Abrigo

Haviam muitas pedras naquele caminho... a estrada não contava com transeuntes para guiar ninguém, apenas uma teimosa poeira que se levantava com a passagem dos ventos... tudo era minuciosamente apavorante e ao mesmo tempo calmo... bifurcações ao longo da estrada para permear a dúvida... e duvidar de algo, só traria mais incertezas; no entanto, intrépida ela saiu a desbravar... com o medo a lhe rodear, contando apenas com sua velha intuição, amiga de longas datas que precisamente só àquela altura ganhou destaque para palpitar. Caminhou longínquo percurso até perceber que saía sempre no mesmo lugar... estaria em um labirinto?... pensou...sem obter respostas... o que a obrigava a buscar mais força e coragem para sobressair ao que parecia querer desnortear. Tentou mais uma vez, dessa vez precisou silenciar toda e qualquer distr(ação ). Essa ação foi a mais certeira; ao longe, mas não mais tão longe assim, avistou um abrigo, solitário, porém, indubitavelmente confiável... desabrigado e desordenado estava aquele lugar... incansavelmente, tratou de torná-lo um lugar, o seu lugar... dele jorrava tinta fresca em tom escarlate... amorosamente nele habitou, fez ali sua morada. Agora estava segura ouvindo em altos decibéis, uma canção que ela já conhecia... mas tocava baixinho e quase que despercebida... ouviu -se!... de súbito sentiu todo seu pêlo eriçar... foi tomada por grande emoção... aninhou em seu próprio cor(ação). Tudo agora fazia mais sentido, em trégua formidável com sua rebeldia inata, sentiu -se acolhida pela primeira vez... tudo estava em paz... ela mesma pacificou-se.

Fênix Arte
Enviado por Fênix Arte em 15/10/2023
Reeditado em 15/10/2023
Código do texto: T7909024
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