O NATAL DE LUAN, O MENINO POBRE DA PERIFERIA

Ele tinha apenas 11 anos, mas aparentava ter um pouquinho mais. Estudava numa escola pública do município e sonhava ser "gente" quando crescesse. Seu nome era Luan. Tinha dois irmãos mais velhos, um casal, com 14 e 13 anos, que catavam recicláveis para ajudar nas despesas do barraco alugado na periferia onde moravam com os pais.

Era noite de Natal, Luan estava catando latinhas e garrafas pet próximo a um shopping e seus irmãos estavam mais adiante quando um carro de luxo parou próximo a ele. Dele desceram uma senhora bem vestida e uma criança que aparentava ter a mesma idade de Luan, que ficou admirando essas pessoas e também o automóvel.

O menino pobre ficou tão absorto em pensamentos e quase não percebeu que uma vertigem o envolveu fazendo sua vista escurecer. Nesse momento ele se viu puxado pela senhora que o arrastou para dentro do carro. Lucas procurou o menino, talvez filho daquela mulher, porém não o viu mais. Teve a impressão de que fôra confundido com o garoto, mas a senhora o chamou de filho e mandou que entrasse imediatamente naquele luxuoso veículo. Contestou, mas de nada adiantou, quando viu já tinha embarcado e sendo abraçado pela "sua mãe" carinhosamente. Na sua simplicidade perguntou pelo outro menino e teve a seguinte resposta:

- Que menino? Aquele que estava catando latinhas? Ele se assustou com a gente e fugiu.

Luan não teve tempo de reclamar mais nada e percebeu que estava usando roupas novas e um belo par de sapatos, justamente o que estava no menino que vira desembarcar desse carro onde agora se encontrava. Achou tudo aquilo muito estranho, mas se deixou levar, estava achando interessante. Finalmente chegou numa bela mansão, entrou com "sua mãe" e viu uma bela mesa repleta de comidas gostosas. Sentiu fome, no entanto foi convidado para sentar-se e se servir do que quisesse. Não perdeu tempo, começou a degustar de tudo que estava ao seu alcance, bolo, salgadinhos, fatias de peru, pedaços de queijo do reino, uma infinidade de coisas que nem conhecia. Tomou suco e refrigerante, lembrando sempre dos irmãos sem saber onde estavam. Viu ali muita gente estranha mas que parecia conhecê-lo perfeitamente. Estava tão empaturrado de comida que começou a passar mal. Viu que algumas pessoas foram ao seu encontro e nesse momento aquela mesma vertigem se abateu sobre ele. Voltou a si alguns minutos depois sendo amparado pela senhora e o menino que perguntaram se ele estava bem. Luan não entendeu nada, apenas agradeceu pelo atendimento. A mulher foi até o carro e pegou um pacote que seria um presente e entregou a ele. O menino pobre pegou aquele presente, muito surpreso, abriu e viu que era um brinquedo caro, daqueles que ele nem em sonha possuiria. Ela trouxe depois mais dois pacotes e disse que eram para os seus irmãos, que já se aproximavam preocupados com ele. Ficaram felizes e agradeceram pelos presentes de Natal a gentil senhora que entrou no automóvel e foi embora.

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 22/12/2023
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