Ida e Volta ao Outro Lado
Bom, eu sempre vou para a academia andando, pra aquecer meu corpo. Porém, minha casa é um pouco distante. Na ida, tudo ok, cheguei e fiz meu treino normalmente. O problema esteve quando era hora de voltar, senti como se eu estivesse sendo vigiado, mas continuei a caminhar pra casa.
Olho para o céu estrelado e, por um descuido, tropeço e quase caio. Alguém me segura, evitando minha queda. Logo acho estranho, pois não havia absolutamente ninguém ali além de mim.
- Ui, desculpa, sou meio desastrado. – rio sem graça, ainda pensando como aquele homem apareceu ali.
- Ah, não tem problema, eu quem cheguei sem avisar, eu quem peço desculpas.
Reparo naqueles olhos azuis daquele homem. Sua pele era pálida, mas com um ar tão natural e tão linda, lisa como porcelana e lindos cabelos loiros, que vinham até os ombros.
Ele se apresentou como Gabriel, não dei tanta confiança no início, mas aí nós conversamos bastante e ele me acompanhou na caminhada até minha casa. Parecia que a gente já se conhecia a muito tempo. Ele me falava que ele era de um lugar onde tudo era bonito e que tem certeza que um dia eu vou conhecer, porque ele vai me levar até lá.
De primeira eu ri e ele também. Logo vi uma ambulância passar muito rápido, ela ia pra direção de onde eu e Gabriel estávamos vindo. Avistei um monte de pessoas ao redor de algo. Chamei Gabriel e fomos correndo olhar o que era. Logo que cheguei, perguntei a um rapaz o que tinha acontecido, porém ele me ignorou completamente.
Perguntei a uma moça e ela fez o mesmo, fingiu que eu não estava lá.
- O que tá acontecendo? – me questionei.
Olho para a pessoa que os socorristas estão atendendo e entro em estado de choque quando vejo a pessoa que está no chão. Gabriel se aproxima de mim e coloca a mão em meu ombro e eu consigo entender tudo, o porquê de ele ter aparecido do nada, o porquê de eu sentir como se já o conhecesse a anos, o porquê de ele falar com tanta certeza sobre um local onde tudo é bom. A pessoa que estava ao chão, já sem vida, era eu mesmo.
Gabriel se revela pra mim como um anjo e assim mostra-me suas asas, brancas como a neve. Eu ainda em estado de choque, ele pega minha mão e é como se todo aquele desespero saísse de mim instantaneamente.
- Vamos?! Na verdade, minha real missão aqui foi vir te buscar. Esse lugar não te merece. – assim ele me diz e me leva a um lugar onde havia uma porta.
Pelas frechas da porta, tinha uma luz muito forte. Quando Gabriel abriu essa porta, eu não aguentei a forte luz e fechei meus olhos. Logo acordo em minha casa e vejo que o dia já raiou e que as cortinas do meu quarto estavam abertas, deixando o local muito bem iluminado. Não sei, esse sonho foi tão real. Levanto, olho pela janela do meu quarto e lá embaixo, na calçada do edifício a frente, vejo Gabriel acenando pra mim dando um sorriso pra mim e logo após indo embora.
Em um piscar de olhos, todo o cenário muda. A luz não era da janela do meu quarto, aliás nem no meu quarto eu estava. Eu estava em uma maca de hospital, com uma enorme luz acima de mim e muitos enfermeiros a minha volta. Eles reparam que eu acordei e chamam um médico.
- Calma, vai ficar tudo bem, você já está no hospital e está sendo cuidado. – a enfermeira me diz.
Pergunto o que aconteceu e ela me diz que um rapaz bêbado em um carro bateu em mim e que é um milagre eu estar vivo, meu corpo estava dormente e eu não sentia nada. Eles me dão um sedativo e acabo dormindo.