A Liga dos Super-Heróis Inúteis
Todo mundo sonha com superpoderes. Todo mundo queria voar, ter telecinese, ler mentes, tacar uma bola de fogo, não é verdade? Porém, nem todo mundo que tem superpoderes gosta disso. Às vezes porque os grandes poderes trazem maiores responsabilidades, como diria um tio de um super-herói que não podemos citar o nome por direito autoral, às vezes porque os superpoderes são apenas inúteis mesmo.
E não é que o superpoder seja inútil apenas para combater o mal não. Às vezes o superpoder só é inútil para tudo mesmo.
Conheceremos a história de quatro pessoas que se encaixam exatamente nesse quesito: superpoderes completamente inúteis.
Pedro é um rapaz de 22 anos, que tem a peculiaridade de ser completamente desligado da vida. Seu “grande” superpoder é cuspir um xerox de toda folha que toca com as mãos.
Pelo menos, são folhas impressas apenas. Ou teria dificuldades ao ir ao banheiro. Descoberto seu “talento” na rua, hoje trabalha em uma empresa de xerox – e ganha todos os prêmios de Funcionário do Ano desde então.
Leandro é um rato de academia de 25 anos, que também é Professor de Matemática na escola pública e que toca as campainhas de onde passa perto. Ou seja, ele permanece na 5ª série ainda que não queira. Na verdade, seu maior superpoder é aguentar os alunos sem surtar.
Laura é uma moça de 23 anos que é uma nerd que, de tanto mexer em computador, resolveu trabalhar como desenvolvedora de software. O seu superpoder é pintar o chão de um grande círculo amarelo. Já ofereceram a ela para trabalhar como sinalizadora de ônibus e carretas, por exemplo, mas ela recusou porque tinha que ficar em pé o dia todo.
Por fim, Guilherme é um rapaz magro e esguio, que trabalha todo engravatado dentro de uma sala fechada de RH e seu superpoder é reiniciar o dia toda vez que é assassinado. E, no caso, só ele e o assassino lembram do ocorrido. Mas só quando é assassinado. Seu pai tinha o mesmo poder e se matou num dia. Nunca mais retornou.
Não é um poder tão inútil assim. Ele próprio não pode utilizar do poder, mas alguém que sabe pode servir como assassino para reiniciar o dia toda vez que “der ruim” para ele. Até aí é tranquilo. O problema que alguém ficou sabendo e a história dele viralizou. Passou até no programa de domingo à noite na TV aberta. Agora, todo mundo sabe do superpoder e o rapaz é literalmente caçado nas ruas por alguém que fez merda e se arrependeu. Por isso, precisa trabalhar em uma sala a portas fechadas.
Era um Carnaval qualquer e havia um bloco na rua da cidade onde os quatro moravam. O evento carnavalesco tinha sua concentração no alto de um morro e o desfile descia pelas pedras do local histórico.
Pedro, Leandro e Guilherme estavam no bloco. Os dois primeiros estavam sem qualquer fantasia, curtindo normalmente o evento. Enquanto isso, Guilherme estava fantasiado com o rosto tampado, exatamente para não ter que repetir aquele dia exaustivo.
Estavam todos atrás do carro de som, curtindo o bloco e descendo junto da multidão. De repente, para surpresa de todos, ouve-se os freios do carro serem apertados com toda força e, mesmo assim, o veículo descer.
No microfone, o puxador ainda gritou:
- Segura esse carro aí, José! Pisa no freio!
O motorista colocou a cabeça para fora e respondeu, aos gritos:
- Eu estou tentando, Juracir! Não tô consegui...
Mas o motorista nem conseguiu terminar de falar a frase. O carro desceu à toda velocidade, sem freio qualquer. O puxador e os músicos saíram em um só pulo da frente do veículo. O povo que estava à frente no bloco também tentaram sair da frente, mas alguns acabaram atropelados.
O carro só parou quando chegou em uma reta após a descida. Os músicos e o puxador, alguns policiais militares, socorristas, frequentadores do bloco – e, claro, os fofoqueiros Pedro e Leandro – desceram atrás para verificarem o que tinha acontecido e se o motorista está bem.
Quando chegaram ao local, o motorista estava do lado de fora do carro, sentado no chão.
- O que aconteceu, José? Você está bem? – perguntou um preocupado José
- Eu estou, Juracir! Mas tem gente que foi atropelada! Comigo foi só um susto!
- Mas o que aconteceu, José? Por que não freou?
- Não sei, Juracir! De repente, o caminhão foi ficando mais pesado, mais pesado. Do nada! Quando fui ver, o freio não aguentou mais!
A frase do motorista chamou a atenção de Pedro e Leonardo. Subiram de volta o morro e encontraram Guilherme sentado na praça da concentração do bloco.
- Por que não desceu para ver o que aconteceu? – perguntou Pedro
- Pra quê? Pra me matarem e o dia reiniciar?
- É uma boa opção! Pelo menos vamos salvar algumas vidas!
Guilherme o olhou torto.
- Ninguém morreu! Foi só uns machucados! Essa parte eu vi! – o rapaz deu uma pausa – E vocês descobriram alguma coisa lá embaixo?
- O motorista falou que o carro ficou pesado de repente!
Guilherme arqueou as sobrancelhas, surpreso.
- Será que temos mais alguém com superpoderes além da gente?
- Tomara que não! – disse Leonardo – Seria humilhante demais alguém com superpoder bom, enquanto a gente só tem superpoder de merda!
Pedro gargalhou.
- Nossa, essa pessoa está muito ferrada!
- Ele está falando da gente, Pedro! – disse Guilherme. O brilho do amigo desapareceu.
Ah, tá...
- E o que faremos? – perguntou Leonardo
- Ir embora pra casa, já que o bloco acabou? – perguntou Guilherme, com sua sinceridade contumaz
- Nossa, e as pessoas feridas? O que faremos com elas?
- Nada, já que ninguém aqui é médico?
- Ok. Me convenceu! Vamos embora!
No dia seguinte, logo pela manhã, Laura mexia na internet quando viu notícias a respeito do acidente no bloco do dia anterior, que virou manchete no país todo. Peritos da Polícia Civil tinham analisado o veículo e alegaram que o mesmo, de fato, se tornou mais pesado de repente – mas não sabia o motivo.
Laura mandou mensagem a Guilherme, Pedro e Leandro, no grupo intitulado “Super-Heróis Inúteis”:
“Venham à minha casa imediatamente”
- E por que você não vem aqui? Você mora longe demais! – respondeu Guilherme
- Mais fácil eu aprender a lançar raios! – disse Laura
Guilherme mandou emoji retorcendo os olhos.
Aos poucos, com pouco menos de uma hora depois da mensagem, o trio foi chegando à casa de Laura. Primeiro, chegou Guilherme de Uber. Ele morre de medo de ir de ônibus e ser reconhecido. Depois, chegou Pedro.
- Leandro está demorando! – disse Pedro, cerca de dez minutos depois de chegar
Repentinamente, eis que algumas campainhas começam a tocar, uma seguida da outra.
- Acho que ele está chegando! – disse Laura
De repente, a campainha da casa de Laura tocou.
- Não falei?
- O que você quer, Laura? – perguntou Leandro. Todos os quatro estavam no quarto da garota – Aconteceu alguma coisa?
- Vejam essa notícia!
Laura exibiu aos amigos o vídeo da notícia que havia assistido. Ao final da exibição, Guilherme comentou:
- Isso só pode ser alguém igual a nós!
- Melhor, no caso! – disse Laura – Mas sim, é alguém igual a nós!
- Nós teremos que detê-lo! – disse Leandro
- Como, Leandro? – perguntou Guilherme
- Com o cérebro!
- A pessoa provavelmente possui o poder de aumentar o peso de alguma coisa! Se isso for verdade, precisamos de muito plano para pegá-lo. Ou pegá-la, sei lá. Não sei porque presumimos que seja homem!
- Porque vocês são machistas e acham que mulheres não podem ser vilãs também! – disse Laura
Guilherme olhou torto.
- A gente veio literalmente atravessou a cidade de ônibus lotado só porque você pediu!
Laura mostrou o dedo do meio para ele.
- Gente! Foco! – disse Leandro – Precisamos pensar em alguma coisa!
- Já procurou alguma coisa na internet sobre isso ou ataques anteriores? – perguntou Guilherme
- Não encontrei nada a respeito!
- E você, Pedro, não vai falar nada? Não tem nenhum plano? – perguntou Laura
- Eu ainda não entendi de quem estamos falando!
Os três levam a mão ao rosto.
Guilherme respirara fundo e explicara resumidamente a história para Pedro.
- Ah, agora eu entendi!
- Ufa! – soltaram os amigos – Agora podemos continuar no nosso plano? – perguntou Laura
- Mas por que precisamos impedir essa pessoa? – perguntou Pedro
- Por que ele pode atacar de novo?
- Mas ele ainda não matou ninguém. Às vezes não é tão perigoso assim.
Guilherme, Laura e Leandro olharam estranho a ele.
- Ainda bem que você não trabalha na segurança pública. – disse Guilherme
- Não entendi.
- Sabemos.
- E como faremos, pessoal?
- Gente, não é por nada não, mas preciso ir. Pego no emprego em meia hora. – disse Pedro, apoiando a mão em uma bagunça em cima de uma mesa lateral, enquanto se levantava
- Pedro, não põe a mão aí não. Tá cheio de papel! – disse Laura
Assustado, Pedro olhou para sua mão apoiada. Tocava em vários papéis!
- Merda! – soltou
- Vixe... – soltaram os demais, tampando o rosto
Em segundos, Pedro começou a expelir pela boca vários papéis impressos, levemente babados, emitindo sons de vômito, enquanto seus amigos se contorciam de asco.
- Tá tudo bem! – disse Pedro, enquanto Laura lhe oferecia um pano – Faço isso todo dia!
- Cara, e fica igualzinho mesmo! – disse Guilherme, maravilhado, erguendo à luz alguns papéis vomitados pelo amigo – Impressionante!
- Você reinicia o dia! Está falando do quê? – disse o rapaz, enquanto limpava a boca
- Isso é mesmo! Seu poder é o único que não é inútil aqui, Guilherme! – disse Leandro
Guilherme deu de ombros.
- Para mim, é! Eu mesmo nunca posso usar! Serve só para os outros ficar me matando toda hora!
- Isso faz sentido! – disse Laura
- E mudando para o que realmente importa. Como faremos para parar essa pessoa?
- Pois então! – disse a garota, chamando a atenção dos amigos para si – Eu acredito que hoje terá um novo ataque. Com certeza vai
- Laura... hoje são 3 blocos! – disse Leonardo
- Vamos ter que nos separar! E ficamos nos comunicando pelo grupo!
- E o que vamos procurar?
- Alguém estranho, diferente.
- É Carnaval. – disse Guilherme – É onde mais tem gente estranha e diferente na rua...
Laura e Leandro riram.
- Algo incomum então!
- Só uma dúvida – disse Pedro
- Fala! – disse Laura
- Somos em 4 pessoas! Como faremos para nos dividir?
- Alguém ficará acompanhado! – respondeu a garota, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo
- Ahhhhh...
- Como que você chegou à vida adulta sozinho? – perguntou Laura, mais para si mesma que para os outros
- E quem ficará acompanhado? – ele perguntou
Laura sorriu.
Leandro estava em um bloco em uma praça perto de um córrego canalizado. Laura estava em um segundo bloco, em uma praça histórica com uma igreja barroca ao fundo. Guilherme e Pedro estavam no alto de um morro, na parte asfaltada da cidade, vigiando o terceiro bloco da noite.
- Não entendi porque nós ficamos acompanhados! – disse Pedro
- Não me surpreende... – respondeu o amigo
- A Laura tem medo de você ficar sozinho?
Guilherme se irritou.
- Óbvio que não, né? É porque você é o avoado!
Os blocos ocorriam sem nada de anormal. O grupo até bebia uma cerveja ou uma água e dançavam as músicas, enquanto se infiltravam na multidão e prestavam atenção em algo fora do comum. Encontravam-se sempre perto do carro de som e olhavam para tudo e todos que achavam que era diferente do padrão.
De repente, eis que a dupla começou a perceber que o veículo também começou a ter dificuldades para frear.
- Estão atacando novamente! – disse Pedro, surpreso. Pegou o celular e enviou mensagem no grupo
- Eu sabia que seria aqui! – disse Guilherme. Olhou em todas as direções. Percebeu um homem de capa preta, com capuz tampando o rosto, botas, com a mão direita portando anéis aberta, apontada em direção ao carro de som – Achei! – gritou, apontando em direção à pessoa
Em seguida, o homem saiu correndo.
- Vamos! Rápido! – gritou Guilherme. Pedro o seguiu
- Como você sabia que o ataque seria aqui?
- Porque ele aumenta o peso das coisas! Só a Laura mesmo que achou que seria prudente dividirmos o grupo!
- Não entendi!
Guilherme revira os olhos.
- O único jeito do carro fazer algum estranho aumentando de peso é na descida. – Guilherme fez uma pausa – Gravidade!
- Ahhhhh, verdade...
Guilherme meneou negativamente a cabeça.
- Deve ser horrível ter um poder e um cérebro inúteis, hein?
- Oi?
- Nada!
- Ali! – o rapaz gritou. Chegou ao alto do morro. O homem estranho estava ali, parado, de costas, como se estivesse lhes esperando.
- Sabia que vocês estavam me seguindo! – disse o homem, virando-se de frente. Era um jovem de pele clara, sobrancelha feita, um corte perto do olho direito, olhos pretos e barba feita.
- Deve ser porque só a gente veio na sua direção. Está todo mundo indo pra lá! – disse Guilherme, apontando em direção à descida
- Você é bem engraçado, hein?
- Disse o cara que está aumentando o peso de tudo para tentar matar alguém!
- Veja que descobriram meu poder!
Guilherme fez sinal corporal de vitória.
- E quem é você? – perguntou Pedro. Parecia nitidamente com raiva
- Podem me chamar de Spectux!
- Espetus? – perguntou Pedro
- Spectux! – repetiu Guilherme
- Ah! – disse o rapaz – Me chamo Pedro!
- Ah, tá... – disse Spectux – Ok, Pedro!
- E ele é o Guilherme! Fala oi pra ele, Guilherme!
- Pedro...
- Oi?
- Menos. Por favor. Bem menos! – o amigo se silenciou - E por que você está atacando os blocos? O que você quer? – o ar arrogante de Guilherme logo deu lugar à raiva
Spectux deu de ombros.
- Um pouco de caos não mata ninguém!
- Você é daquele grupo da internet que odeia Carnaval?
- Que grupo? – Spectux perguntou, realmente surpreso
Guilherme tampou a boca do amigo, enquanto ele respondia, sem, contudo, terminar a frase.
- Sério! Fica um minuto em silêncio, por favor! – o rapaz virou de frente para o inimigo – Pronto. Onde estávamos?
O vilão tenta argumentar alguma coisa, mas estava tão incrédulo que não conseguiu formular nada.
- Só deixa quieto! – disse Guilherme – Só deixa quieto!
- E o que vocês acham que vão conseguir fazer contra mim?
- Infelizmente, vamos ter que ser uma pedra no seu sapato!
Spectux riu.
- Posso saber como?
- Nós também temos superpoderes! – disse Pedro, surpreendendo Guilherme. O amigo virou furioso para trás.
- Eu não disse para você ficar quieto?
- Foi só um minuto que você pediu! – argumentou o rapaz
Spectux riu.
- Agora ficou interessado. Posso saber que tais superpoderes são esses?
- É claro! Eu... – dizia Pedro, quando foi interrompido por Guilherme
- Eu juro que eu te mato se você der mais um pio!
A frase do rapaz, contudo, acabou por chamar a atenção do vilão.
- O rapaz não quer deixar que o amigo me conta? É tão ruim assim o poder? – disse, em tom de ironia
- Pois é, cara. É complicado. Eu impr... – dizia Pedro, quando teve a boca tampada pela mão feroz de Guilherme pela segunda vez
- Fica quieto! Você não consegue guardar um segredo para você!
De repente, a mão de Guilherme desceu, pendendo sobre o corpo do mesmo.
“O quê?”, pensou o rapaz, incrédulo. Virou-se para Spectux. O mesmo estava com a mão direita esticada em sua direção.
- Deixe-o falar!
O silêncio reinou no ambiente.
- Fale, amigo! – disse Spectux; porém, sem sucesso. Guilherme percebeu algo perto de si e fitou. Eram as pernas de Pedro que balançavam tanto que mal conseguia parar em pé
- Acho que ele não está conseguindo nem parar em pé! – disse, apontando com a mão afetada, mexendo-a com dificuldade
- Vocês me dão asco! – disse o vilão – São duas formigas chatas no meu caminho!
Naquele momento, ecoou o grito de Laura, chamando pelos amigos. Ela e Leandro chegou no alto do morro, esbaforidos, às pressas.
- Ou melhor, quatro! – disse Spectux
- Quem é esse? – perguntou Laura, ao fitar o vilão à frente dos amigos
- Aquele que está atacando os carros de som! – explicou Guilherme
- Certo! E o que faremos agora? – perguntou Leandro – Acho que não planejamos essa parte!
- Parar de me atrapalhar já é um bom caminho! – disse Spectux. Apontou a mão direita em direção a Leandro e este começou a cair, gesticulando como se algo pesasse sobre seu tórax e pescoço, enquanto parecia engasgado
“Merda! Não pensei por este lado”, pensou Guilherme, surpreso
Laura saiu correndo na direção oposta. Fechou os olhos e fez um “X” com os braços, cerrando os pulsos à sua frente. Ao distanciar os membros, um círculo amarelo de pouco mais de três metros de diâmetro apareceu sob seu pé.
O fato chamou a atenção de Spectux que, sem perceber, acabou por parar de lançar seu poder no inimigo. Leandro caiu de joelhos no chão, ofegante.
- Pedro! – cochichou Guilherme. Chamou a atenção do amigo para si – Sua vez! Tenta socá-lo!
- Pode deixar! – disse Pedro. Saiu correndo em direção ao inimigo para socá-lo. Enquanto isso, Guilherme correu na direção contrária, chegando a um terceiro ponto enquanto Laura e Pedro
Pedro tentou socar Spectux, mas este desviou, segurou seu braço e começou a torcê-lo para trás.
- Precisamos fazer alguma coisa! – disse Pedro
- Guilherme! – gritou Laura – Seu capuz caiu!
O fato chamou a atenção de Guilherme. De fato, o capuz do rapaz saiu da sua cabeça, deixando seu rosto descoberto. Rapidamente, o rapaz cobriu.
Ninguém percebeu, mas alguém falou alguma coisa uma janela de uma casa que rodeava o local e, em seguida, a fechou com pressa.
Guilherme pegou um pedaço de pedra do calçamento da cidade e jogou na direção da têmpora de Spectux. O vilão novamente desviou, mas acabou por soltar Pedro. Este, livre, desferiu um chute no rosto de Spectux.
Enquanto limpava o sangue, Spectux disse:
- Ratinhos miseráveis! – deu uma pausa. Esticou os dois braços para frente, apontando o esquerdo para Pedro e o direito, para o ponto onde estavam Laura e Guilherme – Vamos ver quanto tempo vocês aguentam sem respi... – porém, o vilão foi cortado por dois tiros que ecoaram no ar
De tão repentino os tiros que Laura, Pedro e até mesmo Spectux se assustaram, a ponto do vilão recolher os braços em proteção. O grupo fitou um homem se aproximando com arma em punho e, do outro, Guilherme caído no chão, com o tórax inundado em sangue.
- Nãããããããoooo! – gritaram Laura e Pedro, desesperados
- Sabia que era ele. Estava olhando o tempo todo para ver se era ele. Era Guilherme pra cá, Guilherme pra lá, mas sem o capuz eu consegui reconhecer. Agora é corrigir as merdas que eu fiz...
Segundos depois, Guilherme acordou em sua cama em um só pulo. Era noite e estava tudo escuro.
- Ô merda! – se deixou deitar novamente – Ainda bem que hoje é feriado!
Tão logo todos estavam presentes no quarto de Laura, antes de iniciar a reunião, Guilherme falou:
- Antes de tudo, precisamos de um plano para derrotar o vilão, que se chama Spectux e dobra o peso das coisas, inclusive dos nossos órgãos, uma fantasia como disfarce e um apelido! Urgente!