Filho do Bigode Filho

Ernesto, o bigodudo, estava animado. Nasceria seu primeiro e posteriormente único filho.

Ernesto Bigode Filho pensou em batizá-lo de Ernesto Bigode Neto, embora a sua esposa e mãe do bebê preferisse Eduardo.

Brigaram, bateram boca e teve até ameaças das mais variadas, mas no fim o pai aceitou nomear o primogênito de Eduardo.

Nasceu então Eduardo: Eduardo Lopes Bigode. Ele passou por uma infância normal, mas sempre com o pai dizendo:

— Meu filho, um dia você vai ter um bigode igual ao meu! Vai passar os genes para seus filhos e seus filhos para os filhos deles.

Eduardo nunca entendeu o fascínio do pai por bigodes. Para ele era somente uma característica física trivial e também um sobrenome estranho.

Foram passando os anos, até chegar à puberdade. Entretanto, por mais incrível que pareça não nasceu pelo algum no seu rosto.

— Quando ficar adulto terá seu bigode de respeito – disse Ernesto esperançoso.

Passando mais alguns anos com Eduardo passando pela adolescência percebia que não crescia bigode, apenas a barbicha no queixo.

— Por que cresce só sua barbicha? – perguntou Ernesto furioso – lembre-se que seu nome é Eduardo Bigode e não Eduardo qualquer outra coisa.

Para Eduardo isso não fazia sentido. Não era proposital, mas seu pai via como se ele não quisesse de forma alguma.

A adolescência chegou ao fim, e nada de bigode. Ernesto já não conversava mais com o filho, sob hipótese alguma.

Otacílio de Almeida
Enviado por Otacílio de Almeida em 17/09/2023
Reeditado em 20/09/2023
Código do texto: T7888096
Classificação de conteúdo: seguro