosso
O pastor Alcides vai à casa de Carla fazer uma visita. Ele ora e lê
o evangelho de Mateus. Ele escuta vozes: - Sai da minha casa! O
que você quer aqui? Para com essa oração! Dona Marta é
demente, ela só escuta e chama pelas crianças. O pastor vê os
irmãos de Carla. Alcides: só Jesus para libertar do poder das
trevas. Carla: há anos que eles se drogam. Valentim anda torto,
olhos esbugalhados e barba mal feita. Roberto tem cara de bravo,
é agressivo.
Capitulo V a morte
Um espirito com o rosto em sangue, abre a boca e dela começa a
sair moscas. Seus braços estão virados para traz. A casa está cheia
de moscas. Fede. Roberto está olhando para um espelho e vê um
homem bonito, ele mesmo quando era jovem. O espirito sopra na
cabeça dele. Ele sai e vai se drogar. Dorme na rua, à noite, um
grupo de jovens o mata a pauladas. Dona Marta sente a falta do
filho, mas não sabe que ele morreu. O pastor faz o velório dele.
Ele precisa expulsar os demônios daquela casa.
Capitulo VI o sonho
Um dia ensolarado. Uma criança brinca com carrinhos num
gramado. A criança canta:- o sapo não lava o pé, não lava porque
não quer, ele mora lá na lagoa e não lava o pé porque não quer,
mas que chulé. Mamãe, mamãe vamos brincar! A criança tira um
revolver do short. Aponta para a mãe e depois coloca a arma na
boca e atira. Dona Marta acorda, começa a chorar e gritar: meu
filho Roberto está morto. Carla: faz um mês que ele morreu. Dona
Marta sai pelas ruas gritando e chorando. Chamam os médicos do
Samu, ela é medicada e liberada. O pastor Alcides, todos os dias
vai fazer oração na casa de Carla eles cantam e oram o pai nosso.
Ele está querendo brigar com o demônio. A música que eles
cantam é castelo forte de Martinho Lutero.
Capitulo VII um espirito criança
O pastor é casado com Lucia e tem uma filha Debora de onze
anos. A menina começa a apresentar um comportamento
diferente. Numa lousa ela deixa escrita uma mensagem para o pai:
porque me viestes atormentar antes do tempo? Ela está agressiva.
Numa noite o pastor está fazendo sexo com sua esposa. Depois do
sexo, ele vai tomar água na cozinha, passando pela sala ele vê que
Debora está acordada. Ela está cantando: - lencinho branco caiu
no chão moça bonita do meu coração... Alcides: não está deitada,
meu amor por quê? Debora: papai, é gostoso fazer sexo? Alcides:
que pergunta? Quando a gente ama uma pessoa e é casado.
Debora: vai fode! Vagabundo. Fode minha bocetinha! Fode meu
rabinho. Filho da puta. Ela bate em seu bumbum. A menina está
possuída pelo demônio. Começa a dar uma risada medonha. Sua
voz fica grossa. Debora: - hipócrita! você é humano desgraçado.
Você é humano seu maldito. Lucia se levanta: o que está
acontecendo? Que gritaria é essa? Debora: fala vagabunda.
Alcides começa a orar em voz alta. Debora com uma faca nas
mãos começa a cortar os próprios braços. Alcides desesperado
arranca a faca das mãos da menina e grita: Afaste-se em nome de
Jesus. A menina desmaia. Lucia chora. Todos vão dormir. O
espirito fica no lado de fora da casa, é um demônio criança. Uma
menina com belas tranças e um pirulito na boca. O demônio vai
até uma balanço no jardim e começa a balançar-se e canta a
musica: - a dona aranha subiu pela parede, veio a chuva forte e a
derrubou, a derrubou, a derrubou. Ah, ah, papai balança eu papai.
Não tem ninguém para me balançar.
Capitulo VIII- Overdose
O espirito criança vai andando pelas ruas desertas do bairro,
chega até uma viela onde Valentim está se drogando. Ela se agarra
as pernas de Valentim. Valentim morre de overdose. O pastor pela
manhã vai à casa de Carla que está chorando a morte de Valentim.
O pastor tem uma guerra contra o demônio. As orações começam
fortes e em voz alta. Cruzes de madeira são colocadas nas paredes
da casa. O demônio tem de sair. Carla decide que tem de sair
daquela casa. Ela se casa com um irmão da igreja e vai morar com
ele. Sua mãe vai junto. A casa velha é demolida e no lugar é
construída uma igreja.
Capitulo IX- ídolos de pedra
Dona Marta está morando com Carla e seu genro William. Numa
noite ela vê os filhos crianças chamando por ela. Ele segue os
espíritos. No dia seguinte é encontrada morta por afogamento, no
rio da cidade. Carla encontra está por acaso lendo uma
enciclopédia quando encontra informações sobre ídolos antigos.
Carla pega uma picareta e vai até a igreja cava um buraco no altar.
Ela está sozinha na igreja. Ele ouve as risadas dos demônios e vê
o espirito das crianças. Do buraco ela tira sete ídolos de pedra.
Antigos deuses indígenas. Ela pega uma marreta e quebra os
ídolos. Uma fumaça preta começa a sair dos pedaços de ídolos. A
fumaça toma conta da igreja. As portas da igreja se abrem e saem
uma manada de porcos, seguida por um homem com chifres o
qual é acompanhado por dois bodes. Os porcos roncam. O homem
toca uma harpa. Atrás do homem um monte de demônios com
caudas, rosto enrugado e dedos longos. Prostitutas, ladrões e
assassinos. No fim da fila o espirito da garotinha sozinha. Ela está
com um boneco do menino Jesus nos braços e canta sozinha: -
noite feliz, noite feliz, pobrezinho nasceu em Belém. Eis na lapa
Jesus nosso bem. Dorme em paz ó Jesus. Noite feliz. Noite feliz,
ó senhor Deus de amor com afável é teu coração... Com uma faca
ela machuca o boneco.
Capitulo X- o coral de crianças
Carla está bem, ela tem dois filhos com William. A igreja está
toda reunida cantando Noite Feliz. O pastor Alcides está no
púlpito. Entre o coral de crianças da igreja Carla vê o espirito da
garotinha cantando, ela está segurando o menino Jesus nos braços.
FIM
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Monstrum horredum et violetum est
Algodão doce
Capitulo I
Em uma clinica para doentes mentais Carlos está se tratando. Ele
tem esquizofrenia. Um maníaco depressivo. Um dia ele está no
jardim descansando quando vê uma sombra ao seu redor, vindo
em sua direção. Ele sente uma presença. O espirito entra em seu
corpo. Ele pula o muro da clinica e vai até uma ferrovia da
ferrovia sai numa estrada. Vai até uma lagoa. Próximo da lagoa
tem uma mata. Ele entra na mata e fica lá por alguns minutos.
Volta para a clínica e o espirito o deixa. Semanas depois o jornal
local exibe que uma ossada é encontrada na mesma mata perto da
lagoa.
Capitulo II
O espirito volta alguns dias depois. Um homem com uma touca.
O rosto desfigurado. Entra em Carlos que tem um surto e começa
quebrar os vidros da janela do seu quarto com as mãos. Alguns
cacos de vidro ficam pendurados em suas mãos. Os enfermeiros
chegam e ele começa a falar coisas sem sentido: - eu tinha uma
vida. Tinha uma mãe, um pai e uma namorada. Tiraram minha
vida. Destruíram-me. Me mataram. Eu fui assassinado. Carlos é
sedado. No outro dia não se lembra de nada. A policia encontra
uma arma enferrujada no fundo da lagoa.
Capitulo III
Alguns dos internados são viciados. Carlos que nunca fumou
sente uma necessidade de fumar. O espirito obsessor era fumante.
Em sua mente imagens de pessoas como uma mulher preparando
um jantar e dizendo: - vem jantar. Imagens de um casal se
beijando. Crianças correndo em um parque. Elas brincam na
gangorra. Carlos: - todo mundo casa. Eu também quero casar.
Todo mundo tem filhos, eu também quero ter. Todo mundo
trabalha, eu também quero trabalhar. Todo mundo é feliz. Se eu
não for feliz, ninguém mais vai ser. O espirito o deixa. Ela volta
ao normal.
Capitulo IV
No jornal local é informado que a ossada encontrada era de
William Borges da Silva, de 28 anos. Ele foi morto e seu corpo
jogado na mata. Deram três tiros na cabeça dele. Carlos vê o
espirito se aproximar dele e diz: - o que você quer? Quem é você?
Deixe-me em paz! O espirito se apodera dele e ele foge da clinica.
Começar a andar pelas ruas da cidade e vai até uma casa. Enfrente
a casa ele vê dois jovens conversando um deles fuma cigarro. Ele
não conhece aquelas pessoas. Ele fica parado olhando. Seu
coração acelera. Um dos jovens pergunta: - está me olhando por
quê? Está me achando bonito? Fala o gato comeu sua língua? O
outro diz: - você é retardado? Você é besta? É gay? Carlos sai
correndo e volta para a clinica. Quem seriam aqueles jovens,
seriam amigos do espirito.
Capitulo V
Carlos não está bem. Ele quer conversar com o espirito de
William. Alguns dias depois Carlos está rezando o Pai Nosso e
com velas acessas e uma bíblia aberta. O espirito aparece. Carlos:
- oi, posso ajuda-lo? Como é seu nome? O espirito diz: - meu
nome é William eu fui assassinado com três tiros na cabeça. Meus
amigos me mataram e levaram meu dinheiro e celular para
comprar drogas. Carlos: - foram aqueles que vi! Carlos diz ao
espirito que vai ajuda-lo. No dia seguinte ele liga para a policia e
denuncia os jovens, contando a versão que o espirito havia dito de
que foi morto pelos amigos. Os jovens são presos. Afirmam
inocência.
Capitulo VI
Carlos está em paz com sua consciência. Alguns dias depois o
espirito volta. Carlos começa a dar tapas no próprio rosto. Ele diz:
- eu estou preso aqui. Me liberte. Está muito quente. Está abafado
e escuro. Ele derrama sopa quente em seu peito. É sedado. No dia
seguinte. Não se lembra de nada.
Capitulo VII
Carlos está pior ele também vê agora o espirito de duas crianças
que não param de cantar musicas como o sapo não lava o pé e
pombinha branca. Elas ficam pedindo para ele comprar algodão
doce o tempo inteiro. Ele coloca os dedos nos ouvidos para não
ouvir. Nenhum parente vem visita-lo. Ele se sente só. Nos dias de
lucidez é melhor ser louco.
Capitulo VIII
Carlos sempre sonha com uma lagoa. Vê crianças o chamando.
Meninas pedindo para ele ir comprar algodão doce. Carlos vai se
consultar com o psiquiatra da clinica. O doutor quer saber se
houve melhora do paciente. Se ele está aceitando a realidade. O
doutor perguntar: você sabe por que está aqui? Carlos responde: -
estou me tratando da esquizofrenia. Doutor:- e o que mais?
Carlos: nada mais. Doutor: - você está aqui por que matou seu
melhor amigo para comprar drogas e incriminou outras pessoas.
Depois você fugiu da clinica e matou duas crianças que iam
comprar algodão doce e jogou seus corpos numa lagoa, você as
estrangulou com um cadarço de sapatos. A consulta acabou.
Policiais aparecem e levam Carlos para seu quarto e trancam a
porta. Do lado de dentro da porta tem um calendário e no
calendário tem uma imagem de Jesus com uma criança no colo. E
na parede um recorte de jornal dizendo: homem que fugiu da
clinica mata duas crianças que iam comprar algodão doce.
FIM
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DOMINVS
Cum solitudo et uita sine amicis insidiarum et metus plena sit,
ratio ipsa monet amicitias comparare. (Cícero)
Como a solidão e a vida sem amigos seja cheia de armadilhas e de
medo, a própria razão recomenda a se buscarem amizades.
Capitulo I- Da amizade
Durante uma cruzada no século XII, um cavaleiro está prestes a
morrer pela espada de um sarraceno, de repente, o sarraceno é
atravessado pela espada de um cristão. Cavaleiro: - “muito
obrigado, estou lhe devendo a vida. Meu nome é Henri e o seu?”
“Guerreiro: meu nome é Carlos, pela graça de Jesus, nosso
senhor, salvei tua vida. Levante-se”. Depois da cruzada, os
cavaleiros retornam a Europa. Henri e Carlos se tornam amigos.
Os dois residem em feudos próximos. Ambos servem ao mesmo
Senhor feudal, Guilherme, vassalo do rei Eduardo. Henri é casado
com sua prima, conforme o costume da época, tem três filhos.
Carlos gosta de uma jovem, Catarina, sobrinha de um senhor
feudal, chamado Tito. Guilherme é senhor do feudo de Saint
Denis e Tito senhor de Fontenoy.
Capitulo II- o bem e o mal
Catarina é mulher sem respeito. Malvada e interesseira. Finge-se
ser virgem, mas é uma mulher vulgar. Homens honestos
geralmente se apaixonam por mulheres devassas. Carlos é
trabalhador, honesto, cristão, valente, corajoso. O tio de Catarina,
Tito é um cruel senhor feudal, que oprime os servos no feudo.
Entregue ao vinho e as prostitutas. Homens maus tem vida
prospera e curta. Carlos quer se casar com Catarina e precisa
prestar serviços militares ao seu tio Tito para ter a permissão do
senhor para se casar.
Capitulo III- o costume do feudo
Numa época em que predominava a endogamia, homens unidos
por laço de parentesco travam batalhas sangrentas. O duque
Haroldo morreu sem deixar herdeiros, sendo seu parente mais
próximo Guilherme senhor do feudo de Saint Denis. Guilherme
reivindica ao rei o feudo Lusignan, Tito não aceita e diz que
Guilherme não é parente, uma vez que é filho ilegítimo. O rei não
quer se intrometer na guerra entre senhores feudal. Guilherme
deve, portanto, conquistar seu feudo pelas armas.
Capitulo IV- o incendio
Carlos está casado com Catarina, sobrinha de Tito, senhor do
feudo de Fontenoy. Ele vai lutar contra os soldados de Guilherme,
senhor do feudo de Saint-Denis. Um dos soldados é Henri, seu
amigo de cruzada. A noite, os soldados de Tito queimam as casas
dos camponeses, alguns mortos. A guerra começou.
Capitulo V- os espiões
Na primavera, mensageiros avisam Tito, homens foram vistos no
vale do rio Saint-Clair. Alguns dias depois os celeiros do feudo de
Fontenoy são incendiados para que pessoas e animais morram de
fome. Tito responde ao ataque cercando o castelo do duque
Haroldo, o despreparo dos defensores permite que Tito se apodere
do castelo de Epte. Guilherme, tem de recuperar seu castelo.
Capitulo VI- o castelo de Epte
Guilherme manda construir torres móveis e escadas para entrar no
castelo de Epte. Bem equipados e fortalecidos por orações e
procissões e após uma batalha encarniçada, o filho de Tito Gui, é
morto e o castelo de Epte está, novamente, nas mãos de
Guilherme. Um mensageiro foge e conta tudo a Tito. Tito decide
invadir o feudo de Saint-Denis, enquanto o exercito de Guilherme
está no castelo de Epte. Para vingar a morte de seu filho Gui,
mulheres e crianças não foram poupadas. O massacre é pavoroso.
Ao retornar, os soldados e sobreviventes decidem observar três
dias de jejum. Alguns dos soldados de Tito incendiaram um
mosteiro e mataram dois monges, por causa deste fato o Bispo da
região, Dom Gregório, aconselhou o rei a dar o feudo de Lusignan
a Guilherme e destruir Tito e seu exercito.
Capitulo VII- o rei e a guerra
As batalhas são raras na Idade Média. Os soberanos evitam, com
efeito, arriscar o destino do reino em um combate. Entretanto, não
se desobedece a um bispo. O castelo de Fontenoy é bem
protegido, imponentes muralhas, um fosso, ponte levadiça e torres
adjacentes com arqueiros. Antes da batalha o bispo celebra uma
missa, ao longe se escuta os sinos da igreja de São João
evangelista. A educação dos cavaleiros durante sua vida inteira os
preparou para este momento, sua fé e sua espada. Toda batalha é
um prisma. Um rei fraco vai enfrentar o mais poderoso senhor
feudal da região, Tito.
Capitulo VIII- a fuga
Os exércitos reais cercam Fontenoy, a carnificina é grande. Na
grande planície de Tolbiac os soldados de infantaria se batem
corpo a corpo. Dias depois o castelo está cercado, Tito se disfarça
de camponês e por uma passagem secreta foge. Catarina entrega
Carlos aos inimigos por dez moedas de ouro e foge junto com seu
pai. O exercito de Tito era comando oficialmente por Carlos o
qual será decapitado. Os exércitos de Tito são derrotados.
Guilherme é senhor de Saint-Denis e Lusignan. O feudo de
Fontenoy é dado ao primo de Tito Vouillé. Cabe a Henri,
comandante das forças de Guilherme, interceder junto ao rei pela
vida do amigo.
Capitulo IX- salvar um amigo
Henri fala ao rei que sua vida foi salva por Carlos numa cruzada,
mas como ele era Genro de Tito, a morte é certa. Henri pede ajuda
a amigos e parentes para salvar a vida de Carlos. Durante a noite
eles matam os guardas da prisão e libertam Carlos. Eles fogem
com a família para um feudo distante, meses depois são
capturados pelos soldados do rei. O rei decide perdoa-los, desde
que lutem em uma nova cruzada na Terra Santa. Eles aceitam.
Capitulo X- a cruzada
Esses cavaleiros, armados de espadas e escudos estão
acostumados a guerra. Porém, o calor e a sede enfraquecem os
soldados de cristo. O sultão manda incendiar a erve seca para
transtornar os cavalos do inimigo. Os cristos evacuam a Terra
Santa deixando para traz muitos corpos, entre eles o de Henri.
Capitulo XI- a vingança
Carlos retorna a Europa, dá a noticia a viúva de Henri, Isabel. Ele
tem contas a acertar com uma pessoa, Catarina, a mulher que lhe
traiu. Após meses de procura ele reconhece entre os mercadores
Tito e sua filha Catarina. O tirano tem uma nova profissão. Carlos
mata Catarina com sua espada, seus homens amarram Tito e o
leva para o rei Eduardo, que o manda decapitar no dia seguinte.
Capitulo XII- Villa Felicitá
Carlos se casa novamente, com a sobrinha do rei Eduardo, Joana.
Torna-se um dos comandantes do exercito real, recebe um
pequeno feudo, chamado Ganelon. Tem um filho Aécio. Respeita
Isabel, viúva de Henri seu amigo. Os filhos de Henri são tratados
como da família em seu pequeno castelo Villa Felicitá. Sendo, ele
homem de valores respeita a família, frequenta a Igreja, adora a
Jesus Cristo, sua luta é justa. Nenhum homem é nobre por sua
origem e sim por seus atos. Carlos tem sua esposa, seus filhos, seu
feudo, é um senhor, um Dominus.
FIM.
DOMINVS
Música de abertura: metal contra as nuvens, Legião Urbana.
Musica de cenas de luta: the clansman, Iron Maiden.
Musicas de algumas cenas kyrie eleison, gloria, ave maris stella e
musica medieval.
Abertura: a câmera mostra um brasão, vai se aproximando até que
os guerreiros do brasão começam a lutar, o dragão do brasão
ganha vida e cospe fogo. Surgem cenas de cavaleiros, arqueiros,
padres celebrando missa, mulheres carregando feixes de trigo e
castelos.
DOMINVS
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Os ancestrais
Há cerca de cinco mil anos atrás um clã patriarcal, decide migrar
de Tarangesa localizada no sul para a cidade de Meta Kina no
oriente próximo. Os clãs eram comunidades baseadas no
parentesco. O líder deles era Acádio. Um homem velho de barba
longa. Seus filhos Nippur e Simbel eram casados com suas
primas, conforme o costume da época. O nome da esposa de
Nippur era Núbia e de Simbel era Tínis. A esposa de Acádio e
mãe de Nippur e Simbel era Lagash. O nome dessa tribo de
guerreiros era Melka.
Capitulo I
No céu azul passa um bando de pássaros negros cantando. O
silencio e o barulho do vento. O céu fica nublado e oculta o sol.
Do meio de um nevoeiro surgem homens estranhos de barba, com
arcos e flechas nas mãos mulheres com vasos e cântaros na
cabeça algumas com bebês nas costas. São cerca de 90 pessoas
que trazem consigo bois e ovelhas. Um pequeno grupo humano
no inicio da civilização lutando por sua sobrevivência e a de seus
descendentes. Eles encontram um riacho e param para tomar
banho e beber água. Fazem uma refeição matando um novilho.
Acádio: - nosso povo saiu de um lugar sem pastagem em direção
a uma terra fértil. Nossos ancestrais queriam ter visto este dia.
Eles não tiveram a coragem que temos. Hoje foi nosso primeiro
dia de viagem, o sol está se pondo. Vamos descansar e amanhã
antes de o sol nascer continuaremos nossa peregrinação. Eles
acendem tochas de fogo, fazem tendas colocam seus totens e
rezam para seu Deus o criador chamado por eles de Taung.
Capitulo II
Inicia-se o segundo dia de peregrinação, a tarde eles param em
um gramado junto a um bosque para comer. Tínis ouve um
barulho de algo entre as arvores e fica apreensiva. As mulheres
estão comendo a alguns metros de distancia dos homens. De
repente Laetoli dá um grito de pavor. São leões famintos. Os
instintos primitivos fazem parte de nossa evolução. Os guerreiros
escutam os gritos e correm com pedaços de pau e flechas nas
mãos. Enquanto isso as mulheres jogam carne aos leões e se
defendem com bastões. Duas moças são atacadas Kebarah e
Manisi. Os guerreiros chegam mas já é tarde, a única solução é
fugir. Dois leões são mortos e são trazidos para o aproveitamento
da pele. A viagem continua. Os leões estão ocupados devorando
Kebarah e Manisi.
Capitulo III
Os guerreiros da tribo devem caçar, Niah é um hábil caçador. Ele
vai se casar com a filha de sua prima. Os filhos dos Melkas
devem ter o sangue puro. A irmã de sua futura esposa a jovem,
Khatir, que só tem catorze anos, tem inveja da irmã Salé. A inveja
é tão humana quanto a alegria. Devemos dominar nossa inveja e
não sermos dominados por ela. Tash é o sacerdote, ele zela pelos
cânticos, pelos totens, pelo culto religioso e é ele quem conduz as
orações. Nippur é o mais hábil guerreiro, seguido por seu irmão
Simbel. Os Melkas conhecem a metalurgia, utilizam moldes de
barro e fazem ferramentas de cobre. Sabem assar pães e
conhecem a escrita.
Capitulo IV
Um homem ou uma mulher é conhecido por seus atos. Você é o
que você faz e não o que diz ser. Khatir é má. Ele invoca o
temível deus Brak, o deus das pragas. Seu objetivo é destruir Salé.
Ela seduz Niah, com suas danças. Pensa que pode conquistar o
coração de um homem por sua sensualidade. Mulheres são
cautelosas e enganadoras como vinho. Um dia elas vão tomar
banho em um rio, Khatir afoga a irmã e sai gritando por socorro.
Agora ela terá Niah, mas por pouco tempo. Se alguém é
encontrado com deuses estranhos é morto pelo sacerdote Tash.
Capitulo V
Os Melkas encontram no caminho um grupo de mercadores do
oriente, compram alguns animais, roupas e espadas. Os
mercadores dizem para eles não entrarem na cidade de Kosh,
cujos habitantes são ladrões, assassinos e prostitutas. Homens
maus. Alguns conselhos valem mais do que dinheiro. O povo
continua sua peregrinação sobre o comando do patriarca Acádio.
Valores como honestidade, amor ao próximo, respeito aos pais e
trabalho são ensinados por Tash, o sacerdote. Os assassinos são
mortos pela lei Melka, ladrões são vendidos como escravos.
Homens maus pensam ser poderosos por sua maldade e
desonestidade, os Melkas em breve vão conhecer alguns desses
homens: A tribo Lipari, que habita a cidade de Kosh.
Capitulo VI
No caminho para Meta Kina eles encontram um homem solitário
que se diz mercador, ele teria se perdido dos outros, daquele
grupo que os Melkas encontraram no caminho. Lobos costumam
se vestir em pele de cordeiro. Sua bondade é patética, é para
esconder sua maldade. O homem na verdade é um ladrão,
habitante de Kosh, e vai leva-los até a boca do leão. Homem:-
meu nome é Branc, sou um mercador viajante. Voltarei a cidade,
para dormir, meus amigos já devem estar longe. Simbel: não
queremos entrar em Kosh, vamos ficar uns dias em Ennedi.
Branc: eu odeio Kosh, tenho medo daquele terra maldita. Nippur:
se não nos levar a Ennedi, você morrerá. Simbel: calma meu
irmão, este homem está sozinho e nem sequer sabe manejar uma
espada, é um mercador.
Capitulo VII
Os Melkas são conduzidos até Kosh. Entram inocentemente na
cidade, quando veem estão numa emboscada. Kosh é um lugar
sombrio com muitos bêbados nas ruas, prostitutas, pessoas sem
respeito e educação, devassos. Eles são amarrados e levados para
uma prisão, um tipo de masmorra. Lá conhecem viajantes e
mercadores aprisionados pelos Lipari, aquelas pessoas estão lá há
anos. Seus animais, seus objetos e ouro estão com os Lipari e eles
agora são escravos. Eles não vão ficar ali muito tempo, são
guerreiros e a liberdade é seu guia. Nippur consegue sair da prisão
com sua força ele destrói uma das grades, imediatamente ele
liberta Simbel e Niah. Um vai libertando o outro, os Melkas estão
livres bem como uma grande numero de viajantes escravizados.
Tomam as espadas dos guardas, recuperam suas armas e matam
boa parte dos Lipari. Branc é assassinado por Nippur. Nippur diz
a Branc antes de mata-lo: diga-me com quem andas e direi quem
tu és. Eu disse que se você não nos levasse a Ennedi morreria?
Agora cumpro o que havia dito. Os Melkas incendeiam a cidade,
destruindo a terra dos ímpios. Os viajantes seguem seu rumo,
estão emocionados por estarem livres. Querem rever suas
famílias. Três deles querem seguir os Melkas são eles: Nikope,
Kanesh e uma mulher Harra.
Capitulo VIII
Para entrar para a tribo dos Melkas é preciso se tornar um deles e
isso é feito através do casamento e do juramento em respeitar suas
leis e seu deus Taung. Nikope se casa com Agrabi. Kanesh com
uma moça chamada Adabi e Harra passa a ser a esposa de Sippar.
Os Melkas praticam a monogamia, cada um tem sua tenda e sua
família. As mulheres cuidam das crianças e preparam o alimento.
Os homens da caça, da pesca, da agricultura e da guerra. Tash faz
a cerimonia de casamento, muitas flores, muita dança, musica e
comida e vinho. Eles despojaram os Lipari, tem muitos animais,
dinheiro e vinho. É o que se ganha por vencer uma guerra.
Capitulo IX
Os Melkas chegam a Ennedi. Eles vão passar alguns dias ali. Os
habitantes de Ennedi saúdam os Melkas, é uma honra acolher
aqueles que destruíram os Lipari. Khatir vai se consultar com
Lagash, a esposa de Acádio, uma mulher idosa de cabelos
brancos. Lagash é uma mulher mística conhece os espíritos, lê as
mãos e conhece as constelações. Khatir quer ter filhos com Niah.
Lagash lê as mãos de Khatir, corta uma mexa de cabelo dela e
queima numa fogueira. Khatir bebe uma porção e desmaia,
Lagash quer descobrir os segredos dela. Em transe ela é possuída
pelo espirito da irmã que pede socorro. Lagash descobre que ela
matou a irmã para se casar com Niah. Khatir desperta. Lagash não
lhe diz nada, providencias devem ser tomadas junto aos lideres da
tribo.
Capitulo X
Lagash conta a seu marido Acádio e ao sacerdote Tash o que a
jovem Khatir fez. A maldade deve ser colocada para fora da tribo.
Ela será queimada viva juntamente com seus objetos. Khatir
descobre o que vai acontecer com ela é e foge. Antes de fugir ela
corta uma mexa de cabelos de Lagash e guarda em uma garrafa.
Com essa mexa de cabelos ela invoca o deus Brak e Lagash fica
doente de uma febre e morre. Ela é sepultada em Ennedi. Os
guerreiros devem captura-la e traze-la a Tash para ser morta.
Capitulo XI
Os Melkas agora estão atravessando o deserto de Alalakh. Muito
calor e pouca água. Alguns animais desfalecem. Serão quinze dias
de caminhada no deserto. Na natureza somente os mais adaptados
sobrevivem. O ser humano durante a evolução se adaptou a
diferentes climas por isso não foi extinto. Com pouca água alguns
deles morrem e a liderança de Acádio é posta em duvida. Dur: -
este homem nos trouxe para morrermos de sede neste deserto.
Nosso patriarca é um louco. Acádio:- até minha mulher Lagash eu
perdi nesta caminhada, calem-se, somente os fracos desistem.
Alguns Melkas são sepultados na areia. Eles não resistiram. Mas
já se vê sorriso nos rostos, as crianças brincam os homens
festejam e as mulheres dançam: ao longe se vê um campo com
animais pastando e um rio, é a terra fértil de Abu.
Capitulo XII
Chegando a Abu eles são acolhidos pelos monges agricultores, os
Maru, em seu mosteiro Ascalon. Acádio: nosso povo vem de
longe, de Tarangesa, e acabamos de atravessar o deserto de
Alalakh. Laurion: eu sou abade, Laurion, sejam bem vindos,
descansem e aprendam a sabedoria conosco. Os monges
observam a oração e o silencio. Eles aprendem sobre a castidade,
o domínio próprio, o valor do trabalho e o amor ao próximo. Os
Melkas trocam seus animais cansados por outros fortes e
robustos, criados pelos monges. Com animais novos e
revigorados seguem viagem. Tash queria ficar com os monges,
mas os guerreiros convencem-no a permanecer na tribo.
Capitulo XIII
Os Melkas agora estão a caminho de Citium, a última cidade
antes de Meta Kina. Eles vão descansar estes onze dias de
viagem. Citium é uma cidade cosmopolita com habitantes de
varias regiões do mundo. Um comércio movimentado e uma vida
urbana ativa. Citium é a cidade mais desenvolvida do mundo.
Têm praças, ruas largas e até sistema de correios. Niah sai com os
homens para se divertir. Eles vão beber, jogar dardos e conversar
sobre guerras e mulheres. Niah conhece uma prostituta e vai
dormir com ela. A prostituta é Khatir, que chegou ali uma semana
antes dos seus conterrâneos. Niah bêbado pensa que é Salé,
porque as duas eram um pouco parecidas. Ele reconhece Khatir
pela fala, ela pega a espada dele e o mata para não ter que ver ele
feliz com outra mulher. Niah agonizando diz:- eu nunca te amei,
mulher maldita e estéril. Ela foge. No dia seguinte os guerreiros
saem a procura do amigo. Nola: - a noite deve ter sido boa para
ele não ter voltado ao acampamento. Nippur: conhecendo o
caráter dele, eu sei que ele nunca faria isto. Eles perguntam aos
habitantes do lugar se teriam visto um guerreiro Melka. Um
homem diz que o viu passar com uma prostituta recém-chegada
na cidade. Eles vão até o lugar e encontram o corpo, estava em
um estábulo. É preciso encontrar quem fez tamanha covardia.
Capitulo XIV
Os guerreiros estão vasculhando a cidade a procura da prostituta.
Não a encontram e decidem seguir viagem. No caminho eles
encontram uma pequena caravana de viajantes, cerca de vinte
pessoas. Os viajantes são parados pelos Melkas. Nippur:
procuramos uma mulher que estava em Citium, uma prostituta.
Nola: de onde vocês vêm e para onde estão indo. Entreguem-nos
a mulher ou todos serão mortos. Larinum: meu nome é Larinum, e
não tem nenhuma prostituta aqui. Estamos de Citium e vamos
para Ancona. Simbel: vocês levam alguém de Citium com vocês?
Larinum: sim, uma camponesa de Citium que perdeu a família
vitima de uma peste. Os melkas pedem para que a mulher se
apresente e tire o véu do rosto. Nippur reconhece ser ela Khatir.
Ela é amarrada e levada pelos Melkas. A noite ela será queimada.
Capitulo XV
Depois de ser chicoteada, ela confessa todos os crimes e diz que
roubou uma mecha de cabelos de Lagash e os ofereceu ao deus
Brak. Diz também que matou Niah para que ele não fosse feliz
com outra mulher. Tash acende o fogo. Ouvem-se gritos. O fogo
ilumina a noite. Os Melkas cantam enquanto Khatir queima.
Capitulo XVI
De uma colina os guerreiros veem um castelo sombrio. No meio
de um bosque. O castelo é protegido por abutres. Um camponês
avisa que é o castelo Cróton, onde mora a bruxa Tempsa. Os
melkas precisam de um lugar para dormir. Chegando ao castelo
Barium, o mordomo da bruxa os recebe. Tempsa tem unhas
grandes e veste uma capa preta cheia de aranhas. As tarântulas
assustam os Melkas. Tempsa:- não tenham medo elas não fazem
mal. Não são humanas para fazê-lo. As crianças ficam com medo
ao verem as aranhas no chão. Tempsa convida-os para jantar. Os
Melkas vão cortar um pedaço de unha em troca de uma noite no
castelo. Tempsa adverte aos Melkas para não irem a Meta Kina,
mas para morarem em Citium. Atravessar o mar de Eboracum é
muito perigoso. Foram muitos os que morreram afirma a bruxa.
Uma das crianças abre uma porta de onde saem muitos morcegos.
Tempsa brinca: muito bem crianças, já está na hora de eles saírem
para beber sangue. Ela dá uma risada medonha. Tempsa pede a
Nippur seus cabelos em troca de um escudo que pertencia ao
lendário rei Sabrata, o tio da bruxa. O escudo nunca enferruja. A
noite Tempsa tem um sonho com os Melkas, todos eles vão
morrer afogados no mar de Eboracum.
Capitulo XVII
Pela manhã os Melkas partem. Tempsa pede para eles não irem,
porém, eles têm sua religião, seu deus, seu sacerdote, seu
patriarca e seus guerreiros. Eles não vão dar ouvidos a uma bruxa
solitária. Eles não acreditam em bruxaria, eles odeiam as bruxas.
Eles não deveriam ter entrado ali. Chegando às margens do mar
de Eboracum, eles pegam um barco que os levará a Meta Kina.
Pagam as duas moedas ao barqueiro. O barqueiro é místico, seu
rosto é coberto por uma touca, ninguém vê suas mãos. São apenas
três dias no mar. Eles cantam e dançam e até pescam no mar de
Eboracum. Na ultima noite no mar uma tempestade, com
relâmpagos, trovoes e vento. Ondas fortes, até parece que o barco
havia virado. Crianças gritam: papai me ajuda! Mulheres choram,
homens se desesperam. Pela manhã eles estão em Meta Kina.
Nippur estava sonhando.
Capitulo XVIII
Eles chegaram a Meta Kina, campos verdes, céu azul. Uma cidade
pequena e acolhedora. Eles tentam conversar com os habitantes
de Meta Kina, mas, parece que eles não entendem a língua Melka.
Acádio: - meu nome é Acádio, sou patriarca do povo Melka.
Viemos de Tarangesa. Vamos comprar esta colina para
habitarmos. Você me ouviu? Você me ouve? Porque não me
responde senhor? Está zombando de mim? Teremos de mata-lo.
Senhora: é a senhora fale comigo, este homem é surdo ou mudo?
Nippur: o que está acontecendo? Eles estão loucos. Estão todos
surdos e mudos. Uma menina diz para seu pai: - Papai eu quero
voltar para casa. Acádio tenta pegar uma espada, sua mão passa
pela espada, ele olha para Nippur que olha para Simbel. Todos se
olham. Eles descobriram que estão mortos. Morreram na noite
anterior no mar de Eboracum. Eles nunca chegaram a Meta Kina.
Capitulo XIX
Uma luz começa a brilhar. Ela vai crescendo e transforma a
paisagem. Tudo é verde e plano. E todos estão felizes. Escutam o
canto dos anjos. Aparecem seres com asas, os anjos. Crianças
correndo. Pessoas que eles nunca viram passam e dizem “olá”
Acádio pergunta a um anjo: que lugar este? O anjo responde:
Quem nunca desejou ser feliz? Quem não quer ser feliz? Vejam os
rios, bebam desta água e respirem este ar. Brinquem como
criança. O que é a vida? O que é a raça humana? Quem pensa ser
o ser humano? Pensam que podem fazer algo maior que sua vida?
Sejam bem vindos guerreiros Melkas, vocês estão no Paraíso,
com a Luz que e com os anjos.
FIM
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Esquizofrenia
Capitulo I
O que lembramos da primeira infância são imagens. Tudo é
grande. As paredes são grandes. As pessoas. Vemos as pernas
delas. Lembro-me de ir até uma padaria comprar pães com apenas
quatro anos. No caminho de volta para casa vi um homem com
roupas estranhas que disse: - olá criança, veio cumprir seu
destino? Boa sorte. Ele desapareceu junto com um vento que
levantou a poeira da rua de terra. Lembro-me das crianças
maiores pegando goiaba em uma goiabeira num terreno baldio em
frente a minha casa. A vida é tão estranha. Não sabemos de onde
viemos. As primeiras palavras. O primeiro sorriso. Os primeiros
passos. Os primeiros sons. A primeira surra da mãe. O primeiro
passeio. O primeiro vômito. Lembro-me de brincar com as filhas
das vizinhas. Elas faziam tranças com meus cabelos. Lembro-me
de pular corda com outras crianças. Lembro-me de uma menina
que brincava comigo no balanço, o nome dela era Maria Luiza.
Meus pais migraram do centro-oeste para São Paulo, quando eu
tinha apenas quatro anos. Lembro-me dessa vigem que eu ficava
olhando pela janela do ônibus. Tudo era divertido e as pessoas do
ônibus me tratavam com carinho, pareciam tão boas, é tão bom
ser criança.
Capitulo II
Meus pais vieram para São Paulo para serem caseiros de uma
igreja. Meu pai fumava, lembro-me dele acendendo o cigarro com
um fósforo. Dentro da propriedade da igreja não se podia fumar
por isso ele teve que abandonar o vicio. A igreja era pequena, era
uma igreja protestante alemã. O dono da casa morreu e doou seus
bens para a igreja. A igreja ficava na frente e nossa casa nos
fundos. O pastor era um homem alegre, sempre sorrindo. Sua
esposa chamava-se Aline. Eles tinham duas filhas Debora e Ester.
As pessoas da igreja eram honestas. Lembro-me de estar correndo
pela igreja. No pátio dela. A igreja era uma casa adaptada e meu
pai ajudou na reforma da mesma. Lembro-me das paredes sendo
derrubadas e o salão de culto sendo ampliado. Lembro-me dos
missionários estrangeiros, mais precisamente de uma senhora de
cabelos brancos de Zurique, ela me deu um livrinho sobre Jesus
com belas ilustrações. Guardei aquele livro por mais de vinte
anos. Minha tia era professora da escola bíblica de crianças. Ela
era uma mulher simples de pouca estatura. Lembro-me dela
falando sobre Moises e a salvação do povo Hebreu. Irritada parou
de falar e mandou um dos meninos tirar o dedo do nariz. Todos
os meus primos frequentavam a igreja. Era muito bom. Lembrome
de nós brincando de pega-pega, esconde-esconde após o culto.
De minha mãe gritando para a gente parar de correr. Certa vez
esbarrei numa menina da igreja e ela quebrou o nariz. A mãe dela
limpou o sangue com papel higiênico.
Capitulo III
Eu ia à igreja quatro vezes por semana. Eu morava dentro dela.
Os meninos da rua eram diferentes dos meninos da igreja. Eles
eram mal criados e falavam palavrão. Estavam sempre empinando
pipa. Um dia um deles me deu uma pipa e com um pouco de linha
coloquei ela no céu. Foi muito divertido. Lembro-me das pessoas
tocando violão na igreja. Meu mundo era a rua e a igreja. Com
seis anos fui para a pré-escola. Lembro-me dos desenhos que
fazia. A professora sempre me chamava à atenção. Um dia eu
entrei na parte de trás de um escorregador. Meu coração acelerou,
pensei que ia ficar preso para sempre. Comecei chorar. Uma
professora me tirou de lá.
Capitulo V
Eu subia nas arvores lá de casa. Tinha goiabeira, macieira,
mangueira, ameixeira, oliveira, figueira, bananeira, cana de
açúcar e limoeiro. Com meus amigos da rua eu brincava nas
arvores. Chamávamos essas brincadeiras de aventuras. Eu
imaginava lagos, rios e animais. Meus amigos não viam, somente
eu. Ninguém parecia perceber. Quando percebia achava
engraçado o fato de eu ser um menino maluquinho. Eu subia no
topo das arvores, sem medo. Colocava a cabeça para fora da copa
das arvores. Correndo atrás de pipa quebrei o telhado da igreja e
de casa. As telhas eram finas, mas, eu não tinha medo.
Capitulo VI
Um dia um moleque me bateu quando eu estava na fila da
merenda. Deu-me um cascudo e disse: - se liga seu louco, seu
retardado! Sem dizer uma única palavra, lhe dei uma surra. Mas
não entendi porque ele disse que eu era louco. Ignorei o fato.
Outro dia eu estava saindo de casa. No quintal próximo ao portão,
eu parei e me escondi. Ouvi pessoas conversando. Era a vizinha
Lurdes que conversa com meus dois amigos de infância Reinam e
Reinaldo: - eu já falei para a mãe dele. Ele tem problemas. Precisa
de tratamento. Fiquem de olho nele. Vejam as coisas que ele faz.
Sobe nas arvores, sobe nos muros, nos telhados. É louco. Falo
isso para o bem dele. Eu apareci de repente e ela ficou sem jeito e
entrou para a casa dela. Perguntei aos meus amigos: - essa
vagabunda estava falando de mim? Se for louco é um problema
meu. Eles ficaram calados e fomos brincar. Fiquei me
perguntando por que todos falavam que eu era louco. O que havia
de errado? Eu me achava igual a todos. Considerava-me normal.
Capitulo VII
Minha mãe falava que eu chorava muito quando era bebê. Um
pouco anormal eu era. Contudo, em 1996 eu estava exagerando.
Na quarta série eu comecei a apresentar um comportamento
totalmente fora da realidade. Imagina ser rico, colecionava
moedas antigas. Algumas raras. Notas antigas. Tinha cerca de
trezentas moedas. Um dia uma menina de quem eu gostava falou
para eu cortar o dedo com a gilete do apontador, foi o que fiz.
Falava sozinho. Minha letra era horrível. Uns garranchos
enormes. A professora analisa meus trabalhos cuidadosamente.
Um dia eu fiz um trabalho de geografia e tirei a melhor nota da
sala. A professora havia dito para meus amigos investigarem se eu
fiz sozinho. Na saída da aula eu estava acompanhado uma menina
de quem gostava até sua casa. Uma japonesinha. Ela perguntou se
eu havia feito o trabalho sozinho. Eu mentindo, para ver o que ela
iria dizer, disse que não. Que um garoto que morava próximo a
minha casa me ajudou. Ela voltou correndo para a escola e
contou para a professora, eu fiquei esperando por ela na rua.
Quando ela voltou me disse que havia ido contar para professora.
Eu fiquei imaginado por que. A professora queria ver a
inteligência do doente mental.
Capitulo VIII
Aos doze anos tive uma crise de depressão. Eu chorava sem
motivo nenhum. Ficava lendo a bíblia e orando em qualquer
lugar. Até na calçada ou no meio da rua. Orava quando ia empinar
pipa ou jogar bola. Falava coisa sem sentido. Não havia conexão
entre sentimento, pensamento e atitude. Minha mãe me levou no
médico que passou um remédio para controlar a ansiedade. E eu
pensava que era uma vitamina. Minha mãe não aceitava que eu
era louco. Louco é coisa do diabo. Conscientizei-me que não era
normal, queria saber o que estava acontecendo comigo. Parei de
ter aquele comportamento e melhorei um pouco.
Capitulo IX
Na quinta série, novos amigos e muitos professores. Meus novos
amigos gostavam de aventuras. Cabulávamos aulas e ficávamos
na linha do trem fumando cigarro. Eles fumavam, eu só um
pouco. Roubavam dos pais. Meu pai não fumava. Minha mãe
também não. Colocávamos pedra na linha do trem. Passávamos
por baixo de uma ponte, com um grande risco de cair no rio de
esgoto. Comprávamos morteiros para colocar nas casas.
Apertávamos a campainha das casas e saíamos correndo. Era
muito divertido. Um dia não tínhamos dinheiro para comprar
salgadinho, então, entramos numa casa roubamos os limões do pé
e saímos vendendo pelas ruas. Com o dinheiro compramos seis
pacotes de salgadinho.
Capitulo X
Um dia cai duma arvore, da mangueira lá de casa. Meu espirito
saiu do meu corpo. Vi meu corpo caído. Atravessei um muro e
entrei no banheiro da igreja. Tentei segurar na maçaneta da porta e
não consegui, cai dentro do banheiro. Tentei ver meu rosto no
espelho e não vi nada. Atravessei a parede. Fraco cai no chão. De
repente, vi um homem vestido de branco e com barba. Pensei
deve ser Jesus. O homem disse: - volta para teu corpo criança, sua
hora não chegou. Sua vida está escrita. Olhei para o sol, ele estava
com um brilho diferente. Atravessei o corpo de minha mãe tentei
falar com ela. Gritei. Eu estava morto. Entrei no meu corpo e
acordei. No momento não me lembrei de nada. Alguns dias depois
me lembrei do fato, ignorei, pensei ter sido um sonho e seu
contasse quem acreditaria? Todos iriam dizer que eu era um
louco.
Capitulo XI
Eu aparentava ser normal. Parecia normal. Já adolescente gostava
de um rock and roll. Legião urbana, Titãs, Barão Vermelho, Raul
Seixas, Beatles e Guns and Roses. Eu me esforçava para ser
normal. Não era. Aos dezesseis anos tive um surto. No começo da
oitava série minhas mãos começaram a tremer. Eu suava muito.
Eu não conseguia ficar parado. Ficava vermelho sem motivo. Por
causa disso, parei de ir à escola. Entrei em depressão. Todos riam
de mim na escola. Eu não sabia o que estava acontecendo. Ficava
trancado no quarto chorando, sem motivo aparente. Só ia à casa
da minha tia. Gostava de jogar dominó com meu primo. Gostava
de conversar com minha tia.
Capitulo XII
Minha tia sempre conversou muito comigo. Desde a infância
éramos amigos. Uma pessoa que muito me ensinou. Ela sempre
quebrava o galho para mim. Ela me dava dinheiro para comprar
brinquedos e doces quando criança. Quando adolescente me dava
sapato e algum trocado para cortar o cabelo. Ela me ensinava
sobre a bíblia. Sobre Jesus. Sobre família. Sobre amor. Sobre
caráter. Sobre trabalho e até conversamos sobre sexo. Ela era
espetacular. Sem igual. Ela sempre ajudava aos necessitados.
Todo final de semana ela visitava os presos. Falava do amor de
Jesus para eles. Eu sempre admirei muito ela. Ela era uma serva
de Deus.
Capitulo XIII
Meu primo era divorciado e tinha duas filhas. Ele nunca esqueceu
a ex-mulher. Lembro-me de certo dia em que fui trabalhar com
ele na casa da avó dele. Ele comprava Coca-Cola, pastel e doces.
Na volta do trabalho, com uma preguiça dar a volta pela ponte,
atravessamos um rio de esgoto. Outro dia fomos pescar no mesmo
rio de esgoto. Meu outro primo com cerca de oito anos, chamado
James. Ele e eu. Levamos um gato num carrinho de feira. O único
peixe que pescamos durante as três horas de pescaria demos para
o gato comer. Ele era completamente maluco. Muito divertido.
Fazia carrinhos de rolimã para as crianças. Certa vez me
machucou sem querer com uma madeira enquanto fazia o
carrinho de rolimã. Às vezes ele era difícil. Deu-me durante sua
vida três cascudos na cabeça com força. Eu o odiei por uns dias.
Quando morreu eu já tinha vinte e dois anos. Não quis ver ele
morto, mas fui ao velório. Ele era um homem bom. Melhor do
que se pode imaginar. Ele gostava da molecada da família.
Adorava trabalhar para os irmãos da igreja. Aprendi muito com
ele. Sempre sonho com ele. Ele está sempre feliz.
Capitulo XIV
Eu estava isolado e louco. Ouvia vozes. Gritando e rindo de mim.
A depressão tomava conta de mim. A esquizofrenia também. Um
dia eu ouvi uns vizinhos caçoando da minha família. Dizendo que
meu irmão era um cantor do Paraguai. Que minha mãe parecia o
diabo. Que meu pai era um caipira burro. Eu fiquei com muito
ódio. Passei a jogar pedras na casa deles. Cortei o cabo da antena
parabólica que passava sobre o telhado de nossa casa. Joguei
lâmpadas florescentes na casa deles. Pensei que eles estavam me
perseguindo. Ficava escutando pelas paredes para ouvir a
conversa deles. Seres humanos geralmente falam mal dos
vizinhos. Mas para um esquizofrênico aquilo era muito serio.
Uma pessoa normal iria ignorar aquilo, eu não. A crise aumentou
e ficou perceptível. Uma prima pagou para eu fazer uns exames
como o eletroencefalograma. Fui a um psiquiatra. Uma única vez
era humilhante reconhecer que era louco. Não fui mais. Comecei
a ter surtos de perseguição. A televisão podia me ouvir. Eu e
minha família estávamos sendo espionados. Escrevi um artigo me
baseando em um livro sobre espionagem na guerra fria e levei até
o jornal da cidade para os editores publicarem. Era visível: eu
estava completamente louco. Eu havia visto dois orientais dentro
de um carro. Eu nunca tinha visto aqueles homens no bairro. Os
canais de televisão colocaram câmeras em minha casa. Câmeras
partilhadas entre a Rede Globo, SBT e Bandeirantes. Comecei a
fazer buracos nas paredes para destruir as câmeras. Rasguei um
colchão velho e coloquei pedaços de espuma nas brechas do teto
do meu quarto. Os carros me seguiam e eu ficava tentando anotar
as placas. Eu estava sendo perseguido. Até um curto circuito na
tomada enquanto minha mãe encerava a sala era espionagem,
perguntei a ela quem estava tirando fotos.
Capitulo XV
Eu continuei jogando tijolos nas casas. Pedras grandes, capazes de
matar. Os vizinhos fizeram um boletim de ocorrência. Eu era uma
ameaça. Conversaram comigo para eu parar de jogar pedras. Eu
falei pouco e coisas sem sentido. Parei de jogar pedras. Eu estava
viciado em jogar pedras. Era um pouco divertido. Eu estava
tomando antidepressivos que o neurologista receitou.
Neurologista não era médico de louco. Pensei que minha vida não
tinha mais jeito. Eu estava fora da escola. Eu estudava em casa, os
professores me davam as matérias. Através de um colega que ia à
minha casa. Alguns não gostavam dessa suposta moleza. Certa
vez tomei quarenta comprimidos antidepressivos de uma vez só e
fui deitar-me. Coloquei um armário antigo grande e pesado para
que não abrissem a porta. Minha mãe viu as cartelas de
comprimido e não consegui abrir a porta do quarto. Ficou
desesperada foi busca ajuda. Um irmão da igreja. Ele me levou
para o hospital. Eu não queria mais viver.
Capitulo XVI
No hospital foi preciso quatro homens para segurar o rapaz de
dezesseis anos. Eu sonhava que sombras negras tentavam me
mata. Ouvia rizadas. Alguns irmãos foram ao hospital. Um
espirito entrou em mim, estava respirando por aparelhos. O
espirito falou pela minha boca: - Parem com esta oração. Alguns
ficaram com medo. Eu vi meu corpo na cama. De repente, me vi
num lugar escuro com sombras negras gritando: - vencemos, ele é
nosso. O lugar era muito escuro e frio. Os irmãos continuaram
orando. Olhei para cima e vi uma luz pequena que foi crescendo e
uma voz que falou: - criança você não cumpriu sua missão.
Quando me acordei estava no sofá de casa. Jantei e fui para o
quarto. Eu estava fraco. A luz acesa. A bíblia aberta em uma mesa.
A porta estava meio aberta. Nesse tempo, minha casa estava em
reforma e eu estava na sala de adolescente da igreja. A porta dava
para pátio da igreja. Onde eram feitas as festas. Vi um espirito
com chifres saindo do chão do pátio da igreja. Com chifres na
cabeça e como um chuvisco de partículas. Com espinhos no
corpo, uns dois metros de altura. Eu estava acordado. Senti uma
força prendendo meus pés, mãos e fala. Senti um cheiro de
carniça. Parecia estar me enforcando. O espirito veio em minha
direção e falou: - você é meu. Ele estava muito próximo a mim
então eu gritei: Jesus me socorre! Vai embora em nome de Jesus.
Ele desapareceu.
Capitulo XVII
O período de isolamento social foi um período em que lia muito.
Queria ser cantor de rock e imaginava minha banda na televisão.
Escrevi para a rede Globo sobre projetos que tinha sobre
programas de rock. Uma carta grande, sobre televisão, sobre mim
e até sobre Jesus. Os escritos sobre a evolução da televisão copiei
de um livro. A Globo mandou uma equipe até minha casa, mas
meus pais eram pessoas simples e sabiam que eu estava louco.
Voltei a jogar pedras nas casas. E desta vez foi muito grave.
Quebrou telhas e o tamanho da pedra podia ter matado alguém.
Eu me escondi encima do telhado da casa da vizinha. A família
queria me internar. Vieram homens de branco. Minha mãe fez um
escândalo: - não meu filho não. Vocês não vão internar meu filho.
Se ele for internado vai morrer, vocês não vão interna-lo enquanto
eu estiver viva. Eu me escondi. Ninguém podia me achar. Nem
mesmo a policia. Eu estava dentro do forro da igreja. Afastei uma
telha e entrei depois coloquei no lugar. Eu ia esperar a poeira
abaixar.
Capitulo XVIII
Decidiram me levar para a terra natal e a igreja também não
queria meus pais mais lá. Outro pastor chegou e não nos queria lá.
Lembro-me que durante a viagem eu imagina carros me seguindo.
Espiões no ônibus. Chegando lá contei as perseguições que sofria,
ele me disse para eu esquecer: - mesmo que eles te escutem, não
ligam para pobres. Que interesse eles teriam em você? Brincou.
Ele pediu para que eu prometesse que voltaria a estudar. Eu
prometi. Voltamos para São Paulo e ainda imaginava estar sendo
perseguido. Mas meu primo me aconselhou a não falar nada com
ninguém. Então eu ficava calado. Voltei estudando. Minhas notas
eram excelentes. Eu já era o melhor aluno da sala. Comecei a
estudar inglês sozinho. Todos tiravam sarro da minha cara: - e ai
perseguido pela Rede Globo. Eu ignorava. Provocava inveja com
meu inglês. Eu estudava todo dia, o dia todo. Não só inglês. Todas
as matérias sonhava agora estudar na USP. Eu tinha de ser o
melhor. Tinha de provar quem eu era: - você é normal e é burro,
eu sou louco e inteligente. Dizia eu.
Capitulo XIX
Eu tive uma professora na escola bíblica, chamada Lucia.
Lembro-me dela e das filhas dela tocando violão e cantando. Da
família dela. Eu era um dos filhos do caseiro. Fui um bom aluno
na escola bíblica, fiz todos os cursos bíblicos da igreja. Um dia fui
até a casa dela e começou uma amizade. Ela começou a pagar um
curso de inglês para mim. Nós íamos junto para o curso. Eu era
um louco bonzinho e intelectual. A filha dela estava nos Estados
Unidos e meu sonho agora era ir também para os Estados Unidos.
Ela era uma pessoa boa, honesta, inteligente e temente a Deus.
Aprendi muito com ela. Mulheres assim quase não existem.
Capitulo XX
Eu brigava muito na escola. Numa das brigas um coordenador me
disse que eu iria morrer de fome, se não estudasse. Eu nunca mais
briguei. Minha família era pobre e meu pai estava sem trabalho.
Ganhávamos roupas e comida. A caridade é humilhante. Era isto
ou morrer de fome. Pobres não inventam maquinas ou fazem
poesia. Alguém me disse isso um dia. A igreja foi vendida e
mudamos para um bairro pobre em outra cidade, eu não queria
mudar. Era muito triste deixar a casa onde fui criado. Mudar para
um lugar feio, com ruas de terra, ia ser duro, mas, necessário.
Capitulo XXI
A igreja havia sido vendida, alguns meses depois mudamos. Eu
não queria mudar. Eu já tinha ido naquele bairro daquela outra
cidade e não gostei. O lugar era feio. Meu primo estava conosco
na mudança. Ele estava no caminhão, nos ajudando com as coisas.
Já era de tarde quando mudamos. Uns urubus nos acompanharam
de Suzano até lá. Eu não dormi aquela noite. Chorei muito. Ficava
olhando pela porta o movimento da rua. De manhã voltei para
Poá. Chegando à casa tudo estava quebrado. Vidros, vasos
sanitários e objetos nossos que ficaram. A igreja foi vandalizada.
Vendo o lugar onde morei destruído, chorei. Pensava que ainda
podia morar lá. Chorei, meu primo estava comigo e me disse: -
aceite a realidade, confie em Deus. Um pouco depois meu irmão e
o marido da minha prima também apareceram por lá. Meu mundo
parecia destruído. Alguns dias depois o pastor ligou para meu
irmão dizendo que deveríamos pagar o que o louco quebrou. Eu
não havia quebrado nada. Uma acusação falsa. Meu primo viu
que quando chegamos tudo já estava quebrado. Eu chorei também
por ser acusado de uma coisa que não fiz.
Capitulo XXII
Eu reclamava todo dia por ter mudado de lugar. Não gostava do
lugar e nem das pessoas. Com o tempo fui me acostumando.
Todos me tratavam diferente. Gesticulavam com as mãos. Por que
me tratavam diferente? Aquelas pessoas não me conheciam. Os
professores me tratavam diferente. Um professor uma vez me
disse: - você não se descobriu ainda. Mas logo isso vai acontecer.
Eu fiquei com isso na cabeça durante dias. Chamaram-me de
louco e eu fiquei em cima da pessoa para descobrir o porquê tinha
me chamado de louco. A pessoa respondeu: - analisa, vê o que
você faz. Veja como as pessoas te tratam. Um professor
respondeu: - você é esquizofrênico. Eu não consegui dormi aquela
noite. Minha vida passou como um filme. Esconderam-me
durante toda minha vida uma verdade eu era louco. Na escola. Na
igreja e nas ruas. Durante toda minha vida. Peguei cadernos
velhos da infância para ver o que tinha escrito. Eu não era normal.
Minhas atitudes não eram normais. Louco. Doido. Retardado.
Esquizofrênico. Doente mental. Pela manhã eu fiz um escândalo:-
vocês me esconderam isso durante toda minha vida. Por que não
falaram? Eu sou esquizofrênico. Fui até a escola onde estudei para
conversar com o diretor. Contei a ele que tinha estudado lá e
porque quando fui transferido eles falaram para os professores da
outra escola que eu era um louco. Ele riu. Disse-me que tinha
mais o que fazer. Não precisa de laudo, meu comportamento e o
modo de falar já demonstrava que eu era um louco. Eu chorei
muito. Muito. Passei na casa do meu primo, mas ele não estava lá.
Queria conversar com ele. Abri o portão, fiquei no quintal, na
lavanderia. Estava muito escuro lá. Fiquei sozinho por umas duas
horas. Chorando sozinho, até que ele chegou. Nesse período
escrevi poemas e poesias. Fiz muitos projetos de prédios e
construções.
Capitulo XXIII
Um amigo me disse que eu deveria parecer normal. Ele me deu
uma caderneta com anotações de como me comportar para
parecer normal. Eu queria fazer faculdade era meu sonho. Por
isso, estudava muito. Sofri coma inveja. Quando selecionaram o
melhor aluno de cada sala para fazer vestibular em uma faculdade
publica com inscrição direta e concorrendo a uma moradia numa
republica o escolhido fui eu. Muitos não gostaram disso e foram
questionar que critérios foram usados. Eu não passei nas
universidades publicas. Terminou o ano de 2003.
Capitulo XXIV
Minha professora da escola bíblica de crianças estava nos Estados
Unidos. Sua filha caçula morava lá. A outra filha mais velha dela
me deu o telefone dela. Eu liguei e disse que queria ir aos Estados
Unidos. Ela mandou um dinheiro para eu tirar o passaporte. Eu
não tinha nada e meus pais não podiam me ajudar. Eu queria ir
aos Estados Unidos. Meu visto não foi aprovado. Fiquei arrasado.
Fiquei sem esperança. Louco de raiva. Comecei a andar nos
ônibus sem pagar pulando a catraca ou passando por baixo e até
no trem e no metrô. Primeiro eu pedia, dizia que não tinha
dinheiro. Eu realmente não tinha dinheiro. Eu precisava procurar
emprego, deixar currículos. Escrevi um livro a mão com minha
historia tirei copias e levei em pelo menos seis grandes editoras.
Nenhuma quis publicar. Mandei uma carta para a Casa Branca
com minha historia e um poema em inglês. Não obtive resposta.
No segundo semestre de 2004, com um dinheiro que meu primo
me deu cerca de R$ 600,00 reais. Matriculei-me na faculdade.
Nem mesmo o dinheiro da passagem eu tinha. Nem dinheiro para
comprar o caderno ou uma caneta. Eu estava feliz por estar na
faculdade. Tão feliz que não consigo explicar.
Capitulo XXV
Como é bom ter amigos. Alguém para conversar. Se divertir,
contar piadas e dar risadas. Fiz muitos amigos na faculdade.
Fiquei apenas um ano na faculdade, tive de sair por não ter
dinheiro para pagar as mensalidades. Minha bolsa cobria apenas
70% do valor das mensalidades. Fiz projetos geniais nesse tempo.
Um brasão para a faculdade em que estudei. Projetos de
engenharia como Hazer-Hatticom, Sol Invictus complex. Projetos
de eletrônica como o T-Board projetos de parques e edifícios.
Mostrei para algumas pessoas de confiança.
Capitulo XXVI
Uma moça que pegava o ônibus junto comigo se tornou minha
amiga. Ela era inteligente e bonita. Muito mais alta do que eu. Ela
tinha noivo. Eu comecei a gostar dela. Na minha mente ela
também gostava de mim. Pensava nela o tempo todo. Uns seis
meses depois que sair da faculdade comecei a ir atrás dela.
Descobri o telefone do trabalho dela, o lugar onde ela trabalhava e
quase tudo sobre ela. Fui até o trabalho. Foi uma confusão muito
grande. Queria beijar ela. O noivo dela não gostou da ideia. Meus
outros amigos me odiaram por isso. Eu sentia algo descontrolado.
Muita tristeza sem motivo algum, horas depois muito amor,
minutos depois ódio. Os sentimentos oscilavam, eu estava
surtado. Fui até a casa dela da janela ela gritou: - pai chama a
policia! Vai embora seu doente mental. Você já se sentiu
angustiado por alguém? Humilhado. Destruído. Mesmo assim ela
não saiu da minha mente. Demorou alguns meses para esquecê-la.
Ela havia sido minha amiga, uma das poucas pessoas a acreditar
em mim. Ela leu meus poemas e contos. Penso que gostava de
mim. Eu estava fora da realidade. Estava em um surto.
Capitulo XXVII
Eu estudava muito. Ainda acreditava poder estudar numa
universidade publica. Após ultima aula na faculdade eu chorei no
ônibus. Eu não fiquei até o final. Eu sabia que não tinha mais
como estudar. Não tinha dinheiro nem mesmo para pagar o
ônibus. Levei boas recordações de lá. Mesmo assim eu não
desanimei e continuei estudando. Eu procurava emprego. Das
entrevistas que fazia não passava em nenhuma. O preconceito é
maior do que o ódio. Mesmo falando inglês fluente. As portas
pareciam fechadas. Travadas. Os anos seguintes foram terríveis.
Eu não conhecia ver meu valor como ser humano. A vida parecia
sem sentido, sem nexo. Não valia a pena viver. Um dia coloquei
uma corda no pescoço e fiquei brincando com a morte.
Balançando a cadeira. Eu chamava a morte. Não passei nos
vestibulares e mesmo se tivesse passado eu não teria condições.
Minha mãe trabalhava como costureira para sustentar a casa.
Éramos pobres. Muito pobres. Não foram poucas as vezes que
não tinha pão para comer no café da manhã. Deus parecia não
existir. Tudo aquilo que aprendi na igreja parecia ser mentira. A
vida não é fácil. Tão dura ela é para alguns que parece não valer a
pena. Eu não sabia mais o que fazer.
Capitulo XXVIII
No inicio de 2.008 tomei uma decisão queria ser padre. Entrar
para um seminário, mosteiro ou qualquer outra coisa. Muitos
homens de ciência eram religiosos como, por exemplo, Nicolau
Copérnico e Gregor Mendel. Eu já conhecia um frade carmelita
que me ajudou a traduzir para o latim a frase do brasão que fiz
para faculdade. Desesperado como se fosse o ultimo dia da minha
vida fui, conversar com ele. Enquanto esperava por ele na igreja
vazia, eu orava. Toquei nos pés da imagem de Jesus. O padre
chegou e fomos conversar. Ele me disse que tinha que fazer os
encontros vocacionais durante um ano. Era tempo demais eu
queria entra na mesma hora. Fui até a cúria, lá conheci um padre
que me deu carona até o seminário onde fui conversar com o
reitor do mesmo.
Capitulo XXIX
O reitor era um homem simples, humilde e inteligente. Ensinoume
sobre a paciência e a humildade. Comecei a participar das
missas. Eu admiro aquele homem. Participei dos encontros
vocacionais durante aquele ano. Quando não tinha dinheiro ia a pé
para o seminário, quase duas horas de caminhada. Do lado do
seminário tinha um mosteiro e os vocacionados foram lá
conhecer, depois do almoço, com os seminaristas. Eu gostei dos
monges e passei a ir às missas. Conquistei a amizade deles e
passei quinze dias lá. Eu queria ser monge. Aprendi muito sobre
outra tradição. Seus cantos, suas orações e seu modo de agir. O
mal não pode vencer bem. Esse período foi de muita dificuldade.
Certo dia eu fui chamado para uma entrevista numa empresa de
telemarketing. Fiz uma redação muito boa. Não fui aprovado. A
entrevistadora disse que pessoas muito inteligentes não servem
para serem operadoras de telemarketing porque questionam as
normas. Eu fiquei arrasado. Quase chorei. Fiquei surtado. Outro
rapaz que fazia faculdade de publicidade também não foi
aprovado. Sai pelas ruas desnorteado. Era um maldito. Só a morte
poderia me libertar do sofrimento. Fiquei perguntando para as
pessoas na rua onde havia outra empresa de telemarketing.
Disseram-me que em outro bairro mais distante tinha uma maior.
Comecei a caminhar. No meio do caminho me perdi. Não sabia
para onde estava indo. Eu estava desesperado e angustiado.
Estava louco. Peguei o ônibus e voltei para casa. Eu deveria ser
padre, monge ou então me matar. Tinha duas opções: A religião
ou a morte.
Capitulo XXX
Não consegui entrar para o seminário diocesano. Os monges
queriam que eu trabalhasse em uma empresa para testar minha
vocação. Eles diziam que eu queria ser monge apenas porque
estava desempregado. Colocaram outras exigências. Eu desisti
deles. Continuei fazendo os encontros vocacionais no seminário
diocesano. Eu era um louco. Os seminaristas me achavam louco.
Um padre me disse que por eu ter sido criado dentro de uma
igreja protestante, não havia a menor possibilidade em me tornar
um sacerdote católico. Ele dava risadas de mim. Uma noite sonhei
que estava orando em meu quarto. A bíblia estava aberta e uma
vela estava acessa. A janela se abriu e começou a ventar. Uma voz
me chamou pelo nome duas vezes. Eu respondi: - fala, por favor.
A voz me disse:- de ti farei um grande homem e sua fama se
espalhara pelo mundo. Eu me acordei e fui orar. Fiquei pensando
porque Deus está zombando de mim?
Capitulo XXXI
Certo dia eu estava agitado. Peguei a bicicleta fui para o centro de
Mogi das cruzes. Uma hora e vinte minutos pedalando. Deveria
ser umas cinco horas da tarde quando sai de casa. Chegando lá fui
para uma praça onde tinha uma banda de rock tocando. Conheci
uns caras lá e fiquei conversando. Bebi um pouco. Umas nove
horas da noite voltei para casa por Suzano. No caminho começou
uma tempestade. Vim de baixo de chuva forte, torrencial de
bicicleta. Uma hora e meia de baixo de chuva. No meio da
tempestade os carros buzinavam, uns gritavam: - vai seu louco.
Quando passei próximo dum posto de gasolina, as pessoas que lá
estavam ficaram me olhando. Cheguei em casa, tomei um banho,
jantei e fui dormi. Eu precisava gastar minha energia.
Hiperatividade é quase sempre um problema.
Capitulo XXXII
Eu estava indo para o mosteiro para conversar com o novo prior
sobre meu possível ingresso. No caminho me ajoelhei sete vezes
para orar. O caminho era de ruas de terra com muito mato e
arvores. Quando cheguei, não queriam que eu almoçasse lá.
Alguns irmãos queriam que eu fosse embora. Começou uma
tempestade, um raio caiu no gramado e abriu o portão. Eu tinha
orado: - senhor mostra para essas pessoas que tu estás comigo.
Ninguém falou mais nada. A chuva passou. Na volta me ajoelhei
no caminho e oreia a Deus com a bíblia aberta, o vento movia as
paginas da bíblia. Conforme o vento mudava de pagina eu lia os
versículos. Consegui ingressar em outra comunidade religiosa em
Mogi das cruzes. Foi uma experiência boa. Lá eu podia ouvir a
palavra de Deus todos os dias. As laudes, hora média, vésperas e
completas me davam um conforto. Minha convivência com os
outros irmãos era, no entanto, conflituosa. O líder dos
seminaristas pensava que eu era louco. De fato eu era. Permaneci
lá durante quase dois meses. Quem me levou lá foi o reitor do
seminário diocesano, ela era meu padre. Fomos conversando no
caminho. Foi muito bom. Quem me trouxe de volta para casa foi
o responsável pelos seminaristas. Eu chorei no carro. Eu não sabia
por que estava sendo levado de volta para casa. Peguei nas mãos
do irmão e falei: - o que houve? Sobre qual acusação me trazem
de volta? Eu não quero voltar. Não me deixe voltar, por favor.
Com tristeza arrumei minhas coisas e coloquei no carro. Chegar
em casa foi doloroso. Aquilo não estava nos meus planos. Meu
quarto estava limpo. A cama arrumada e as coisas no devido lugar.
Minha mãe limpava o quarto eu entrei fechei a porta e chorei.
Somente a morte poderia resolver meu problema. Mas eu não
tinha mais coragem para me matar. Eu não queria mais viver. Não
mais.
Capitulo XXXIII
Meu conselheiro espiritual disse que eu iria conseguir emprego.
Eu consegui. Comecei a trabalhar em uma empresa de
telemarketing. Lá pude ganhar meu dinheiro e comprar minhas
coisas. Lá me senti homem. Conheci pessoas. Fiz amigos. Algum
tempo atrás eu havia me apaixonado por uma moça para a qual
dei aulas de inglês. Três anos depois a gente se viu e conversou.
Na minha mente eu criei um namoro. Pensei que estava sendo
correspondido. Um namoro esquizofrênico. Acabou em confusão.
Os familiares dela foram até minha casa para falar o que eu estava
fazendo. O tempo que eu estava fazendo os encontros vocacionais
sai com uma menina da igreja. Meu primeiro beijo foi aos vinte e
quatro anos. Foi bom. Ela falou que não queria mais. Não sei o
que houve. Só sei que chutei o portão da casa dela quando ela não
quis abrir para eu entrar. No trabalho conheci alguém que parecia
valer a pena. Pura ilusão. Era mulher de balada. Não queria nada
sério. Só me machucar. Perdi meu tempo e sofri. Sua filosofia era
pegar e não se apegar. Esta é uma filosofia que vem das
prostitutas que não podem se apegar aos clientes. Minha vida não
é fútil. Odeio pessoas fúteis. Foram muitas as vezes que liguei
para ela pedindo para ela sair comigo. Humilhei-me. Graças a
Deus consegui esquecer aquele lixo. Mulher vulgar. Apesar de
tudo quando estava comigo ela sempre me esperava no ponto de
ônibus. A única coisa boa que fez.
Capitulo XXXIV
Apesar de ter sido expulso de um seminário e ter o ingresso
negado em outros, continuei a frequentar a igreja católica. Sempre
admirei meu padre, seu caráter, seu modo de ser e suas atitudes.
Depois da missa eu ficava conversando com ele. Gostava de
jantar com ele. Nós mesmos preparávamos o jantar. Ele era muito
bom. Se alguém ligasse para ele de madrugada pedindo oração ele
ia, nenhum outro padre fazia isto. Sempre me confessei com ele,
quase nunca com outros padres. Um homem de fé e de caridade.
Capitulo XXXV
Existem pessoas que só nos causam dor e sofrimento.
Infelizmente eu conheci uma dessas. Conheci uma moça que me
fez sofrer muito. Ela tinha medo de se apaixonar e eu me
apaixonei muito rápido. Sou pegajoso, sou chato, mas, faço tudo
por quem amo. Eu não tinha capacidade para manter um
relacionamento. Fui muito ansioso. Comprei aliança, ela me
devolveu. É difícil entender o outro. Não dei o tempo certo para
ela gostar de mim. Fui infantil. Foram quatro encontros no ultimo
ela não queria mais me ver. Chorei como criança. Ela gostava de
balada, eu sou um homem mais reservado. Raramente bebo em
um bar com os amigos. Eu não entendi por que ela terminou.
Liguei muitas vezes para ela. Ela parecia gostar de mim. Fui a
casa dela sem avisar. Perturbei até no trabalho. Eu estava louco.
Um amor imenso e descontrolado. Um besta. Às vezes eu ia ao
shopping e ficava procurando por ela. Olhando para as pessoas.
Na estação do metro ficava observando se ela ia desembarcar.
Não conseguia esquece-la. Um amor platônico. Não conseguia
trabalhar. Entrei em depressão profunda. Fui rejeitado por quem
eu confiava. Eu deveria ser um lixo. Criado dentro de uma igreja.
Um homem que não sabe beijar, sem ter muita ação. Um idiota,
um retardo mental. O mundo é dos espertos. Ela me trocou por
um cara que conheceu na balada. Estava destruído, arrasado. Ela
falou que eu era bobo, que eu não era normal. Falei todos os
palavrões para ela. Para mim ela era uma vadia. Demora a gente
aceitar que uma pessoa não gosta da gente. Ela nunca gostou de
mim. Mesmo com presentes e chocolate. Eu não significava nada
para ela. Isso dói, dói muito. Numa ultima vez em que estive em
sua casa comprei sorvete e deixei na geladeira. Quando ela
chegou, eu a abracei e disse: - comprei sorvete do sabor que você
gosta está na geladeira. Ela respondeu: - eu não acredito que você
está aqui na minha casa, não tem o que fazer? Tem pessoas que
nunca foram amadas e quando são se acham as poderosas. Graças
a Jesus Cristo, meu Senhor, fui liberto daquela desgraça.
Capitulo XXXVI
Certa ocasião eu me interessei por investimentos. Sempre tive
curiosidades para saber como funcionava uma bolsa de valores.
Comprei uma coleção de livros sobre o assunto. Pensava em ser
agente autônomo de investimentos. Fui conhecer a bolsa de
valores de São Paulo. Lá conheci um homem que era agente
autônomo de investimentos. Conversando falei sobre meus
projetos. Contei a ele que gostava de escrever e tinha projetos de
engenharia e eletrônica. Ele se interessou. Levei cópia de todos os
projetos para ele negociar. O que ele conseguisse vender 10%
seria dele, de todos os projetos e livros. Meus projetos foram
negociados com empresas dos Estados Unidos e da Alemanha.
Tornei-me rico. Um homem famoso. Meus poemas e contos
foram publicados no mundo inteiro. Foram adaptados para o
cinema e televisão. Durante toda minha vida eu esperei por esse
momento. Demorou anos para que os projetos fossem negociados,
burocracia com a lei das patentes. Valeu a pena esperar. Quando
você acredita em Deus e é honesto por mais que demore tudo dá
certo. Acredite nos seus sonhos. Lute. Jesus disse: no mundo
passais por aflições, mas, tende bom animo, eu venci o mundo.
Temos de vencer as dificuldades da vida como Jesus venceu.
Tudo é para nosso desenvolvimento, sabemos que todas as coisas
cooperam para o bem daqueles que amam a Deus. Casei e tenho
dois filhos, uma família feliz. A vitória é certa, é só acreditar.
FIM
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Comedians
Pastor de igreja
Pastor: você vagabundo, vagabunda, desgraçado, desgraçada,
filho da puta ou filha da puta. Venha para nossa igreja. Veja os
testemunhos.
Vadia: meu nome é vadia, eu era uma filha da puta, mas agora sou
filha de Deus. Eu não tinha porra nenhuma, trabalhava como
operadora de telemarketing, ligava pra casa dos outros enchendo
o saco. Eu era uma vagabunda. Depois que eu conheci a igreja
Picaretas de Jesus, tenho três carros, quatro casas e um
helicóptero. Agora eu sou foda, graças a Deus.
Pastor: deixe você também de ser um filho da puta e passe a ser
filho de Deus.
Cena. Um homem de terno e gravata entra olhando para os lados,
pega jarros de flores, que estão sobre a mesa, colocas nos bolsos
do paletó. Rouba até a toalha da mesa e sai na ponta dos pés.
Policia
Dois guardas andam na rua e abordam um individuo. Policia 01:
E esse celular ai, você tem nota fiscal? Homem: faz tempo que
comprei, já joguei fora. Policia 02: isso é papo de vagabundo, seu
bandido. Homem: eu sou trabalhador. Policia 01: alguém pediu
sua carteira de trabalho? Você acha que eu sou de alguma agencia
de emprego. Eu quero a nota fiscal do celular. Eles tomam o
celular da mão do homem e perguntam, tem credito? Homem:
não. Policia 02: então vai apanhar, a gente quer um celular com
credito.
A missa
Um homem chega senta-se no banco, um garotinho começa a
olhar fixamente para ele. Ele sorri, meio sem graça, mas a criança
continua olhando. Ele abaixa a cabeça, se esconde e a criança
continua olhando e tira uma bexiga do bolso enche e estoura e o
garoto chora. Começa a tocar a musica na igreja e todos se
levantam. O homem tira um violãozinho do bolso, começa a tocar
junto. Guarda faz o sinal da cruz. O padre começa a missa, vem a
leitura, de repente, outro home começa a cantar Tim Maia azul da
cor do mar. Os irmãos o colocam pra fora da igreja. A missa
continua, uma criança começa a correr no meio da igreja, pra lá e
pra cá. A mãe finge que não vê o padre grita: afaste-se de mim as
criancinhas. O homem que estava cantado Tim Maia surge no
altar e canta azul da cor mar e todos começam a cantar.
Propaganda
Venha conhecer a nova balada da cidade, Baloka, a balada da
maloca. Curta suas noites muito louco. Aqui você pode beber,
fumar do convencional ao exótico. Aqui você pode se prostituir e
dar uns tiros, menos dançar e se divertir. Baloka, é a balada do
maloqueiro e do maconheiro. Pra que fingir quando o nariz está
escorrendo? Venha pra Baloka, a balada da maloca.
Propaganda
Vinho cantinha do nóia, são dois litros por um real. Feito com
cachaça e suco de 15 centavos, colorido artificialmente. É um
vinho para quem tem estilo de vida, estilo de cachaceiro, puxador
de fumo, de pedra ou aspirador de pó. Fique doidão das ideias
com uma única dose. Cantinha do nóia, uva só no desenho.
Propaganda
Chegou aspirator, o melhor aspirador de pó. De dentro de uma
caixa sai um maloqueiro, com cara de viciado. Ele aspira todo o
pó. Aspirator é fabricado na Bolívia, seu nariz suporta toneladas
de pó sem problema de overdose. Aspirator, aspire essa
tecnologia.
Globo report
Apresentador: Sergio Chaplin, com sotaque americano. Vamos
contar a historia de José Manuel, conhecido como Zé Mané. Zé
Mané era um perdedor, fracassado. Ele trabalhava como operador
de telemarketing e ganhava 500 reals por mês. Ele era um son of a
bitch. Namorava uma vaca, que também era operadora de
telemarketing e o traía com seu supervisor. O pouco que ganhava
jogava na loteria e sempre perdia tudo. Um dia esse desgraciado,
conseguiu visto para os Estados Unidos. Lá ele foi trabalhar como
operador de telemarketing, ganha 499 dollars por mês largou a
macumba e passou para o protestantismo norte-americano. Casouse
com uma mexicana chamada Mercedes Dolores. Mudou de
vida, melhorou o Brazil, levando a pobreza para os Estados
Unidos de América de norte. Obrigado. No próximo programa,
vacas fazem greve de leite e ovelhas não querem dar a lã e você
vai ver também pomba gira fica tonta de tanto girar o rabo. See
you, good-bye. O apresentador vai saindo do estúdio, para, de
costas levanta a perna direita e solta um pum. Fim.
Reportagem: vagabundo é pego no flagra furtando Bike
Boa noite, o nosso repórter traz as informações. Repórter: isso
mesmo, estou aqui na delegacia, onde um malaco foi pego
furtando uma bike. Você roubou uma bike? Vagabundo: não
senhor, fui eu não sei senhor, sei não senhor, eu não tava lá não
senhor, não foi o senhor? Repórter: cala a boca vadio. Porque
você roubou aquela bike? Vagabundo: eu peguei emprestado
senhor, eu vi na televisão que pedala faz bem pra saúde senhor.
Eu queria pedala um pouco senhor. Entendeu senhor? Repórter:
mas essa bike é cor de rosa: vagabundo: eu não tenho preconceito
senhor. Respeito a diversidade senhor. Por senhor, fui eu não
senhor. Me deixa ir senhor. Repórter: pode ir pedalar faz bem, seu
viadinho. O cara sai da delegacia pedalando uma pequena
bicicleta cor de rosa.
Reportagem. Os caminhos da vadiagem
Apresentador: hoje você vai descobrir, como criar um vagabundo.
Repórter: a psicóloga sabe porra nenhuma diz que os pais devem
mimar seus filhos. Psicóloga: precisa fazer tudo que a criança
pede, é simples. Você também pode incentivar o vagabundo
dando dinheiro a ele. Repórter: Suzaninha é uma vadia. Recebeu
tudo de mãos beijada. Os pais sempre deram tudo que ela quis.
Ela matou o pai e mãe quanto eles se recusaram a dar dinheiro pra
ela comprar um saquinho de geladinho (mostrar uma camisinha) e
um cigarrinho do capeta (mostrar um cigarro de maconha).
Menina Suzanne: É, eu sempre fui um vagabunda. O velho não
quis descola uma verba pro fumo nosso de cada dia eu matei, sabe
como é, né? Ela começa a rir. No lado oposto vivem filhos que
tem pais durões. João sargentão, é um deles: João: nunca dei
moleza pra vagabundo. Comigo é porrada. Nota baixa na escola,
porrada, chegar tarde em casa, porrada. Ficar com viadagem,
porrada. Filho do João: pai me dá dinheiro pra comprar algodão
doce? João: fala como homem desgraçado, filho da puta. Filho
meu não come algodão doce, seu trouxa. Toma uma grana pra
você dar uns tiros. Apresentador: amanhã você vai aprender como
fumar unzinho sem queimar os dedos. Boa noite.
Propaganda – escola infantil Eva Braun
Para que seu filho tenha uma disciplina rigorosa, colocar o
trombadinha nos eixos. A professora Eva, fundadora da escola nos
dá uma aula demonstrativa. Eva: Calem a boca seus judeus
malditos. Com um chicote nas mãos. Pedro, quem descobriu o
Alemanha? Pedro: Cesar. Eva: Porra nenhuma filho de uma puta,
da uma chicotada na criança. Mais uma pergunta Pedro quem
fundou o terceiro reich? Pedro: Zagallo. Eva saca um revolver e
dois tiro pra cima. Eva: você vai ficar na detenção tá, na câmara
de gás. O diretor da escola é Adolfo, chamado carinhosamente
pelos alunos de führer da puta. A escola é cercada por arames
farpados e muros altos. Tem campo de concentração e de futebol
com minas terrestres. Localizada no bairro filhos da Prússia.
Escola infantil Eva Braun. Aqui e agora. Não de moleza pra
vagabundo.
Propaganda- alarme Papagaio louro Jose
Na vida moderna todos precisamos de alarmes sofisticados
papagaio é ideal pra você. Papagaio avisa quando seu carro está
sendo roubado: Pega neguinho roubando a caranga! Quando sua
mulher está te traindo: Corno, corno. Ele avisa no ato: pega
neguinho comendo a mulher dos outros! avisa onde está o
Ricardão: no armário, no armário! Embaixo da cama, embaixo da
cama. (marido com revolver na mão). Papagaio atende ao
telefone: enche o saco não caralho! Produzido nos Estados Unidos
com papagaios roubados da Amazônia brasileira. Papagaio alarm
system.
Propaganda condomínio “de pobre eu quero distancia”
Venha mora com luxo e requinte no “condomínio de pobre eu
quero distancia” se você não aguenta mais funkeiros, mendigos e
maloqueiros de todo tipo venha pra cá. Localizado em lugar
arborizado e foda. Nosso condomínio é pra boy. Venha pra cá ou
vá pra puta que te pariu.
Autor: Davy Almeida
Produção: Davy
Coordenação: Almeida
Direção geral: Davy Almeida