UM CONTO DE NATAL

(Inspirado em ALBERTO)

Se preciso flor

Ruas-(ei)

Solidão...

A beleza humana

O beija-flor

A natureza

Uma rede de amor...

A esperança

Uma prosa brincante

Uma cantiga de amor que bendiga

Ao poeta

Às coisas fugidias

Sorria e venha!

Como um rocio

Traga-me uma aldravia

Um poetrix

Um haicai

Estou te esperando por esses descaminhos

De solidão

Passagem de ano de ninguém

Traga a estrela cadente

Traga a luz

Abra-me!

Quero dormir com você falando-me de flores

De luz...

Traga-me de volta a inocência dos dias suaves

Das matinas rubras

Da rã na bromélia

Do sabiá no meu vilarejo

Dos meninos da rua, na lua...

Das manhãs de todos os setembros...

Traz esse amor secreto

Dos livros do campo

Dos poemas perdidos

Dos sinos partidos

Ainda há canto

Quando há semente

Ah, quem me dera

Ter a beleza das pedras

Mas estou assim tardiamente

Com um mosteiro de juncos

Um monge na janela

Vestida de serenamente

Essa vestimenta por onde caminha a poesia

Vazio das horas

Na janela e a observar esse bosque de cigarras

Escoa, escoa, escoa....

Um mantra canoro

Um pequeno poema

Sopra um poema na minha escrivaninha

Mas cadê inspiração?

O gato comeu

Como um alucinado zumbido

O poema faz desdém

Chove...

Ele diz coragem, não seja um cão covarde!

Brinque, brinque...

De Camões e Pessoa

De poesia brincante

De poemas largados

Na cadeira vazia

O vento é frio

Então brinque de ausências

De viagens

De saudades

De solar de cigarras

De ode ao jardineiro

De poemeto-solidão

De amores ausentes

Brinque com a tecnologia

Brinque de namoros online

Tira a geada

Finja que é outono

Traz um tanka

Já é mais um natal

Onde?

Nessa terra de pelados

Onde é natal?

Para o pequeno burguês?

A troca de papel

Os gritos das bolsas

Só o cri cri cri dos grilos nas mesas vazias

Onde é natal?

E o infante segue

Como uma aranha segurando por um fio

Está frio

É um pedaço real essa poesia

Pé frio

É frio

O nariz está gelado

O estomago a ver navios

Como um faroleiro diante do muro

A ver navios na borrasca

O pra sempre menino renuncia velas e velas

Vê em sonhos a fuga dos quatro reis

Da ninfa espantalha

Das memórias e rendição deste mundo

Que não acabou

Nesse castelo de areia

Olhos e olhos de enxergar

Morrer num poema colorido

Num umbral de espelhos

O epílogo é o meu pastor

Acorda menino!

Nossa bandeira ou nossa mortalha?

É só mais um conto real de natal.

Serpente Angel
Enviado por Serpente Angel em 19/12/2023
Reeditado em 19/12/2023
Código do texto: T7957117
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