Vacas voadoras no jardim do eclipse infinito
Quase sempre sou transportado para um lugar.
Não sei explicar qualé.
Aqui é um jardim, eu acho, com cercas brancas circundando o perímetro.
Não há, ou não vi, nenhuma entrada, nenhuma saída.
Tem coelhos, tem pássaros, vi uma ou outra ovelha.
O céu é permanentemente escuro, com um grande anel dourado fixo no espaço.
Fonte de luz e calor.
Aqui, uma singularidade que me intriga, muito mais do que qualquer coisa, cada vez que chego,
Não há como não ver e não se admirar.
É estranho, é fascinante.
Neste pequeno espaço da minha loucura
As vacas voam.
Por que, ou como, as vacas voam, não sei explicar.
Quando cheguei aqui, elas já estavam lá.
Guiando-se de um lado para o outro,
Pastando das copas das árvores,
Dos arbustos que crescem nas nuvens turvas de uma chuva que nunca cai.
Que eu nunca vi cair.
Queria...
Ou não, saber o que acontece com este lugar.
Aqui, as vacas voam e o sol está sempre lá no alto, vestido de lua.
Não sei como venho aqui. Volta e meia, chego.
Por vezes, em sonho, desejo me lembrar o caminho.
Mas é tudo tão turvo e desnecessário saber.
Aqui, as vacas voam e o Sol está lá, lindo, vestido de lua.