Vacas voadoras no jardim do eclipse infinito

Quase sempre sou transportado para um lugar.

Não sei explicar qualé.

Aqui é um jardim, eu acho, com cercas brancas circundando o perímetro.

Não há, ou não vi, nenhuma entrada, nenhuma saída.

Tem coelhos, tem pássaros, vi uma ou outra ovelha.

O céu é permanentemente escuro, com um grande anel dourado fixo no espaço.

Fonte de luz e calor.

Aqui, uma singularidade que me intriga, muito mais do que qualquer coisa, cada vez que chego,

Não há como não ver e não se admirar.

É estranho, é fascinante.

Neste pequeno espaço da minha loucura

As vacas voam.

Por que, ou como, as vacas voam, não sei explicar.

Quando cheguei aqui, elas já estavam lá.

Guiando-se de um lado para o outro,

Pastando das copas das árvores,

Dos arbustos que crescem nas nuvens turvas de uma chuva que nunca cai.

Que eu nunca vi cair.

Queria...

Ou não, saber o que acontece com este lugar.

Aqui, as vacas voam e o sol está sempre lá no alto, vestido de lua.

Não sei como venho aqui. Volta e meia, chego.

Por vezes, em sonho, desejo me lembrar o caminho.

Mas é tudo tão turvo e desnecessário saber.

Aqui, as vacas voam e o Sol está lá, lindo, vestido de lua.

Luiz RRosa
Enviado por Luiz RRosa em 27/12/2023
Código do texto: T7963071
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