AMOR POR UMA SEREIA
Microconto
Duas doses foram o suficiente para que eu pudesse imaginar que curtir uma praia seria o ideal naquele momento. De fato, lá vou eu com a garrafa debaixo do braço com alguns petiscos em uma das mãos. Praia vazia, sol perto de se por e eu degustando o meu whisky favorito. As nuvens brancas, o mar esverdeado e o céu azul me deixavam delirando, as cores me fazia volitar, momento em que uma bela mulher surgiu (não sei como) na minha frente arrastada pelas ondas que batiam em meus pés. Surpreso e até feliz me vi diante daquela imagem que se confundia com os meus delírios, agora mais extravagantes. Nem prestei atenção a um detalhe importante: ela não tinha pés, apenas uma cauda, porém isso não tirou o meu desejo de apreciá-la e de me envolver em seus braços.
A tarde avançou e entre uma dose e outra eu me perdia em devaneios junto àquele monumento em forma de mulher. Deitados na areia estávamos, aos beijos e abraços deliciosos, o que me deixava nas nuvens, literalmente e verdadeiramente também. Dava para perceber as gaivotas em vôos abaixo de nós e as ondas do mar se quebrando na areia onde eu via um casal em colóquio amoroso (ele até parecia comigo). Tudo era fantástico, jamais me deleitei tanto ao lado de uma formosura como essa que aqui me abraça com desejo demasiado.
O sol se escondeu no horizonte, sinal de que a noite não tardaria e de fato ela chegou e tudo escureceu. Me assustei quando me vi no fundo do mar, só que eu conseguia respirar naturalmente, o que me animou. Os abraços dela foram ficando mais intensos, até me sufocavam, momento em que decidi que teria de dar uma pausa naquele amor sufocante. Tudo começou a clarear de repente, enfim eu via o mar ainda no crepúsculo, o sol dava seu adeus por aquela tarde, para mim maravilhosa, no entanto o que me entristeceu foi o sumiço daquela mulher exuberante, apenas uma garrafa vazia estava na areia.