A NOIVA DA SERRA DO PANELÃO (Compilação livre de conto popular)
Tio Arcido em sua juventude foi motorista de caminhão, no tempo em que a Serra do Panelão ainda não era asfaltada, sendo a precária estrada uma sucessão infinita de curvas fechadas, de subidas íngremes e de buracos sem fundo. A par da beleza natural daquela região, que dá acesso a Urubici, há muitas histórias registradas sobre fatos espantosos, que aconteciam ali por perto do Morro Bicudo.
Conta Tio Arcido que os motoristas que passavam sozinhos à noite pela Serra do Panelão eram sempre abordados por uma mulher vestida de noiva que estendia a mão, pedindo carona. Os desavisados paravam o veículo para a moça entrar. Os que já sabiam de sua existência aceleravam serra acima, ou serra abaixo, com os cabelos arrepiados.
De qualquer maneira, porém, com o veículo parado ou em movimento, a Noiva do Panelão aparecia sentada, ao lado do motorista. Quando se assentava no banco de trás, ficava invisível pelo espelho retrovisor. Sentava-se ali, em silêncio, não se importando com o que fosse feito ou dito.
Já no pé da serra, quando o motorista olhasse para o lado, não mais a via. Havia sumido. No banco onde ela se assentara ficava um véu de noiva, branco e perfumado, servindo de prova de que ela ali estivera. A bela noiva e seu perfumado véu desaparecem por encanto.
A Noiva do Panelão não faz mal a ninguém, desde que não a molestem, caso contrário transforma a vida do motorista num verdadeiro inferno, levando-o, quase sempre, à morte, numa das traiçoeiras curvas da serra.
Hoje, quem visita Urubici, e vem pela Serra do Panelão, principalmente à noite, deve estar preparado para a visita da noiva.