Lâmpada no Fim do Túnel
Ele estava na escuridão. Era possível ver duas luzes, cada uma em uma extremidade do longo túnel.
Uma luz parecia mais fraca que a outra. Ele optou por ir para a luz mais forte.
Foi caminhando, rápido e constante, mas parecia não chegar a lugar algum.
— Ai! - exclamou com dor: ele havia pisado num espinho que por pouco não varou seu pé.
Ele continuou, mancando, em direção à luz. Quanto mais andava mais frio sentia.
Embora com dor e com frio ele estava convencido de que estava saindo daquele maldito túnel.
O frio foi ficando mais intenso. Ele tremia a mandíbula e os braços freneticamente.
Ele olhou para trás e notou que a luz do lado oposto diminuiu. Achou suspeito, mas a forte luz no fim do túnel o atraía mais.
Continuou então mancando e com frio, num ritmo menor porém constante.
Quanto mais se aproximava mais estranho ficava: a luz não parecia corresponder com a de uma saída num dia ensolarado. A luz era pálida e pequena.
Embora achasse estranho ele continuou mancando... E mancando... E mancando... Até não aguentar mais e cair no chão.
A luz estava próxima e definitivamente não era a saída, mas ele achou ser algo importante.
Foi então se arrastando, gemendo de dor e batendo os dentes de frio. Ele sentia suas mãos enrijecerem e o pé machucado ensopando seu chinelo de sangue.
Quando finalmente chegou ao final ele encontrou algo que já esperava: uma lâmpada brilhando forte e atrapalhando sua visão.
Ele tentou desenroscar a lâmpada, mas não conseguia pois era muito quente. Pelo menos suas mãos poderiam ser aquecidas naquele inverno do túnel.
Ele olhou para trás e viu apenas escuridão. Supôs que a luz fosse de um final de tarde que ele não soube aproveitar.
Embora estivesse com as mãos quentes não tinha seu sonhado fim do túnel.
Ele se sentou com pernas cruzadas e ficou com as mãos perto da lâmpada. O frio era avassalador e o sangramento cruel.
Sentado próximo a lâmpada ficou aquecendo as mãos enquanto o resto do corpo sofria com o frio. Além disso lamentava não ter ido para o outro lado, enquanto congelava lentamente.
Após algumas horas sentado o frio o dominou: caiu de costas no sono profundo... O mais profundo dos sonos: aquele que não é possível mais acordar.
Seu cadáver ficou lá, para a próxima pessoa que fizer a escolha errada perceba que terá o mesmo fim.